Revanche em dose dupla
O São Paulo deu o troco no Boca Juniors com todos os méritos. Se o time de Muricy Ramalho vem sendo conhecido como o time dos pontos corridos, como uma equipe que amarela em mata-matas, hoje conseguiu contrariar totalmente esta teoria. Para eliminar o Boca de uma competição, não basta qualidade ou gana. É preciso os dois, e até algo a mais. Muitas coisinhas mais, por sinal.
Começando pela primeira virtude, a paciência. Ao contrário do Grêmio, que precisava golear os argentinos, o São Paulo precisava só de 1 a 0 para passar de fase. Assim, não se afobou nunca na partida. No primeiro tempo, teve maior posse de bola, sem, contudo, ameaçar os xeneizes mais do que duas ou três vezes. Na mais clara delas, Dagoberto humilhou Ibarra duas vezes, mas a zaga afastou a seguir.
O Boca Juniors de Russo jogava com a calma de sempre. É impressionante como o modo de jogar deste time não se altera. Passam os anos, os jogadores, os treinadores, e o perfil é sempre idêntico. Por isso é o time com maior seqüência de grandes títulos que já vi em minha vida, empilhando canecos desde 1998. Era o mesmo modo sereno, de marcação fechada e toques insinuantes que o praticado no Olímpico. Sem Riquelme, claro.
Estava difícil furar o bloqueio. O Boca veio num 4-4-2, duas linhas de quatro, mas a linha de defesa era formado exclusivamente por zagueiros. Ibarra e Morel Rodriguez jamais saíam para o jogo. Além disso, Souza e Borges, dois dos mais importantes jogadores são-paulinos, não estavam em noite inspirada.
Aí vem a competência do treinador, aliada à sorte, que, é batido dizer, acompanha os bons. Eu não teria tirado Borges, artilheiro nato, mas Muricy arriscou (ou deixou de arriscar, ofensivamente falando) e pôs Aloísio. O alagoano foi o nome do jogo. Fez um golaço, correu mesmo sentindo a coxa, prendeu magistralmente a bola nos minutos finais para ganhar tempo. O herói da noite.
O Boca veio para cima, mas o São Paulo provou porque tem uma defesa espetacular: ganhou quase todas pelo alto, único modo que os argentinos encontravam de chegar efetivamente com perigo. Além de tudo, o imponderável: até catimba os tricolores praticaram, e bem. À medida em que o tempo foi passando, jogadores como o experiente Palermo e o recém colocado Bueno foram ficando visivelmente nervosos. Os paulistas provocaram, sem perder o controle dos nervos.
Foi, então, uma noite de gala no Morumbi. Só não elogio a torcida são-paulina (que fez bastante barulho) porque ela só comparece e apóia o time quando ele está na ponta dos cascos, quando nem mais precisa de alento. Ao final, a comemoração justa de Muricy Ramalho, que conseguiu hoje desengasgar-se de um time que o havia eliminado na Libertadores de 2004, na Sul-Americana de 2004 e na Recopa de 2006.
Em tempo:
- Gracián decepcionou. Hernanes jogou demais, mais uma vez. Não deixa nenhuma saudade de Josué ou Mineiro. Joga de cabeça erguida, desarma, passa e sai com qualidade.
- Souza não jogou nada. Perdeu um golo no final e pediu para a torcida incentivar, para dando uma de herói. Mais parecia o bobo da corte. Patético.
- Grande classificação do Vasco. Eu duvidava, mas o time provou sua capacidade de superação eliminando o Lanús com um belo 3 a 0. O Goiás era tão esperada a eliminação que cheguei a acertar na bucha o placar. Num resumo da noite, Brasil 2 x Argentina 1. Amanhã, River Plate x Botafogo.
Copa Sul-Americana 2007 - Oitavas-de-final - Jogo de volta
27/setembro/2007
SÃO PAULO 1 x BOCA JUNIORS 0
Local: Morumbi, São Paulo (SP)
Árbitro: Carlos Chandía (CHI)
Público: 46.906
Renda: R$ 854.710,00
Golo: Aloísio 9 do 2º
Cartão amarelo: Breno, Richarlyson, Jorge Wagner, Dagoberto, Palermo, Gracián e Battaglia
SÃO PAULO: Rogério Ceni (5,5), Breno (6), Alex Silva (5,5) e Miranda (7); Souza (4,5), Richarlyson (6,5), Hernanes (6,5), Leandro (6) (Hugo, 23 do 2º - 5) e Jorge Wagner (7); Dagoberto (6) (André Dias, 39 do 2º - sem nota) e Borges (4,5) (Aloísio, intervalo - 8). Treinador: Muricy Ramalho (7)
BOCA JUNIORS: Caranta (5,5), Ibarra (5), Maidana (5,5) (Krupoviesa, intervalo - 4,5), Paletta (5,5) e Morel Rodriguez (5); Battaglia (5,5) (Cardozo, 41 do 2º - sem nota), Ledesma (5,5), Dátolo (5,5) e Gracián (4) (Bueno, 28 do 2º - 4,5); Boselli (5) e Palermo (5,5). Treinador: Miguel Angel Russo (5,5)
Foto: Folha
Começando pela primeira virtude, a paciência. Ao contrário do Grêmio, que precisava golear os argentinos, o São Paulo precisava só de 1 a 0 para passar de fase. Assim, não se afobou nunca na partida. No primeiro tempo, teve maior posse de bola, sem, contudo, ameaçar os xeneizes mais do que duas ou três vezes. Na mais clara delas, Dagoberto humilhou Ibarra duas vezes, mas a zaga afastou a seguir.
O Boca Juniors de Russo jogava com a calma de sempre. É impressionante como o modo de jogar deste time não se altera. Passam os anos, os jogadores, os treinadores, e o perfil é sempre idêntico. Por isso é o time com maior seqüência de grandes títulos que já vi em minha vida, empilhando canecos desde 1998. Era o mesmo modo sereno, de marcação fechada e toques insinuantes que o praticado no Olímpico. Sem Riquelme, claro.
Estava difícil furar o bloqueio. O Boca veio num 4-4-2, duas linhas de quatro, mas a linha de defesa era formado exclusivamente por zagueiros. Ibarra e Morel Rodriguez jamais saíam para o jogo. Além disso, Souza e Borges, dois dos mais importantes jogadores são-paulinos, não estavam em noite inspirada.
Aí vem a competência do treinador, aliada à sorte, que, é batido dizer, acompanha os bons. Eu não teria tirado Borges, artilheiro nato, mas Muricy arriscou (ou deixou de arriscar, ofensivamente falando) e pôs Aloísio. O alagoano foi o nome do jogo. Fez um golaço, correu mesmo sentindo a coxa, prendeu magistralmente a bola nos minutos finais para ganhar tempo. O herói da noite.
O Boca veio para cima, mas o São Paulo provou porque tem uma defesa espetacular: ganhou quase todas pelo alto, único modo que os argentinos encontravam de chegar efetivamente com perigo. Além de tudo, o imponderável: até catimba os tricolores praticaram, e bem. À medida em que o tempo foi passando, jogadores como o experiente Palermo e o recém colocado Bueno foram ficando visivelmente nervosos. Os paulistas provocaram, sem perder o controle dos nervos.
Foi, então, uma noite de gala no Morumbi. Só não elogio a torcida são-paulina (que fez bastante barulho) porque ela só comparece e apóia o time quando ele está na ponta dos cascos, quando nem mais precisa de alento. Ao final, a comemoração justa de Muricy Ramalho, que conseguiu hoje desengasgar-se de um time que o havia eliminado na Libertadores de 2004, na Sul-Americana de 2004 e na Recopa de 2006.
Em tempo:
- Gracián decepcionou. Hernanes jogou demais, mais uma vez. Não deixa nenhuma saudade de Josué ou Mineiro. Joga de cabeça erguida, desarma, passa e sai com qualidade.
- Souza não jogou nada. Perdeu um golo no final e pediu para a torcida incentivar, para dando uma de herói. Mais parecia o bobo da corte. Patético.
- Grande classificação do Vasco. Eu duvidava, mas o time provou sua capacidade de superação eliminando o Lanús com um belo 3 a 0. O Goiás era tão esperada a eliminação que cheguei a acertar na bucha o placar. Num resumo da noite, Brasil 2 x Argentina 1. Amanhã, River Plate x Botafogo.
Copa Sul-Americana 2007 - Oitavas-de-final - Jogo de volta
27/setembro/2007
SÃO PAULO 1 x BOCA JUNIORS 0
Local: Morumbi, São Paulo (SP)
Árbitro: Carlos Chandía (CHI)
Público: 46.906
Renda: R$ 854.710,00
Golo: Aloísio 9 do 2º
Cartão amarelo: Breno, Richarlyson, Jorge Wagner, Dagoberto, Palermo, Gracián e Battaglia
SÃO PAULO: Rogério Ceni (5,5), Breno (6), Alex Silva (5,5) e Miranda (7); Souza (4,5), Richarlyson (6,5), Hernanes (6,5), Leandro (6) (Hugo, 23 do 2º - 5) e Jorge Wagner (7); Dagoberto (6) (André Dias, 39 do 2º - sem nota) e Borges (4,5) (Aloísio, intervalo - 8). Treinador: Muricy Ramalho (7)
BOCA JUNIORS: Caranta (5,5), Ibarra (5), Maidana (5,5) (Krupoviesa, intervalo - 4,5), Paletta (5,5) e Morel Rodriguez (5); Battaglia (5,5) (Cardozo, 41 do 2º - sem nota), Ledesma (5,5), Dátolo (5,5) e Gracián (4) (Bueno, 28 do 2º - 4,5); Boselli (5) e Palermo (5,5). Treinador: Miguel Angel Russo (5,5)
Foto: Folha
Comentários
no mais, nutro uma simpatia pelo trabalho de celso-cara-de-brigadiano-roth. sucesso ao vasco, desde que bem longe do grêmio.
Foi jogo pra detalhe, como aquela bola mal afastada pela zaga do Boca que resultou no belo gol do Aloísio.
Sem mais.
Abraço.
Boca muito diferente. Sem Riquelme, sem Clemente Rodriguez, Sem Daniel Diaz. E ontem se Banega e Palacios. Já da mais de meio time. Boca jogou no 4-3-1-2 ou 4-3-3. Não tinha linha de 4 no meio campo.
"Vampeta havia dito que Souza era um "palhaço" e que não deveria usar a camisa 10."
"Vampeta voltou a provocar Souza, afirmando que o camisa 10 tinha tomado a decisão certa em renovar o contrato com o São Paulo até dezembro de 2010, pois seria o único clube no qual o meia poderia atuar"
Amengual: não estás lendo Juremir demais?
feitoam.
Aí os outros veículos viram a informação e repassaram.
André: por algum motivo, Miguel Russo botou Banega e Cardozo no banco e promoveu a entrada de Battaglia e Dátolo. A primeira até posso entender, por Battaglia ter sido titular em 2006. Mas depois de ontem, não consigo compreender a entrada do segundo como titular. Dátolo deve ter feito a pior partida de sua carreira ontem.
Fred: na minha opinião, o Gracián se omitiu bem mais que o Dátolo, tanto antes quanto depois do golo do São Paulo.
Chico: quanto ódio nesse coração, meu amigo! Quanto às diablitas, não posso me exceder devido ao contrato pré-nupcial, mas recomendo a todos que acessem o Impedimento que seguidamente publica fotos, digamos, CATIVANTES.
André: acho que não me fiz entender. Quando falei duas linhas de quatro, não quis dizer que o meio jogou EM LINHA. Apenas para enfatizar que era um 4-4-2 (Gracián não era atacante, pois nunca se juntou aos homens de ataque). Quem jogou LITERALMENTE em linha foi a defesa, com laterais que não apoiavam nunca. E bem lembradas as frases sobre o Souza, que faz uma temporda bem abaixo das anteriores.
Franke: a estratégia do Boca foi a de sempre. Nunca este time foi de partir para cima dos adversários fora de casa quando em vantagem. Desta vez deu errado, mas não creio que tenha sido um modo equivocado de encarar a peleja.
Henrique: não concebo como tu podes dar ouvidos a algum veículo FORA o Carta. sakjdhsakjhdjhs
Lourenço: falo de fórmula de campeonato, não de artifícios como a Timemania, estes sim com o objetivo exclusivo de diminuir a penúria financeira dos clubes. Adoro mata-mata, para mim não há competição melhor que a Libertadores, que é nesse sistema. Apenas acho que para o Brasileirão, tão-somente para ele, os pontos corridos são mais adequados, por "n" razões exaustivamente debatidas.
Ufa, muitas respostas a dar. Audiência qualificada, como sempre. Abraço a todos.