Virada e desafogo

Uma noite que se prenunciava tenebrosa acabou sendo perfeita. O Internacional iniciou o jogo pressionado e nervoso, enfrentando um dos melhores times do Campeonato Brasileiro. Estádio vazio, chuva se avizinhando. Veio um pênalti inexistente marcado contra o time logo no começo, em erro de posicionamento da defesa, convertido por Alex Mineiro. Tudo de ruim poderia ser imaginado naqueles minutos: mais um fracasso, queda do treinador, brigas internas aflorando, zona de rebaixamento se aproximando. Até que Alex, enfim, apareceu.

Diego Souza perdeu a chance do segundo minutos antes do camisa 10 colorado colocar na cabeça de Índio. Àquela altura, 18 minutos, um empate achado, mas que deu forças quase sobrenaturais ao time rubro para prosseguir em busca da vitória. Aos 19, Alex arriscou um canhotaço e Marcos, mal posicionado, aceitou. Golaço e falha do goleiro, ao mesmo tempo. Foram os dois lances, os dois minutos, que mudaram a história do confronto.

O Internacional transferiu todo o seu nervosismo ao Palmeiras. Jogadores como Magrão e D'Alessandro catimbavam diante de Kléber, Alex Mineiro e companhia, irritando profundamente o time paulista. O grande erro alviverde foi ter entrado no jogo de nervos, que basicamente interessava ao Inter, inferiorizado tecnicamente no momento. Deixando de jogar em vez de explorar o nervosismo colorado, como no começo, o Palmeiras simplesmente sumiu do jogo. O primeiro tempo transcorreu nervoso, com lances ríspidos. Não era uma partida normal. Luxemburgo tirou Jumar e pôs Denílson ainda no primeiro tempo, abrindo completamente o time. Os efeitos desta mudança só foram sentidos na etapa final.

Tentando jogar bola, o time paulista começou fazendo um duelo equilibrado. Bastou D'Alessandro entrar no jogo para que as coisas começassem a mudar. Comandando a criação a partir da saída de um esgotado Alex, o argentino foi o responsável por vários lances de perigo. Por momentos, virou o centro técnico que o time tanto precisa. Dele surgiu o passe para o segundo golo de Índio, o do 3 a 1, que desanimou completamente o Palmeiras. Quando o domínio colorado já deixava os torcedores em festa no Beira-Rio, Taison ainda fez o quarto.

Algumas certezas Tite pôde tirar deste jogo. A primeira: Alex têm de ser titular. Foi hoje um misto de articulador e segundo atacante, alternando o esquema entre 3-5-2 e 3-6-1, esta última a formação que perdurou na maior parte da partida. Outra: mesmo que estivesse em má fase, Magrão é importante. Sem ele, o Inter foi bem pior nas últimas rodadas. Com mais jogadores em condição física adequada, o time cresceu e ainda propiciou a novos contratados, como D'Alessandro, crescerem de produção.

O Palmeiras repetiu o pior de sua campanha: continua com mau desempenho fora de casa. Perde uma chance de vencer um adversário em crise e encostar no líder. Se o Grêmio derrotar o Flamengo nesta quinta, abre 10 pontos, o que torna a diferença quase impossível de ser superada. Mas, mesmo que não vença, o tricolor seguirá tendo ampla vantagem sobre os paulistas, se estes mantiverem a pífia performance atual que têm longe do Palestra Itália.

Campeonato Brasileiro 2008 - 21ª rodada
20/agosto/2008
INTERNACIONAL 4 x PALMEIRAS 1
Local: Beira-Rio, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Jaílson Macedo de Freitas (BA)
Público: 14.470
Renda: R$ 160.158,00
Golos: Alex Mineiro (pênalti) 4, Índio 18 e Alex 19 do 1º; Índio 16 e Taison 39 do 2º
Cartão amarelo: Clemer, Bolívar, Marcão, Jumar, Kléber, Evandro e Martinez
INTERNACIONAL: Clemer (6), Índio (7), Bolívar (5) e Marcão (5,5); Rosinei (5), Guiñazu (6,5), Magrão (6,5) (Maycon, 28 do 2º - 5,5), D'Alessandro (6,5), Alex (7) (Taison, 10 do 2º - 6) e Gustavo Nery (5); Nilmar (5,5) (Adriano, 37 do 2º - 5,5). Treinador: Tite (6,5)
PALMEIRAS: Marcos (6), Sandro Silva (5,5), Jeci (5), Gladstone (5,5) e Leandro (5); Jumar (5) (Denílson, 38 do 1º - 4,5), Martinez (5), Evandro (4,5) e Diego Souza (4,5) (Thiago Cunha, 26 do 2º - 5); Kléber (4) (Maicosuel, 14 do 2º - 4,5) e Alex Mineiro (5,5). Treinador: Vanderlei Luxemburgo (3,5)

Foto: Itamar Aguiar/Vipcomm