Depois da ação, a reflexão

Primeiramente, as considerações sobre a rodada. Alguns dos times que se classificaram ontem realmente mereceram suas vagas. O Grêmio foi o melhor em quase todos os critérios técnicos, exceto melhor ataque; o Internacional jogou um ótimo futebol durante boa parte da fase inicial, inclusive com goleadas e com o melhor ataque; o Caxias foi pragmático e único time a não perder para o tricolor; o Inter/SM é muito bem treinado pelo Paulo Porto e sempre esteve na ponta. E, ontem, Sapucaiense e São José venceram seus compromissos quando precisavam.


Os outros dois classificados, Juventude e Ulbra (coincidentemente os dois adversários da Dupla Gre-Nal), passaram mais pela incompetência alheia que por méritos. Os caxienses, muito embora tenham vencido duas vezes o Internacional, perderam duas para o Zequinha. Não fosse o São Luiz - que chegou a liderar parte da fase - vacilar diante do eliminado Brasil e uma humilhante eliminação alviverde na primeira fase seria fato. A Ulbra, então, contou com a ajuda do entreguismo do Esportivo, time que levou duas viradas do Grêmio, chegou a disputar a liderança do grupo com os porto-alegrenses e, na última rodada, precisava apenas de um empate diante do eliminado Novo Hamburgo. Perdeu, e em casa.


Quanto aos confrontos das quartas-de-final, vejo dificuldade em não enxergar um Gre-Nal como decisão do Gauchão 2008 desde a primeira fase. Agora, então, tudo ficou mais claro. Certamente o Grêmio preferia pegar o São José ao Juventude, mas o pior seria enfrentar o São Luiz e uma viagem longa a Ijuí em meio a disputas eliminatórias da Copa do Brasil. Os caxienses não são mais aquele time de Série A; viraram mais um time do Interior, apenas com maior tradição recente. Aliando isso à maior qualidade do plantel tricolor, ao fato de o Juventude não jogar em seu estádio e à mística de constantes derrotas do Ju para o time da Azenha, parece lógico que, de uma forma ou de outra, o Grêmio passará às semifinais.


E quem passar pega Internacional/SM ou Sapucaiense. Curiosamente, caíram do mesmo lado dos enfrentamentos os dois melhores do Gauchão 2007 na primeira divisão e os dois melhores do Gauchão 2007 na segunda divisão. Jogo equilibrado, mas o Inter/SM parece um pouco superior. Não há favoritos, de todo modo. Para o Grêmio, melhor seria pegar o time de Sapucaia do Sul, que mostrou ser uma equipe muito precária quinta passada no Olímpico, além de - a exemplo do Juventude - não jogar em seu estádio e a viagem ser mais curta.


Do outro lado, o Internacional tem um caminho igualmente tranqüilo. A única pedra no sapato colorado seria um enfrentamento com o fantasma serrano que veste verde. A Ulbra, adversária do próximo domingo em Canoas, é um time muito fraco. Tem seu maior nome no banco de reservas, que atende por Beto Almeida. Habilmente, ele já motiva seus atletas afirmando que o Inter está mais preocupado com Grêmio x Juventude que com o time universitário. Mas é um clube (?) sem torcida, o que representa quase que dois jogos em casa para o Inter. Só não direi que é páreo corrido porque alguns pangarés costumam pregar peças em puros-sangue por aí.


Finalizando, dois duelos equilibrados é a minha expectativa para Caxias x São José. O time de Porto Alegre vem crescendo muito, apesar de os grenás estarem mais prontos e consistentes. Mesmo assim, a exemplo de Sapucaiense e Inter/SM em relação ao Grêmio, não vejo como algum deles poderá tirar o Internacional da final, caso este passe pela Ulbra.


Quanto ao bate-boca via imprensa, o Internacional não tinha nada que se apequenar, falando que o Juventude é capacho do Grêmio. Por outro lado, Pelaipe retrucou à pessoa errada: foram Abel Braga e Clemer que falaram besteira aos microfones, não Giovanni Luigi. E o assunto nem era relativo a arbitragens. Não vejo mocinho ou bandido nessa história, provocada desncessariamente por dois homens experientes ligados ao Inter, que, por sinal, está em chave oposta a Grêmio e Juventude nesta fase final.