O Cruzeiro sobrevive

A derrota de 2 a 1 para o Boca Juniors fora de casa por si só já não é um mau resultado. E dadas as circunstâncias enfrentadas pelo Cruzeiro hoje, muitas delas derivadas de erros do seu próprio treinador, a derrota com golo qualificado na Bombonera é um placar a ser celebrado e aproveitado semana que vem, no Mineirão.

Adílson Batista reviveu seus piores momentos à frente do Grêmio, quando escalava o tricolor sempre de acordo com o adversário, não importando se fosse o Flamengo ou o São Gabriel. Quando o Cruzeiro já havia adquirido um estágio tático que o permitiria chegar à Bombonera para confrontar-se de igual para igual com o Boca (com os devidos cuidados defensivos, claro), Adílson mudou tudo. E mudou várias vezes durante o jogo, tentando acertar algo inacertável.

O time começou num 4-4-2 cheio de improvisações. Com Marquinhos Paraná de lateral-esquerdo e Henrique de volante à sua frente perdidos, o Boca logo descobriu o caminho do ouro. Aos 6 minutos, González cruzou e Riquelme, cheio de zagueiros atônitos que se olhavam à sua volta, marcou 1 a 0. Marquinhos voltou para a direita, e Ramires virava lateral-esquerdo. A defesa só não batia mais cabeça porque o Boca não jogava bem.

Aos poucos, os mineiros se acalmaram e foram chegando. O Boca Juniors repetia as atuações irregulares da primeira fase, mas quando chegavam levavam muito perigo. O Cruzeiro teve uma chance de empatar com Ramires, em cruzamento de Marcelo Moreno. Aos 45, Larrionda sonegou um pênalti aos brasileiros quando Battaglia deu um tapa claríssimo na bola dentro da área. A subserviência aos xeneizes não parece ter sido um ato isolado de 2007.

O Boca Juniors voltou disposto a matar o jogo no segundo tempo. Adílson resolveu tomar providências, mas errou de novo: tirou Guilherme, maior possibilidade de reter a bola no campo de frente, para botar o lateral Jonathan. Obviamente, o resultado foi o encurralamento do Cruzeiro, que levou o segundo, com Dátolo marcando em passe genial do genial Riquelme.

A pressão que se seguiria foi o momento mais difícil dos brasileiros no jogo. O Boca Juniors chegava como queria, especialmente através do trio Dátolo-Riquelme-Palermo. Estivesse o centroavante numa noite inspirada em termos de finalizações, e a goleada teria vindo. Num lance, Palermo serviu Palacio pegando a zaga em linha, mas o homem do rabicó desperdiçou. Depois, Dátolo deixou Palermo na cara de Fábio, a conclusão deu na trave, e González perdeu sem goleiro.

Então, quando a goleada parecia certa, a sorte sorriu para a Raposa. Fabrício chutou, a bola desviou na zaga e enganou Caranta. O golo deu ânimo ao Cruzeiro e desarticulou o Boca, que parou de jogar. Mesmo assim, pensando no resguardo, a equipe de Minas não atacou tanto a ponto de tentar o empate. Preferiu ficar com esta derrota maravilhosamente rala. Com as trapalhadas de seu treinador, era mesmo conveniente segurar o que dava para segurar. E a vaga fica palpável agora no Mineirão, onde o Cruzeiro precisará de um placar mínimo para eliminar os atuais campeões.

Em tempo:
- Mais atualizações amanhã, com Nacional x São Paulo e as rodadas da Libertadores e da Copa do Brasil.


Copa Libertadores da América 2008 - Oitavas-de-final - Jogo de ida
30/abril/2008
BOCA JUNIORS 2 x CRUZEIRO 1
Local: Bombonera, Buenos Aires (ARG)
Árbitro: Jorge Larrionda (URU)
Público: 35.137
Golos: Riquelme 6 do 1º; Dátolo 19 e Fabrício 32 do 2º
Cartão amarelo: Cáceres, Wagner e Jonathan
BOCA JUNIORS: Caranta (5,5), González (5,5), Maidana (5,5), Cáceres (5,5) e Monzón (6); Battaglia (5,5), Vargas (5,5) (Ledesma, 37 do 2º - sem nota), Dátolo (7) (Chávez, 37 do 2º - sem nota) e Riquelme (8); Palacio (5) e Palermo (6,5). Treinador: Carlos Ischia (5,5)
CRUZEIRO: Fábio (5,5), Charles (5), Thiago Heleno (4,5), Espinoza (4) e Marquinhos Paraná (4,5); Henrique (4), Fabrício (5,5), Ramires (6) e Wagner (4,5) (Marcinho, 31 do 2º - 5,5); Guilherme (4) (Jonathan, 16 do 2º - 4,5) e Marcelo Moreno (5,5). Treinador: Adílson Batista (2)

Foto: AP

Comentários

Anônimo disse…
A torcida do Cruzeiro tem que agradecer ao Gonzales. Primeiro, ele perdeu um gol incrivel, chutando pra fora na cara do gol, sem goleiro. Depois, meteu a cabeça na bola em um chute de fora da área e a colocou no fundo da rede do Boca. Um gol totalmente achado, quando o Boca dominava o jogo. O Cruzeiro jogou com medo e só não tomou uma goleada devido a limitações do próprio Boca. Ainda assim, perder de 2 x 1 na Bombonera é quase uma vitória. Se eliminar o Boca no Mineirão, vira favorito ao título. Do contrário, o Boca será campeão da América pela 7 vez, por falta de concorrentes qualificados.
Anônimo disse…
Não sei porquê, tchê, mas houve um cutuque geral de que o Cruzeiro seria o único brasileiro capaz de bater o Boca em um confronto de mata-mata nessa Liber. E parece que vai se concretizar. O Boca é especialista em segurar resultado, mas o time do Boca esse ano é fraco, e se o Cruzeiro tiver paciência bate faz um a zero fácil, até por que no Mineirão o campo é bem maior e o time do Cruzeiro é bem veloz.
Anônimo disse…
Zaga do América-MEX é uma baba.
Unknown disse…
cacete.
22h25, tá dando tudo errado.

sport 2x1 palmeiras.
corinthians 2x0 goiás.

pelo menos o flu tah ganhando.

(acabou)
san lorenzo 2x1 river
chelsea 3x2 liverpool.

acho que vou largar o futebol...
Anônimo disse…
Flamengo 4 x 2?? Que eles não vençam a Liber... Não vai dar pra aguentar a Globo.
Vicente Fonseca disse…
Flamengo não ganhará a Libertadores. Time que prioriza o Campeonato Carioca não chega lá.
Anônimo disse…
É incrível como a arbitragem manipula o jogo em partidas na Bombonera.
-2004: final da Sul-americana, o goleiro do Boca defendeu propositalmente um chute fora da área. Expulsão certa. Oscar Juiz apenas deu amarelo. Resultado: Boca campeão da Sul-americana de 2004.
-2007: Semi-final da Libertadores. Boca precisava de uma vitória por dois gols de diferença contra o Cúcuta para avançar à final. Jogo na Bombonera. Primeiro lance do jogo e o atacante do Cúcuta é derrubado na área. Pênalti. O árbitro nada marcou. Resultado: Boca finalista da Libertadores.

Ontem foi a terceira manipulação. Acho que com todos esses argumentos nós podemos contestar a grandeza do Boca como clube multicampeão...
Vicente Fonseca disse…
Não te esquece daquele golo impedido do Palacio na final da Libertadores do ano passado. Esta foi a quarta manipulação, não a terceira.
Anônimo disse…
E não expulsou o lateral direito que agrediu o Carlos Eduardo com uma tesoura. E não marcou um impedimento igual ao do primeiro gol, que por pouco não resultou em outro gol.
Anônimo disse…
Palermo fez um gol muito mais impedido contra o Inter na Sula em 2004.