Tricolor de coração

Mais uma façanha para a lista do centroavante Washington depois de seus problemas cardíacos. Este jogador, tão citado como exemplo de dedicação, marcou dois golos que classificaram o Fluminense às semifinais da Copa Libertadores, nos dramáticos 3 a 1 diante do São Paulo. E foi assim mesmo, com o coração, como diz o hino do clube, que os jogadores do tricolor carioca superaram algumas trapalhadas de seu próprio treinador e derrotaram os paulistas, chegando à tão sonhada classificação.

O começo do jogo sugeria uma goleada, que obviamente não viria. O Fluminense amassava o São Paulo pelo lado esquerdo de seu ataque, com uma atuação explêndida de Júnior César. Foi por ali que surgiu o primeiro golo, do oportunista Washington aproveitando rebote da zaga, logo aos 12 minutos. O São Paulo aos poucos foi desafogando, mas o Flu seguia superior. Conca acertou o travessão aos 37, quase encobrindo Rogério Ceni. O time funcionava muito bem, desde a defesa (Thiago Silva anulou Adriano) até o ataque (Washington e Cícero eram perigo constante). Thiago Neves, de quem se espera tanto, não jogou absolutamente nada. Tentava sempre driblar em vez de facilitar, errou tudo e armou vários contra-ataques para o time de Muricy Ramalho.

O treinador são-paulino pôs Joílson no lugar de Jancarlos no intervalo. O São Paulo melhorou, mas não por causa disso. Renato Portaluppi tirou o volante Arouca e pôs Dodô, na ânsia de matar o jogo. Enfraqueceu o meio, ponto forte do time no ótimo primeiro tempo, e entregou-o de bandeja para Muricy. Os paulistas só não dominavam ainda mais as ações porque seu treinador insistia no inoperante Hugo, quando Jorge Wagner poderia dar contribuição claramente superior. Entrou Aloísio, e ele deu o passe para Adriano empatar, aos 25. Renato pagava caro por seu ofensivismo exacerbado.

Mas nem deu tempo para lamúrias. Quando Hugo ainda mandava a torcida calar a boca, Dodô fazia o 2 a 1, que era insuficiente, mas dava esperança. O Fluminense automaticamente fez o abafa no São Paulo. A expulsão imbecil de Joílson foi a senha para que o jogo fosse de ataque contra defesa. Muita pressão carioca, com Rogério Ceni brilhando. Aos 46, Washington completou escanteio e classificou o Flu, com o heroísmo que uma Libertadores exige.

O Fluminense ganha muita força com esta vitória. Ainda que o Boca Juniors seja o time mais preparado, o tricolor carioca dá uma grande demonstração de força eliminando um dos maiores favoritos à conquista da América. O Maracanã hoje viveu um clima de Libertadores, com a torcida empolgada empurrando o time mesmo no momento difícil, quando o São Paulo empatou. Renato teve mais sorte que juizo. Já Muricy, mais uma vez, fracassa no mata-mata, como já tem sido hábito.

Copa Libertadores da América 2008 - Quartas-de-final - Jogo de volta
21/maio/2008
FLUMINENSE 3 x SÃO PAULO 1
Local: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Carlos Amarilla (PAR)
Público: 72.910
Renda: R$ 1.575.306,00
Golos: Washington 12 do 1º; Adriano 25, Dodô 26 e Washington 46 do 2º
Cartão amarelo: Luiz Alberto, Dagoberto e Joílson
Expulsão: Joílson 38 do 2º
FLUMINENSE: Fernando Henrique (7), Gabriel (5,5) (Alan, 43 do 2º - sem nota), Thiago Silva (7), Luiz Alberto (6) e Júnior César (7,5); Ygor (6) (Maurício, 36 do 2º - 5,5), Arouca (5,5) (Dodô, 9 do 2º - 6), Conca (6,5), Cícero (6) e Thiago Neves (4); Washington (8). Treinador: Renato Portaluppi (4,5)
SÃO PAULO: Rogério Ceni (7,5), Jancarlos (4,5) (Joílson, intervalo - 4), Alex Silva (5), Miranda (4,5) e Richarlyson (4,5); Fábio Santos (5,5), Zé Luís (5), Hernanes (6) e Hugo (4,5) (Jorge Wagner, 31 do 2º - 5); Dagoberto (4,5) (Aloísio, 12 do 2º - 5,5) e Adriano (5,5). Treinador: Muricy Ramalho (4,5)

Foto: Daniel Zappe/Fotocom.net/Divulgação

Comentários

Lique disse…
como é bom torcer contra o são paulo e suceder!

renato poser, sentado no gramado. grande cara.
Anônimo disse…
Perfeita a avaliação do jogo, Vicente. Pelo que pude ver (estava tomando umas cervejas enquanto aguardava pela vez de jogar sinuca), o Renato fez mesmo uma cagada monumental ao colocar Dodô no jogo e desmontar o meio-de-campo. No mais, fiquei feliz porque venceu o time que mais quis ganhar - e Muricy, uma vez mais, insistindo nos mesmos erros bobos e perdendo jogos com um time que a maioria dos clubes do mundo só pode invejar...
Anônimo disse…
Será que o buricy vai colocar a culpa no calendário?