Muito mais sorte que juizo

A sorte que faltou ao Chelsea em 2005 (perdeu com um não-golo) e 2007 (caiu nos pênaltis), sobrou hoje em Anfield Road. Mesmo tendo realizado uma partida muito fraca, sendo dominado por um Liverpool nem tão brilhante assim na maior parte do jogo, os londrinos largam em vantagem na briga por uma vaga à final da Liga dos Campeões. Menos por seus méritos, mais por um lance infeliz do norueguês Riise.

Mesmo abaixo do rendimento dos últimos jogos, como contra a Internazionale e o Arsenal, a equipe de Rafa Benítez foi quase sempre superior. Depois de um início equilibrado, o time da casa começou aos poucos a controlar a partida, apresentando uma superioridade muito grande na meia-cancha. Enquanto os quatro meias do 4-5-1 do Chelsea não jogavam absolutamente nada, os dois volantes e três meias do 4-5-1 dos reds eram combativos e perigosos. O golo de Kuyt, aos 42 do primeiro tempo, veio de uma roubada de bola quase na área dos azuis, em bobeada do apagadíssimo Frank Lampard.

A maioria dos duelos individuais mais marcantes foi vencida por jogadores do Liverpool: Carragher não teve dificuldades em anular Drogba, que jogou muito isolado (um aparente paradoxo, para quem entrou em campo com tantos meias); Fábio Aurélio guardou Joe Cole no bolso; Mascherano nem precisou jogar tanto para superar Lampard; somente o duelo Gerrard x Makelele apresentava equilíbrio.

Para o segundo tempo, Benitez apostou na velocidade de Babel em cima do mediano Paulo Ferreira. Foram 10 minutos de pânico para o Chelsea, que escapou de levar o segundo. Somente aos 17 Avram Grant fez o óbvio: pôs um segundo atacante, Kalou, para encostar em Drogba. O marfinês ia mal, mas só recebia tijolo. Com Kalou, coincidência ou não, em menos de cinco minutos o time de Londres já havia criado duas chances. Esteve mais perto de empatar, único momento do jogo em que os visitantes jogaram mais, dos 15 aos 30 do segundo tempo.

Gerrard entrou mais no jogo e o Liverpool re-equilibrou as ações. Nada perto do que fizera no primeiro e no início do segundo tempo. Quando tudo indicava mais uma vitória mínima do Liverpool sobre o rival, Kalou cruzou e Riise meteu contra, na pequena área. Um presente que o Chelsea talvez não merecesse ganhar hoje, mas que pode ter a chance de administrar e saber aproveitar quarta-feira que vem. E, aí sim, merecer ir à sua primeira final continental na história.

Em tempo:
- Terry levou o único cartão amarelo aos 47 do segundo tempo.

Liga dos Campeões da UEFA 2007/08 - Semifinais - Jogo de ida
22/abril/2008
LIVERPOOL 1 x CHELSEA 1
Local: Anfield Road, Liverpool (ING)
Árbitro: Konrad Plautz (AUT)
Público: 42.180
Golos: Kuyt 42 do 1º; Riise (contra) 49 do 2º
Cartão amarelo: Terry
LIVERPOOL: Reina (5,5), Arbeloa (5,5), Skrtel (6), Carragher (6) e Fábio Aurélio (6) (Riise, 16 do 2º - 4); Mascherano (6), Alonso (6), Gerrard (6), Kuyt (6,5) e Babel (5,5) (Benayoun, 30 do 2º - 5); Torres (5,5). Treinador: Rafa Benitez (6)
CHELSEA: Cech (7), Paulo Ferreira (5), Terry (5), Ricardo Carvalho (5,5) e Ashley Cole (5); Makelele (6), Ballack (4,5) (Anelka, 40 do 2º - sem nota), Lampard (4), Joe Cole (4) (Kalou, 17 do 2º - 6) e Malouda (4,5); Drogba (4,5). Treinador: Avram Grant (5)

Foto: AP