A gurizada arrasadora de Minas

Nesta minúscula amostragem de 3 das 38 rodadas que comporão o Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro destaca-se como a melhor das 20 equipes da competição. Hoje, confirmou suas melhores qualidades e passou por cima de um Santos ainda abatido pela eliminação da Libertadores quinta passada.

Este verdadeiro mal que acomete os clubes que caem fora dos mata-matas, tão comum neste mês onde o Brasileiro é concomitante a estas competições de tiro-curto, nem parecia que esta enfermidade estava acometendo os santistas. O jogo era elétrico, lá e cá. O Cruzeiro tinha no veloz Jajá sua principal arma pela direita, enquanto o Santos chegava bem com Molina e Kléber Pereira. Kléber era muito bem marcado, e apareceu pouco a partida inteira. E disso se ressentiu o Santos.

Principalmente depois do golo de Guilherme, talvez melhor atacante em atividade no Brasil do momento. O Peixe veio para cima, mas precisava daquele toque a mais de qualidade que seu lateral/meia sabe oferecer. O Cruzeiro expôs hoje a grande fragilidade do Santos: a dependência dos dois Kléberes. Marcando de cima apenas um dele, anulou boa parte da força do ataque santista. Mas o alvinegro ameaçava Fábio mesmo assim. Na melhor chance, Molina tocou por cima de Fábio livre, mas a bola não entrou. Os mineiros perderam duas com Wagner e Jajá e Guilherme eram cada vez mais perigosas. Um jogaço, em suma.

O intervalo mudou tudo. Leão tirou Molina, até onde sei não por lesão, e pôs Wesley, matando seu abastecimento de ataque. O Cruzeiro é que mexeu bem: Adílson tirou seu quase xará Jadílson para colocar Jonathan, puxando Marquinhos Paraná da direita para a esquerda. Ficou então com dois laterais que não sobem, apostando na velocidade dos atacantes para contra-golpear e anulando Molina, que fora o centro criador santista da etapa inicial. O Santos não encontrava espaços e, amordaçado, oferecia o contra-ataque ao Cruzeiro a todo instante. Mas foi valorizando a posse de bola que o time de Minas fez o segundo. Numa troca de passes de quase dois minutos, Guilherme recebeu em velocidade e fez outro.

Ali, bateu a depressão e a falta de confiança no Santos. O time da Vila ficou completamente perdido e ainda levou mais dois, com Wagner e Maicosuel. Uma goleada que talvez derrube Emerson Leão do comando. Para o Cruzeiro, fica a certeza de que esta vantagem inicial na tabela pode ser decisiva no futuro: seus principais concorrentes, na teoria, já ficam para trás: abre 2 pontos para o Flamengo, 6 para o Internacional e 7 para o São Paulo. Pelo que vêm jogando, os mineiros confirmam que entram muito seriamente na disputa pelo título, apesar da juventude de seu plantel e da iminente venda de Marcelo Moreno.

Campeonato Brasileiro 2008 - 3ª rodada
25/maio/2008
CRUZEIRO 4 x SANTOS 0
Local: Mineirão, Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Sérgio da Silva Carvalho (DF)
Público: não divulgado
Renda: não divulgada
Golos: Guilherme 18 do 1º; Guilherme 19, Wagner 25 e Maicosuel 34 do 2°
Cartão amarelo: Charles, Marcinho Guerreiro e Betão
CRUZEIRO: Fábio (6,5), Marquinhos Paraná (6), Espinoza (5,5), Thiago Heleno (5,5) e Jadílson (5,5) (Jonathan, intervalo - 6,5); Fabrício (6,5), Charles (6), Ramires (7) e Wagner (7); Guilherme (8,5) (Bruno, 35 do 2º - sem nota) e Jajá (7,5) (Maicosuel, 19 do 2º - 6,5). Treinador: Adílson Batista (8)
SANTOS: Fábio Costa (6), Betão (4,5), Marcelo (4), Fabão (4) e Kléber (4,5); Marcinho Guerreiro (4,5), Adriano (5) (Rodrigo Tabata, 21 do 2º - 4,5), Rodrigo Souto (5) e Molina (5,5) (Wesley, intervalo - 4); Lima (4) (Trípodi, 18 do 2º - 4,5) e Kléber Pereira (5). Treinador: Emerson Leão (3)