Há um quarto de século não se via um Gre-Nal como o que teremos sábado



Ainda é cedo para um Gre-Nal. Março é época de as equipes se assentarem e buscarem suas melhores condições antes de enfrentarem um duelo deste porte e responsabilidade. Mas o clássico que teremos daqui a três dias será diferente dos demais: poderá ser o único de 2017, ano em que os dois rivais habitam divisões diferentes em nível nacional. E justamente neste fato raro reside outro que torna o jogo de sábado ainda mais especial. Não será um Gre-Nal em vão, como normalmente acontece em começo de temporada: poderá ser a única chance de termos o clássico neste ano.

Há 25 anos não víamos Grêmio e Internacional entrarem em campo para um clássico com um dos clubes na primeira e outro na segunda divisão do futebol brasileiro. Na verdade, apenas quatro dos 411 Gre-Nais ocorreram nesta circunstância, todos em 1991. Naquele ano, o Brasileirão ocorreu até maio, e todo o segundo semestre era reservado aos estaduais. O Grêmio caiu para a Série B e disputou o Gauchão como clube de segunda divisão. Em 1992, o primeiro clássico do ano ocorreu já com o Tricolor de volta à elite.

Naqueles quatro clássicos disputados pelo polêmico Gauchão de 1991, curiosamente, o Grêmio foi quem no geral teve retrospecto melhor: ganhou duas partidas, perdeu uma e empatou outra. Pela fase inicial, venceu por 2 a 1, dois gols de Caio - Marquinhos descontou. Os outros três Gre-Nais valeram pela final: o Inter ganhou por 1 a 0 no Olímpico, gol de Alex Rossi, e ficou com a mão na taça. No Beira-Rio, o Grêmio fez 2 a 0, forçando o terceiro jogo. Mesmo com melhor saldo na melhor-de-três, o Tricolor era obrigado a vencer de novo - o empate em 0 a 0 deu o título ao Colorado, ainda que no somatório da decisão o rival tenha ido melhor.

Aquele estadual ficou marcado pela polêmica do antidoping na decisão. Após o primeiro jogo da final, o Internacional se negou a liberar os seus atletas sorteados (o zagueiro Célio Silva e o volante Simão) para fazer o exame, gerando uma disputa nos tribunais, na qual o Grêmio pleiteava os pontos do primeiro jogo. A Federação Gaúcha de Futebol deu ganho de causa ao Colorado, que acabou interrompendo o que seria o heptacampeonato gremista - também por conta da série interminável de títulos azuis é que o estadual daquele ano recebeu tamanha importância.

Esta, aliás, é outra coincidência com o momento atual: o Inter, assim como o Grêmio de 1991, está na Série B ao mesmo tempo em que luta pelo seu sétimo título estadual consecutivo. Não é a única coincidência deste período triste da história alvirrubra no paralelo com a primeira queda do rival: em 2016, o Colorado disputou a permanência na elite jogando num estádio no subúrbio do Rio de Janeiro contra um adversário carioca (Giulite Coutinho, contra o Fluminense), assim como o Tricolor, que caiu em Caio Martins ao perder para o Botafogo. Outra curiosidade macabra residia no fato de os dois rivais colorados na luta pela salvação no ano passado serem também os mesmos que disputavam com o Grêmio a permanência em 1991: Sport e Vitória.

Vale lembrar que em 2005, quando esteve pela segunda vez na Série B, o Grêmio não enfrentou o Internacional. Durante os 12 meses em que esteve na segunda divisão (de 28/11/2004 a 26/11/2005), não houve a realização de nenhum Gre-Nal, fato que não ocorria desde 1922. É justamente por isso que o clássico deste domingo chama tanto a atenção: desde 15/12/1991 não se via um jogo entre Inter e Grêmio em que um dos dois estivesse na Série B. E, a julgar pelos resultados no mínimo equilibrados daquele ano, é bom o Tricolor colocar as barbas de molho e usar o seu natural favoritismo com cautela.

Comentários

Chico disse…
Superclássico Grenal