A verdade quase escancarada
Centroavante tem de ser cruel. Luís Fabiano hoje foi cruel, não perdoando o Uruguai nas duas chances que teve. Mas a crueldade foi além da conta para o time celeste, que jogou muito mais do que este 2 a 1 contrário indica.
Nem me darei ao trabalho de comentar os buracos no meio-campo brasileiro e a atuação descompromissada de seus três famosos. Era esperado que o Uruguai dominasse o meio-campo, principalmente por conta da escalação desequilibrada que Dunga pôs em campo. Mas o controle das ações foi muito além do que se poderia imaginar. Os charruas marcavam ferozmente a saída canarinha, apanhavam todas as segundas-bolas. Algo como aquele Grêmio x Santos, no Olímpico, pela Libertadores.
O resultado foi um golo cedo de Abreu. E uma blitz espetacular durante todo o primeiro tempo. Cristian Rodríguez, Lugano e Suárez eram nomes de destaque, mas o conjunto uruguaio de Oscar Tabaréz era a grande estrela. Um pecado, porém, este time de atuação quase perfeita cometeu sistematicamente: o de perder golos. O placar correto dos primeiros 40 minutos seria 3 a 0 para o Uruguai, sem exageros.
Júlio César impedia que o Brasil saísse goleado. Ele e Luís Fabiano eram os únicos que se salvavam. O centroavante tinha dedicação comovente, correndo pelos outros três bichos-preguiça que deviam lhe dar assistência. Quase conseguiu um giro sensacional sobre Godín aos 40. Aos 43 empatou, sem ângulo, numa bola que Carini podia ter defendido. Um dos golos mais achados dos últimos anos no futebol mundial.
O segundo tempo continuou igualzito. O Uruguai seguia chegando com um toque de bola envolvente e pacencioso. A pressão não era tão forte quanto na primeira etapa, e era natural que assim ocorresse, pois o ritmo fora intenso demais. As bolas aéreas seguiam sendo perigosas. Cristian Rodríguez assumiu de vez o jogo, quando Suárez passou a ter atuação mais apagada. Melhor em campo o 7 do Uruguai.
Ronaldinho saiu aos 15 para a entrada de Josué e Dunga foi chamado de burro. Torcedores sem qualquer noção da realidade. Sorte ou não, quatro minutos depois, saiu o golo da improvável virada brasileira, com Luís Fabiano de novo. Será titular do ataque o ex-são-paulino, e não há mais razões que justifiquem Vágner Love e Afonso.
O Uruguai mostrou bravura, mas não conseguiu chegar ao empate. Estava bem marcando a saída, quando o Brasil tinha a obrigação de propor o jogo. Com os papéis invertidos, não obteve o mesmo sucesso. Mas quase empatou, teve chances para tal. É um time que vem jogando desfalcado, mas deve ir à Copa, pois tem aguerrimento e capacidade.
Reequilibrando o time, Dunga enfim emparelhou o jogo. Precisou de 60 minutos para descobrir que aquilo que levava uma sova era um 4-2-4 disfarçado. Se se der conta disso e tiver pulso firme, o quadrado acabou hoje. Se persistir se guiando por resultados enganosos e continuar perdido na onda do ofensivismo infame, o Brasil seguirá ganhando partidas assim, de forma fortuita e injustificada.
Eliminatórias da Copa do Mundo 2010 - América do Sul - 4ª rodada
21/novembro/2007
BRASIL 2 x URUGUAI 1
Local: Morumbi, São Paulo (SP)
Árbitro: Hector Baldassi (ARG)
Público: 65.379
Renda: R$ 4.321.225,00
Golos: Abreu 8 e Luís Fabiano 43 do 1º; Luís Fabiano 19 do 2º
Cartão amarelo: Fucile, Álvaro González, Cristian Rodríguez e Suárez
BRASIL: Júlio César (7,5), Maicon (5,5) (Daniel Alves, 40 do 2º - sem nota), Alex (5), Juan (5) e Gilberto (4,5); Gilberto Silva (5), Mineiro (5), Kaká (4,5) e Ronaldinho (4) (Josué, 15 do 2º - 5,5); Robinho (4,5) (Vágner Love, 26 do 2º - 4,5) e Luís Fabiano (7,5). Treinador: Dunga (4)
URUGUAI: Carini (5), Pereira (6), Lugano (6,5), Godín (6) e Fucile (6); Gargano (5,5), Álvaro González (5,5), Ignacio González (5) (Bueno, 35 do 2º - sem nota) e Cristian Rodríguez (7,5); Suárez (6) (Sánchez, 25 do 2º - 5) e Abreu (6). Treinador: Oscar Tabaréz (7)
Foto: Terra
Nem me darei ao trabalho de comentar os buracos no meio-campo brasileiro e a atuação descompromissada de seus três famosos. Era esperado que o Uruguai dominasse o meio-campo, principalmente por conta da escalação desequilibrada que Dunga pôs em campo. Mas o controle das ações foi muito além do que se poderia imaginar. Os charruas marcavam ferozmente a saída canarinha, apanhavam todas as segundas-bolas. Algo como aquele Grêmio x Santos, no Olímpico, pela Libertadores.
O resultado foi um golo cedo de Abreu. E uma blitz espetacular durante todo o primeiro tempo. Cristian Rodríguez, Lugano e Suárez eram nomes de destaque, mas o conjunto uruguaio de Oscar Tabaréz era a grande estrela. Um pecado, porém, este time de atuação quase perfeita cometeu sistematicamente: o de perder golos. O placar correto dos primeiros 40 minutos seria 3 a 0 para o Uruguai, sem exageros.
Júlio César impedia que o Brasil saísse goleado. Ele e Luís Fabiano eram os únicos que se salvavam. O centroavante tinha dedicação comovente, correndo pelos outros três bichos-preguiça que deviam lhe dar assistência. Quase conseguiu um giro sensacional sobre Godín aos 40. Aos 43 empatou, sem ângulo, numa bola que Carini podia ter defendido. Um dos golos mais achados dos últimos anos no futebol mundial.
O segundo tempo continuou igualzito. O Uruguai seguia chegando com um toque de bola envolvente e pacencioso. A pressão não era tão forte quanto na primeira etapa, e era natural que assim ocorresse, pois o ritmo fora intenso demais. As bolas aéreas seguiam sendo perigosas. Cristian Rodríguez assumiu de vez o jogo, quando Suárez passou a ter atuação mais apagada. Melhor em campo o 7 do Uruguai.
Ronaldinho saiu aos 15 para a entrada de Josué e Dunga foi chamado de burro. Torcedores sem qualquer noção da realidade. Sorte ou não, quatro minutos depois, saiu o golo da improvável virada brasileira, com Luís Fabiano de novo. Será titular do ataque o ex-são-paulino, e não há mais razões que justifiquem Vágner Love e Afonso.
O Uruguai mostrou bravura, mas não conseguiu chegar ao empate. Estava bem marcando a saída, quando o Brasil tinha a obrigação de propor o jogo. Com os papéis invertidos, não obteve o mesmo sucesso. Mas quase empatou, teve chances para tal. É um time que vem jogando desfalcado, mas deve ir à Copa, pois tem aguerrimento e capacidade.
Reequilibrando o time, Dunga enfim emparelhou o jogo. Precisou de 60 minutos para descobrir que aquilo que levava uma sova era um 4-2-4 disfarçado. Se se der conta disso e tiver pulso firme, o quadrado acabou hoje. Se persistir se guiando por resultados enganosos e continuar perdido na onda do ofensivismo infame, o Brasil seguirá ganhando partidas assim, de forma fortuita e injustificada.
Eliminatórias da Copa do Mundo 2010 - América do Sul - 4ª rodada
21/novembro/2007
BRASIL 2 x URUGUAI 1
Local: Morumbi, São Paulo (SP)
Árbitro: Hector Baldassi (ARG)
Público: 65.379
Renda: R$ 4.321.225,00
Golos: Abreu 8 e Luís Fabiano 43 do 1º; Luís Fabiano 19 do 2º
Cartão amarelo: Fucile, Álvaro González, Cristian Rodríguez e Suárez
BRASIL: Júlio César (7,5), Maicon (5,5) (Daniel Alves, 40 do 2º - sem nota), Alex (5), Juan (5) e Gilberto (4,5); Gilberto Silva (5), Mineiro (5), Kaká (4,5) e Ronaldinho (4) (Josué, 15 do 2º - 5,5); Robinho (4,5) (Vágner Love, 26 do 2º - 4,5) e Luís Fabiano (7,5). Treinador: Dunga (4)
URUGUAI: Carini (5), Pereira (6), Lugano (6,5), Godín (6) e Fucile (6); Gargano (5,5), Álvaro González (5,5), Ignacio González (5) (Bueno, 35 do 2º - sem nota) e Cristian Rodríguez (7,5); Suárez (6) (Sánchez, 25 do 2º - 5) e Abreu (6). Treinador: Oscar Tabaréz (7)
Foto: Terra
Comentários
Rrrrrrobinho não acertou NENHUM lance o jogo inteiro. Disparado o pior em campo. A quilômetros de qualquer outro.
Questão imperativa: em que clube joga aquele camisa 8, Gargano? Mas jogou DEMAIS. Sonhei com a dupla Eduardo Costa e Gargano, por uns segundos, confesso.
Felipe, acho que o Uruguai vai para a Copa, sim. As Eliminatórias são longas, Forlán não entrou ainda, e há dois jogos fáceis pela frente (Venezuela e Peru) que podem recolocar a celeste entre os quatro. Ademais, para ficar na repescagem, o Uruguai só precisa passar a Venezuela.
O Gargano fez um primeiro tempo muito bom, mas errou muitos passes no segundo. Parece mesmo ser um bom jogador. Está no Napoli atualmente.
Carini será enforcado em praça pública na cidade de Montevidéo.
Grande arbitragem.
Agora só falta aprender a não ver ou ouvir mais jogos do Grêmio fora de casa ;D
Voltarei a comentar, depois de um pequeno recesso.
Abraço, companheiro Vicente.
Ponso: Cristian Rodríguez joga demais. Aquele lance que ele ganhou no corpo e na corrida do Mineiro foi constragendor. Foi contratado pelo Benfica em agosto.
Amengual: ambos erraram passes em demasia, mas também não os culpo totalmente. A distância entre eles e os quatro da frente dificultava toda e qualquer saída de jogo, já que nenhuma das vedetes vinha buscar jogo uma única vez. E o 5 também é porque senti pena dos dois correndo atrás do Rodríguez e dos dois González a noite inteira.
Só quero deixar claro aqui uma coisa: acho o Kaká um grande jogador, apesar de ontem só ter querido a bola no pé. Mas é o único dos três que merece meu respeito atualmente.