O Inter vem aí

O São Paulo sentiu mais a ausência de Hernanes que o Internacional em relação a Magrão. Mas isso não significa que os paulistas tenham um pior elenco. A importância de ambos nos esquemas é relavante, mas a questão é que Tite soube recompor seu time muito melhor que Muricy. Deu um banho tático, saiu com a vitória, mais uma no Beira-Rio, a quinta.

Em vez de colocar Maycon, como vinha se anunciando, preferiu Andrezinho, o que não retraiu o time em demasia. Ao São Paulo, por outro lado, faltou um jogador de qualidade à frente da zaga, que deixou Alex servir Nilmar a toda hora. Os zagueiros ficaram expostos e, especialmente Juninho, falhava muito. Nilmar já deu a entender que não perdoaria no primeiro lance em que ficou livre, quando cabeceou para grande defesa de Rogério Ceni.

Com algumas improvisações, como Joílson de segundo volante e Richarlyson na lateral, o São Paulo foi pouco criativo e objetivo. Tocava a bola centenas de vezes sem sair do lugar. O Internacional, pelo contrário: se defendia muito bem com Índio e Danny Morais e tinha saída rápida, que passava por Guiñazu, Andrezinho e Alex, até chegar em Taison e Nilmar. Foi muito mais time que o tricolor paulista.

O São Paulo reclama de um golo anulado de Dagoberto, que não estava impedido, mas o bandeira marcou posição adiantada passiva de outros dois jogadores. O lance é passível de discussão, poderia mudar o curso das ações, mas não diria a verdade do jogo, que era de um Inter mais perigoso e melhor no jogo. Mesmo assim, marcou em lance fortuito, furada de Juninho (desde os tempos de Botafogo é melhor no ataque na defesa), e golo altamente oportunista de Nilmar.

Muricy Ramalho certamente passou um xingão no intervalo devido à postura apática de seu time no primeiro tempo, jogando-o para cima do Internacional no segundo. Foi quase um acordo de cavalheiros entre o técnico paulista e Tite: o São Paulo, sem qualquer criatividade, jogou o Inter para trás, mas só na base do chuveirnho; o colorado explorava os contra-ataques e era mais perigoso. Quando lançou mão de Aloísio para explorar ainda mais este tipo de jogada, veio o contra-ataque eficientíssimo do segundo golo, que resumiu bem a penúltima frase do terceiro parágrafo deste texto. Golaço coletivo, para sacramentar a vitória, e mais um erro da zaga são-paulina, que olhou a bola e deixou o goleador colorado livre.

Este 2 a 0 serve como uma confirmação definitiva de que o Internacional chega na ponta de cima para ficar. Deve perder alguns titulares importantes, mas agregará novos ainda melhores. Mesmo que talvez alguns necessitem um tempo de adaptação, mesmo que o time possa perder um tanto de seu entrosamento, o grupo embala. E entrar num time embalado é muito fácil para qualquer adaptação. Já são 7 jogos sem derrotas, 15 pontos ganhos dos últimos 21 disputados. Sábado, contra o Ipatinga, vem a grande chance de uma primeira vitória fora de casa. E a grande atuação, aquela serviria para consolidar este momento positivo, veio hoje, em alto estilo.

Em tempo:
- Mais uma vez o Beira-Rio virou o Morumbi. Pelo menos para a equipe de áudio da Rede Globo.

- Público excelente para uma quarta à noite.

Campeonato Brasileiro 2008 - 14ª rodada
23/julho/2008
INTERNACIONAL 2 x SÃO PAULO 0
Local: Beira-Rio, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Héber Roberto Lopes (PR)
Público: 41.674
Renda: R$ 570.020,00
Golos: Nilmar 35 do 1º; Nilmar 17 do 2º
Cartão amarelo: Ramon, Guiñazu, Ângelo, Índio e Joílson
INTERNACIONAL: Clemer (6), Ricardo Lopes (sem nota) (Ângelo, 5 do 1º - 5), Índio (6,5), Danny Morais (6) e Ramon (5); Edinho (5,5), Guiñazu (6,5), Andrezinho (6,5) e Alex (6,5); Taison (5,5) (Walter, 33 do 2º - sem nota) e Nilmar (8). Treinador: Tite (7,5)
SÃO PAULO: Rogério Ceni (6), Jancarlos (4,5) (Jean, 28 do 2º - 5), Juninho (4), André Dias (5) e Richarlyson (5); Zé Luís (5), Joílson (4,5), Jorge Wagner (6) e Hugo (5,5) (Sérgio Motta, 35 do 2º - sem nota); Dagoberto (5) e Éder Luís (4) (Aloísio, 15 do 2º - 5). Treinador: Muricy Ramalho (4)

Foto: Jefferson Bernardes/Vipcomm