No detalhe, uma leve esverdeada

Tudo se encaminhava para uma igualdade quase que absoluta. Juventude e Internacional fizeram um primeiro tempo absolutamente igual, com alternância de domínio. No segundo, o equilíbrio imperava até a saída de Nilmar, quando o time de Caxias passou a dominar o jogo e criar chances de golo. Mas o Inter fazia por merecer o empate, pois se defendia muito bem. O 0 a 0 daria ao colorado o mando da finalíssima, mas os alviverdes poderiam jogar por qualquer outro empate. Tudo mudou na última jogada, quando o improvável aconteceu: num erro de Fernandão, o golo do Juventude. Final de partida, toda a igualdade se esvaiu.

Foi uma final final. Não é redundância: foi um típico jogo decisivo. O jogo começou com domínio do Internacional, naquela que foi sua única jogada de ataque efetiva: enfiadas para Nilmar na velocidade, pegando a zaga do Juventude em linha. Enquanto Zetti não conseguiu marcar Andrezinho e Fernandão, o time sofreu. Este momento durou cerca de 15 minutos. Após a saída de Renan (Magrão, como sempre, deu um cotovelaço sem intenção), o Juventude paradoxalmente cresceu. Dominou o meio, controlou as saídas coloradas, mas faltaram chances de golo mais claras. Faltava Mendes que, bem marcado e pouco abastecido, ficou sumido.

O Internacional reequilibrou antes do fim do primeiro tempo. Destacou-se a participação de Danny Morais, que cobriu as seguidas falhas de Ji-Paraná e ainda apareceu no ataque com perigo. Numa delas, Michel Alves mostrou toda sua exuberância e reflexo. E a perspectiva não mudou para o segundo: o Juventude tinha a iniciativa pelas pontas com Hélder e Élvis, mas Nilmar ainda era uma dor de cabeça que preocupava bastante. Por cerca de dez minutos, o Inter chegou a controlar as ações.

A saída de seu principal atacante aos 18 munutos do segundo tempo matou o ataque do Internacional. Pensei tratar-se de um problema físico, mas o descontentamento dele torna a substituição de Abel injustificável. O Juventude começou a dominar as ações e encaixotar o Inter, que não via mais saída. Iarley era bem controlado; Tite entrou para a saída de Ji-Paraná, mas nem assim os alviverdes deixaram de ter chances. Porém, a defesa colorada (Marcão, Índio e Orozco) fazia boa partida e segurava o resultado. Era uma garantia. A entrada de Maicon, algoz colorado nos dois confrontos de 2008, serviria para fazer Mendes entrar finalmente no jogo e dar mais velocidade e oxigenação ao ataque. Última cartada de Zetti para penetrar na defesa rubra.

Mas foi num erro de Fernandão, que bobeou e perdeu a bola no campo de ataque aos 47:30, que os serranos furaram o bloqueio. Ivo roubou a bola e disparou pela esquerda. O cruzamento para Maicon foi certeiro: cabeçada firme, fuzilando Clemer. O empate cairia bem, mas se alguém tivesse de vencer seria mesmo o Juventude, que foi o único time a jogar, por momentos, um bom futebol. Tudo fica para o Beira-Rio, numa decisão que promete ser ainda mais tensa que a de hoje.

Em tempo:
- O baixo público torna, mais uma vez, injustificável o espaço tão reduzido à torcida adversária. O resultado foi aquele conhecido: colorados esprimidos num canto, espaços vazios no terreno da Papada.

Campeonato Gaúcho 2008 - Final - Jogo de ida
27/abril/2008
JUVENTUDE 1 x INTERNACIONAL 0
Local: Alfredo Jaconi, Caxias do Sul (RS)
Árbitro: Leonardo Gaciba
Público: 13.385
Renda: R$ 227.800,00
Golo: Maicon 47 do 2º
Cartão amarelo: Márcio Alemão, Hércules, Orozco, Ji-Paraná e Marcão
Expulsão: Tite 40 do 2º
JUVENTUDE: Michel Alves (7), Hélder (6,5), Márcio Alemão (6,5), Nunes (5,5) e Élvis (5,5); Renan (5,5) (Hércules, 22 do 1º - 5,5), Pérez (6), Lauro (5,5) (Maicon, 33 do 2º - 7) e Leandro Cruz (5) (Márcio Goiano, 9 do 2º - 5,5); Ivo (6,5) e Mendes (4). Treinador: Zetti (6)
INTERNACIONAL: Clemer (5), Bustos (5,5), Índio (6), Orozco (6) e Marcão (6); Ji-Paraná (4,5) (Tite, 18 do 2º - 3), Danny Morais (6), Magrão (5) e Andrezinho (5,5) (Adriano, 34 do 2º - sem nota); Nilmar (6) (Iarley, 18 do 2º - 5) e Fernandão (4,5). Treinador: Abel Braga (4,5)

Foto: Jefferson Bernardes/VIPCOMM

Comentários

Anônimo disse…
A verdade é que o Inter cansou no segundo tempo. Foi muito desgastante o jogo de quarta, enquanto o Juventude poupou metade do time. Uma pena o erro do Fernandão no final, mas depois do que o Inter mostrou contra o Paraná, com uma semana de recuperação e a volta de Alex, o Colorado sairá campeão no fim de semana que vêm!
13 mil torcedores em um estádio que suporta 20 mil pra uma final de Gauchão é lamentável. Recuso-me a acreditar nisso.

No mais, já podem eleger o Michel Alves como melhor goleiro do campeonato.

Só senti falta do comentário sobre a expulsão do Titi. Esse, junto com o erro do Fernandão, foram os dois lances da partida que definiram o resultado favorável pro Juventude (embora o Inter tenha possibilidades plenas de virar esse escore no Beira-Rio).

Abraço
luís felipe disse…
Clemer - se esforçou em entregar a partida em três lances, mas fez uma defesa genial no final. Ou seja: foi o Clemer de sempre. 5.

Bustos - errou demais no primeiro tempo, mas estava muito esforçado. 6.

Índio - seguro. 7.

Orozco - o zagueiro inseguro de sempre. No final, simplificou e foi bem. 5.

Marcão - regular. Cobriu bem o coitado do Ji-Paraná. 6.

Danny - jogou simples e compensou a lentidão com muita técnica. Calou minha boca. 8.

Ji-Paraná - não tem culpa. Está parado há seis meses e não poderia jogar numa decisão. Lento. 4.

Magrão - muita lucidez e qualidade defensiva. 7.

Andrezinho - um bom primeiro tempo e muitas decisões erradas no segundo. 5.

Fernandão - é atacante,mas não finalizou nenhuma vez e ainda entregou o jogo. 2.

Nilmar - muito esforçado, falta calibre. Substituído talvez pelo individualismo. 7.

Iarley - faltou vontade de atacar. 4.

Tite - estragou uma boa atuação com expulsão completamente infantil. 1.

Adriano - entrou quando o time estava todo dentro do seu campo. Sem nota.

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secadores evocam Cartola: "bate outra vez, com esperanças o meu coração..."
Anônimo disse…
Teve final do Gauchão hoje?...
Não sei. Estou de FÉRIAS.
Lique disse…
desde o brasileirão 2007 venho dizendo que esse michel alves é um baita goleiro. só acho estranho que ele nunca sai com as mãos, saiu sempre com os pés, de carrinho, no nilmar. opção estranha, mas foi efetiva. gostei muito do hélder, também, mas só nesse jogo.

fernandão CAGOU BONITO e o tite foi realmente grosseiro na entrada dele. coisa de GURIZÃO, tipo anderson pico.

bom jogo e valeu a gritaria no final, pela secada.

emulando pablo sant'anna: EU AVISEI QUE EU QUERIA O JUVENTUDE, NÃO O GRÊMIO NAS FINAIS CONTRA O INTER;
Vicente Fonseca disse…
Eu também vinha avisando, Henrique. Comecei a prestar no Michel Alves quando vi que suas notas na Bola de Prata da Placar eram altas, apesar das derrotas seguidas do Juventude. É o melhor goleiro EMO do país.