Os 25 anos daquela noite fria

De León ergue a primeira taça continental do Grêmio

Há 25 anos, a América do Sul conhecia mais um clube que entrava para a galeria de seus grandes campeões. Era o terceiro time do Brasil que levantava o maior troféu do continente, logo após o Santos de Pelé e o Flamengo de Zico. Mas que espécie de clube brasileiro era esse? Um time capaz de aliar jogadores de alta técnica, como Tita, Osvaldo e Tarciso, mas também dois zagueiros viris como Baidek e De Léon, um limpa-trilhos chamado China e um jogador que aliava tudo isso junto, Renato.

A trajetória começou tímida, e o empate com o Flamengo no Olímpico não era bom resultado. Mas aí vieram duas vitórias na Bolívia, com a altitude, a preleção relâmpago de Espinosa e o tirambaço de China em La Paz. Os bolivianos sofreram de novo aqui, e o Flamengo, já eliminado, foi batido com facilidade no Maracanã.

Depois veio a fase mais terrível, o triangular, com América de Cali e Estudiantes. Primeiro os argentinos no Olímpico. Osvaldo fez um golaço logo de cara, os hermanos empataram. Espinosa tirou Renato e pôs Tarciso, foi chamado de burro, mas foi o próprio Tarciso que marcou o golo da vitória, aos 41. A derrota na Colômbia foi a única da campanha, mas o 2 a 1 do Olímpico, com defesa de pênalti de Mazaropi aos 40 do segundo tempo, deixava os gaúchos na liderança. Depois veio La Plata, todas as suas absurdas nuances, e a secação que deu certo em Cali contra os argentinos.

Nas finais, um empate em Montevidéu contra o campeão do mundo Peñarol e os dramáticos 2 a 1 do Olímpico, quando César fez aquele peixinho impensável no cruzamento impossível de Renato. E a imagem de De Léon sangrando a testa com a taça, imortalizando o único vermelho permitido da história do clube.

Hoje, tudo isso faz 25 anos. Parabéns à torcida tricolor pelo Jubileu de Prata da conquista que tornou conhecida em toda a América do Sul o caráter heróico, destemido e glorioso deste clube. E que bom que o time ocupe desta vez um lugar bem mais bem honroso na tabela do Brasileiro que no dia do centenário do clube, em 2003.

Mais Libertadores 1983
Quem quiser mais informações sobre esta conquista do Grêmio, recomendo o Libertadores 1983, mais um trabalho histórico muito bem feito e cuidadoso do amigo André Kruse, e o próprio portal do clube, que publicou uma série histórica ao longo do primeiro semestre deste ano sobre a campanha.

Foto: Libertadores 1983