Final para inglês ver

Foi dramático, mas coerente. O Manchester United, pelo que jogou hoje e durante a temporada, tinha mesmo desempenho que justificasse chegar à final da Liga dos Campeões. Faltava confirmar em campo, vencendo o decadente, mas sempre perigoso, Barcelona em Old Trafford. A vitória veio, junto com uma supremacia na maioria do tempo.

Antes do golaço de Scholes, aos 13 minutos, o Barcelona era melhor. Os catalães tocavam a bola com a qualidade e paciência habituais, esperando um espacinho para marcar o golo que os daria uma grande vantagem. Mas numa dessas trocas de passe os ingleses roubaram a bola, Cristiano Ronaldo tentou passe, Zambrotta cortou errado e deu a Scholes, com a frente limpa, para marcar num tirambaço de fora da área.

Houve, então, um predomínio absoluto dos donos da casa. A equipe espanhola sentiu o golo sofrido e foi encurrulada. As chances do Manchester vinham principalmente pelas pontas, onde Park e Nani tiveram boa atuação. Tevez, um pouco atrás de Cristiano Ronaldo, era pura movimentação e raça. Jogou com uma gana que faltou ao camaronês Eto'o, esperança de golos do adversário.

Ocorreu, porém, um flagrante crescimento do Barcelona nos 10 minutos finais do primeiro tempo, ligado intimamente a uma maior participação de Deco. Através de tabelas com Messi e infiltrações por dentro da defesa inglesa, o português foi o maestro da reação da equipe da Catalunha. O intervalo, porém, interrompeu tudo.

Frank Rijkaard insistiu com os apagados Iniesta e Eto'o, demorando a mexer no time. Henry e Bojan esperavam uma chance no banco de reservas, e assistiram a uma atuação bagunçada, que resume o ano do Barcelona de forma perfeita. O Manchester United se postou como tem gostado Sir Ferguson: todo atrás, esperando um contra-ataque que pelasse de vez a coruja.

As substituições óbvias citadas acima ocorreram aos 15 e 26 do segundo tempo, mas não mudaram o panorama da partida. O Barcelona lutou bastante e valorizou a classificação do Manchester United, mas neste momento é uma equipe inferior. Apesar de fazer um enfrentamento brigado, foi incompetente na parte ofensiva. Hoje, enquanto Messi driblava e lutava com os adversários, Eto'o ficava cochilando de babar no travesseiro.

E assim o Manchester United chega à sua terceira final de Liga dos Campeões na história. As outras duas, em 1968 e 1999, resultaram em títulos. Como amanhã Chelsea x Liverpool decidem o outro finalista, o campeão desta Liga já é inglês. Se Ferdinand continuar com suas excelentes atuações, Tevez e Cristiano Ronaldo seguirem jogando a bola que jogam, além da vitalidade de nomes como Scholes e Hargreaves, os red devils chegarão a Moscou com boas perspectivas de levantarem o tricampeonato.

Em tempo:
- Começam hoje as oitavas da Libertadores, com Lanús x Atlas e LDU x Estudiantes.

Liga dos Campeões da UEFA 2007/08 - Semifinais - Jogo de volta
29/abril/2008
MANCHESTER UNITED 1 x BARCELONA 0
Local: Old Trafford, Manchester (ING)
Árbitro: Herbert Fandel (ALE)
Público: 75.061
Golo: Scholes 13 do 1º
Cartão amarelo: Carrick, Cristiano Ronaldo, Zambrotta, Deco e Yaya Touré
MANCHESTER UNITED: Van der Sar (5,5), Hargreaves (6), Ferdinand (7), Brown (6) e Evra (5,5) (Silvestre, 47 do 2º - sem nota); Carrick (5,5), Scholes (7) (Fletcher, 31 do 2º - 5), Nani (6,5) (Giggs, 31 do 2º - 5,5), Tevez (6,5) e Park (6); Cristiano Ronaldo (6). Treinador: Alex Ferguson (7)
BARCELONA: Valdés (6), Zambrotta (3,5), Puyol (5,5), Gabriel Milito (6) e Abidal (5); Yaya Touré (5,5) (Gudjohnsen, 43 do 2º - sem nota), Xavi (4,5), Deco (5,5) e Iniesta (4,5) (Henry, 15 do 2º - 4,5); Messi (6,5) e Eto'o (4) (Bojan, 26 do 2º - 5). Treinador: Frank Rijkaard (4)

Foto: AP