El Thiagazo
O primeiro apontamento que se deve colocar é de uma grande partida de futebol. Um primeiro tempo estonteante e de domínio revezado, e uma briga de gato e rato no segundo. E a vantagem carioca: o 2 a 2 acaba sendo um bom resultado para a volta do Maracanã, e um ótimo resultado do Fluminense tendo em vista as circunstâncias do jogo, especialmente as do segundo tempo - criadas não pelo Flu, mas pela pressão quase irresistível do Boca Juniors.
Portaluppi, contrariando as manchetes vespertinas de ontem, escalou um 4-5-1 com Maurício e Arouca na contenção e três homens (Conca, Cícero e Thiago Neves) para abastecer Washington. E ainda contava com as subidas dos laterais, notadamente Júnior César, para atacar os argentinos. A marcação era sólida, e a zaga impecável. Riquelme teria os cuidados de Arouca, e foi por aí que o Flu pecou; não se trata de um volante daqueles cabeças de área, carrapato; sai bastante para o jogo, aí está sua virtude. Preso em Román, não conseguiu dar sua contribuição ofensiva habitual e muito menos teve condições de anulá-lo.
O primeiro golo foi justamente num desprendimento do camisa 10 argentino. Palermo recebeu de costas, mas parece ter um olho na nuca: quase a 180º do lance, colocou Palacio livre na esquerda; o atacante cruzou e o próprio Riquelme fez, numa jogada que combinou técnica e oportunismo. Um golo genial, que ninguém conseguiria impedir. E era cedo: apenas 11 minutos e o Cilindro já pulsava.
Então era chegada a hora de ver se o Fluminense tinha mesmo se preparado para as dificuldades da Libertadores. Parece que sim: os cariocas deram resposta rápida, saindo para o jogo com seu toque de bola tradicional. Nada de exaltações. Numa jogada aérea, os Thiagos empataram: Neves cobrou falta na cabeça de Silva, que deslocou Migliore. Três minutos depois o empate, e com a vantagem do golo fora.
O que se desenrolou daí foi um equilíbrio. Dos 20 aos 30, o Flu ganhava rebotes ofensivos e por vezes até encaixotava os argentinos em seu próprio campo. Mas, aos poucos, a pressão foi arrefecendo e quem passou a controlar o jogo foi o Boca Juniors. Riquelme, nas poucas vezes que se desprendia de Arouca, encontrava espaços improváveis a seus companheiros em passes açucarados.
Para a etapa final, o Boca voltou disposto a matar o jogo de cara e levar a vantagem para o Rio de Janeiro. Uma pressão descomunal veio nos primeiros 20 minutos. Fernando Henrique fazia algumas grandes defesas. A esta altura, Riquelme já ganhava todas de Arouca, que não se antecipava. Chávez e Dátolo seguiam sendo um perigo vindo de trás e impedindo as subidas dos laterais: o Flu estava perdendo sua válvula de escape. Palermo ainda fazia o pivô e Palacio as pontas, a direita e a esquerda, confundindo a marcação nesta alternância. Renato tardou a mexer para tentar modificar o panorama que levaria certamente ao segundo golo. Justamente quando entrou Romeu, Riquelme bateu falta que desviou na barreira e levou para o 2 a 1.
O Boca Juniors continuou em cima, agora já com Nery Cardozo no lugar de Chávez. Apesar da boa atuação do meia, era preciso maior poder de conclusão. Ischia apostava numa vitória por maior margem, para poder administrar mais tranqüilamente no Maracanã. O Flu, com isso, ganhava ao menos as laterais de volta. Com Gabriel preso com Palacio, era Júnior César quem saía em velocidade. Numa dessas escapadas, Washington arrematou na área para defesa espalmada de Migliore.
Então, a sorte que sorri para os bons bateu à porta do Fluminense. Thiago Neves fez o que ainda não fizera, arriscando de fora: Migliore levou um frangaço, espalmando para dentro do golo. O Cilindro calou, não querendo acreditar naquele doloroso empate para quem dominava completamente o segundo tempo. Mas logo voltou a cantarolar como de hábito.
O Boca partiu então em busca do terceiro, mas aí Fernando Henrique e sua zaga impediram a derrota. O Fluminense traz um bom resultado de Avellaneda, mas não confortável o suficiente para ser administrado. Deve jogar por vitória no Rio. Não é exatamente obrigado a ganhar, mas não pode ceder campo para o Boca Juniors, time de toque envolvente na frente. A segunda parte da tarefa de chegar à final passando pelo mais temido esquadrão do continente foi cumprida, e bem, ontem. A segunda, tão trabalhosa quanto esta, está marcada para próxima semana, no outrora maior estádio do mundo.
Em tempo:
- Grande atuação da zaga do Flu. Thiago Neves, por sua vez, foi bem em apenas dois momentos: os golos dos cariocas.
- Paletta parece fazer de tudo para se assemelhar a Rolando Schiavi: zagueiro comprido, de cabelos longos, camisa 2, bom por cima e corcunda.
Copa Libertadores da América 2008 - Semifinais - Jogo de ida
28/maio/2008
BOCA JUNIORS 2 x FLUMINENSE 2
Local: Cilindro, Avellaneda (ARG)
Árbitro: Roberto Silvera (URU)
Público: não divulgado
Golos: Riquelme 11 e Thiago Silva 14 do 1º; Riquelme 19 e Thiago Neves 31 do 2º
Cartão amarelo: Chávez, Riquelme, Cáceres, Júnior César, Romeu e Fernando Henrique
BOCA JUNIORS: Migliore (4), Maidana (5) (Ibarra, 15 do 2º - 5), Cáceres (5,5), Paletta (6) e Morel Rodríguez (5,5); Battaglia (5,5) (Vargas, 30 do 2º - 4,5), Chávez (6) (Cardozo, 22 do 2º - 5), Dátolo (6) e Riquelme (8); Palacio (6,5) e Palermo (6). Treinador: Carlos Ischia (6)
FLUMINENSE: Fernando Henrique (7,5), Gabriel (5,5), Thiago Silva (7,5), Luiz Alberto (6,5) e Júnior César (7); Arouca (4,5), Maurício (4,5) (Romeu, 18 do 2º - 5,5), Conca (6), Cícero (5,5) e Thiago Neves (6,5) (Roger, 42 do 2º - sem nota); Washington (5) (Dodô, 32 do 2º - 4,5). Treinador: Renato Portaluppi (6)
Portaluppi, contrariando as manchetes vespertinas de ontem, escalou um 4-5-1 com Maurício e Arouca na contenção e três homens (Conca, Cícero e Thiago Neves) para abastecer Washington. E ainda contava com as subidas dos laterais, notadamente Júnior César, para atacar os argentinos. A marcação era sólida, e a zaga impecável. Riquelme teria os cuidados de Arouca, e foi por aí que o Flu pecou; não se trata de um volante daqueles cabeças de área, carrapato; sai bastante para o jogo, aí está sua virtude. Preso em Román, não conseguiu dar sua contribuição ofensiva habitual e muito menos teve condições de anulá-lo.
O primeiro golo foi justamente num desprendimento do camisa 10 argentino. Palermo recebeu de costas, mas parece ter um olho na nuca: quase a 180º do lance, colocou Palacio livre na esquerda; o atacante cruzou e o próprio Riquelme fez, numa jogada que combinou técnica e oportunismo. Um golo genial, que ninguém conseguiria impedir. E era cedo: apenas 11 minutos e o Cilindro já pulsava.
Então era chegada a hora de ver se o Fluminense tinha mesmo se preparado para as dificuldades da Libertadores. Parece que sim: os cariocas deram resposta rápida, saindo para o jogo com seu toque de bola tradicional. Nada de exaltações. Numa jogada aérea, os Thiagos empataram: Neves cobrou falta na cabeça de Silva, que deslocou Migliore. Três minutos depois o empate, e com a vantagem do golo fora.
O que se desenrolou daí foi um equilíbrio. Dos 20 aos 30, o Flu ganhava rebotes ofensivos e por vezes até encaixotava os argentinos em seu próprio campo. Mas, aos poucos, a pressão foi arrefecendo e quem passou a controlar o jogo foi o Boca Juniors. Riquelme, nas poucas vezes que se desprendia de Arouca, encontrava espaços improváveis a seus companheiros em passes açucarados.
Para a etapa final, o Boca voltou disposto a matar o jogo de cara e levar a vantagem para o Rio de Janeiro. Uma pressão descomunal veio nos primeiros 20 minutos. Fernando Henrique fazia algumas grandes defesas. A esta altura, Riquelme já ganhava todas de Arouca, que não se antecipava. Chávez e Dátolo seguiam sendo um perigo vindo de trás e impedindo as subidas dos laterais: o Flu estava perdendo sua válvula de escape. Palermo ainda fazia o pivô e Palacio as pontas, a direita e a esquerda, confundindo a marcação nesta alternância. Renato tardou a mexer para tentar modificar o panorama que levaria certamente ao segundo golo. Justamente quando entrou Romeu, Riquelme bateu falta que desviou na barreira e levou para o 2 a 1.
O Boca Juniors continuou em cima, agora já com Nery Cardozo no lugar de Chávez. Apesar da boa atuação do meia, era preciso maior poder de conclusão. Ischia apostava numa vitória por maior margem, para poder administrar mais tranqüilamente no Maracanã. O Flu, com isso, ganhava ao menos as laterais de volta. Com Gabriel preso com Palacio, era Júnior César quem saía em velocidade. Numa dessas escapadas, Washington arrematou na área para defesa espalmada de Migliore.
Então, a sorte que sorri para os bons bateu à porta do Fluminense. Thiago Neves fez o que ainda não fizera, arriscando de fora: Migliore levou um frangaço, espalmando para dentro do golo. O Cilindro calou, não querendo acreditar naquele doloroso empate para quem dominava completamente o segundo tempo. Mas logo voltou a cantarolar como de hábito.
O Boca partiu então em busca do terceiro, mas aí Fernando Henrique e sua zaga impediram a derrota. O Fluminense traz um bom resultado de Avellaneda, mas não confortável o suficiente para ser administrado. Deve jogar por vitória no Rio. Não é exatamente obrigado a ganhar, mas não pode ceder campo para o Boca Juniors, time de toque envolvente na frente. A segunda parte da tarefa de chegar à final passando pelo mais temido esquadrão do continente foi cumprida, e bem, ontem. A segunda, tão trabalhosa quanto esta, está marcada para próxima semana, no outrora maior estádio do mundo.
Em tempo:
- Grande atuação da zaga do Flu. Thiago Neves, por sua vez, foi bem em apenas dois momentos: os golos dos cariocas.
- Paletta parece fazer de tudo para se assemelhar a Rolando Schiavi: zagueiro comprido, de cabelos longos, camisa 2, bom por cima e corcunda.
Copa Libertadores da América 2008 - Semifinais - Jogo de ida
28/maio/2008
BOCA JUNIORS 2 x FLUMINENSE 2
Local: Cilindro, Avellaneda (ARG)
Árbitro: Roberto Silvera (URU)
Público: não divulgado
Golos: Riquelme 11 e Thiago Silva 14 do 1º; Riquelme 19 e Thiago Neves 31 do 2º
Cartão amarelo: Chávez, Riquelme, Cáceres, Júnior César, Romeu e Fernando Henrique
BOCA JUNIORS: Migliore (4), Maidana (5) (Ibarra, 15 do 2º - 5), Cáceres (5,5), Paletta (6) e Morel Rodríguez (5,5); Battaglia (5,5) (Vargas, 30 do 2º - 4,5), Chávez (6) (Cardozo, 22 do 2º - 5), Dátolo (6) e Riquelme (8); Palacio (6,5) e Palermo (6). Treinador: Carlos Ischia (6)
FLUMINENSE: Fernando Henrique (7,5), Gabriel (5,5), Thiago Silva (7,5), Luiz Alberto (6,5) e Júnior César (7); Arouca (4,5), Maurício (4,5) (Romeu, 18 do 2º - 5,5), Conca (6), Cícero (5,5) e Thiago Neves (6,5) (Roger, 42 do 2º - sem nota); Washington (5) (Dodô, 32 do 2º - 4,5). Treinador: Renato Portaluppi (6)
Foto: AFP
Comentários
Eu gostei do thiago neves, alem dos gols, ele deu ao menos mais uns dois bons chutes.
Ontem, arouca marcou Riquelme individualmente e não deu certo.
Quando Riquelme está inspirado, é difícil segurá-lo mesmo com marcação individual.
falando em zagueiros, esse Thiago Silva tem o senso de antecipação e posicionamento que o Aldair tinha, e que fez deste um dos maiores zagueiros da história do país. Os zagueiros do Brasil geralmente são ótimos no desarme e na recuperação (Lúcio, Juan, Alex) mas pecam nos dois fundamentos citados acima. Thiago Silva antecipou todas as bolas que poderiam chegar a Palermo, e as que não poderiam chegar também. É um zagueiro fantástico.
Schiavi:
- No boca os títulos falam por ele.
- No Grêmio foi bem. Teve a broca com a imprensa que prejudicou a avaliação. Mas nos jogos mais decisivos foi bem (libertadores) e no grenal que disputou foi o melhor em campo. Ele foi superado pelo Teco em ótima fase
Pode colocar o primeiro golo do Boca na conta do senhor Luiz Alberto. PELAMORDEDEUS. A bola é respingada para a ponta e se vê claramente o zagueiro PARANDO NO MEIO DO CAMINHO e Riquelme entrando livre no espaço que deveria ser ocupado pelo camisa 4 para receber cruzamento rasteiro SOLITO, pronto pra marcar.
No mais, acho que o Portaluppi teve azar, já que seu escolhido pra fechar o meio, Maurício, parecia assustado e errou muito.
Time muito interessante esse do Fluminense. O jogo no Maracanã, com o campo SETE VEZES MAIOR, deve ser ainda melhor, pois os dois times, habilidosos que são, terão bem mais espaço pra trabalhar.
(e pegar, segundo boatos, também a mulher de companheiro de clube - mas sso é o que eu OUVI DIZER...)
hasuuharuhuksdf
Isso não faz dele o pior zagueiro do mundo, mas assim como não gostamos de goleiro que entrega um frango na decisão (rogeriocenismo), me dou o direito de jamais confiar num zagueiro que escolhe uma semi-final de Libertadores pra parar de correr atrás de Riquelme DENTRO DE SUA PRÓPRIA ÁREA.