De quem, então?
Aos 44 minutos do segundo tempo, o lateral Leandro Salino subiu livre pela ponta esquerda e fez o cruzamento para a área do Internacional. Luís Fernando, ao tentar concluir, deu de canela na bola, direto pela linha de fundo. Esta jogada define bem o que era o adversário colorado de hoje à tardinha no leste mineiro. Pois o Inter conseguiu perder para este frágil rival, que além de lanterna do Campeonato Brasileiro, era também o time de pior desempenho como mandante.
No primeiro tempo, a sonolência colorada foi quase constrangedora. Com Alex sumido, defesa e ataque ficaram apartados. O camisa 10 colorado ainda saiu, lesionado, no finzinho do primeiro tempo - deve parar por 10 dias. Guiñazu, voluntarioso como sempre, e Nilmar, agudo e liso como sempre, foram os melhores de um time visivelmente pouco motivado após ter vencido o São Paulo, um grande desafio superado. O Ipatinga era quase como um jogo de Gauchão em meio a uma disputa de Libertadores. Tite não convenceu os atletas de que a partida valia os mesmos 3 pontos da quarta-feira.
O Ipatinga tentou esboçar uma pressão no início, mas parou nas suas limitações. O jogo ficou aberto nos primeiros 15 minutos, após uma reação colorada, mas ficou sonolento daí em diante. O time mineiro até tocava a bola, tentava atacar em tabelas, mas a verdade é que não chegava a lugar algum. Normalmente, a bola parava nos pés de Augusto Recife, que se desfazia dela chutando do meio da rua para longe.
A saída de Alex para a entrada de Andrezinho só pôde ter seus reflexos vistos no segundo tempo. Entrou até bem, longe de ter uma boa atuação, mas foi mais participativo. O time criou um pouco mais, esteve perto do golo, mas sempre jogando mal, a pior atuação disparada que vi da Era Tite até agora. Era uma relação curiosa: o Inter só não perdia porque era o Ipatinga que estava do outro lado, mas só jogava mal assim porque era o Ipatinga que estava do outro lado.
Quando o jogo se encaminhava para o empate sem golos, veio o castigo, materializado no arremate de Beto, aos 32 minutos do segundo tempo. O Ipatinga não jogou bem, até menos do que pode; aposto que nos 4 a 1 sobre a Portuguesa fez melhor partida que hoje. O que decepcionou foi a postura colorada. O gramado é ruim? Sim, é horrível. Mas será que justifica a omissão de Alex? Os erros de passe freqüentes de Magrão? As jogadas bisonhas de Marcão? As reposições perigosamente equivocadas de Clemer? Certamente não. O que faltou foi postura de time grande e postulante ao título, que sobra no Beira-Rio, onde o colorado tem patrolado quem ousa visitá-lo. Terá de melhorar, e rápido, os resultados fora de Porto Alegre. Uma fase tão positiva, que ainda conta com a enorme expectativa da chegada de reforços de peso, não poderia ser interrompida ou posta em xeque por uma derrota como essa, contra uma equipe muito fraca e que certamente estará entre as rebaixadas ao final do Brasileiro. Estes 3 pontos jogados no lixo hoje podem fazer muita falta lá em dezembro.
Campeonato Brasileiro 2008 - 15ª rodada
26/julho/2008
IPATINGA 1 x INTERNACIONAL 0
Local: Ipatingão, Ipatinga (MG)
Árbitro: Sérgio da Silva Carvalho (DF)
Público: 3.139
Renda: R$ 32.310,00
Golo: Beto 32 do 2º
Cartão amarelo: Leandro Salino e Taison
IPATINGA: Fred (6,5), Leandro Salino (5,5), Tiago Vieira (5,5), Léo Oliveira (5) e Beto (6) (Sandro, 48 do 2º - sem nota); Augusto Recife (4,5), Xaves (5,5), Léo Silva (5,5) (Luís Fernando, 26 do 2º - 5,5) e Rodriguinho (5,5); Adeílson (5) e Marinho (5) (Henrique, 41 do 2º - sem nota). Treinador: Ricardo Drubscky (5,5)
INTERNACIONAL: Clemer (4,5), Ângelo (4,5), Orozco (5), Danny Morais (5) e Marcão (4); Edinho (5) (Maycon, 18 do 2º - 5), Guiñazu (5,5), Magrão (4) (Guto, 34 do 2º - sem nota) e Alex (4,5) (Andrezinho, 41 do 2º - 5); Taison (4,5) e Nilmar (6). Treinador: Tite (4)
Foto: Sérgio Roberto/Futura Press
Comentários
Isso aí é demais!
E voltam as entrevistas produtoras de pérolas do Piffero...
Agora nós vimos quem calçou o salto alto. Abraço, Levin.
E a substituição do Tite merece uma medalha de latão pela honra ao mérito tricolor. O time já estava mal, e o homem simplesmente ANIQUILOU qualquer chance de reação ao tirar o jogador mais efetivo do time e trocá-lo por um completo nó-cego. No mais, esse filme de vencer-em-casa-e-se-dar-mal-fora eu já vi, e lembro bem de como termina...