Os desafios de Paulo Odone

Paulo Odone obteve quase 80% dos votos válidos

A eleição antecipada de Paulo Odone reflete principalmente o momento que vivia o Grêmio antes da chegada de Renato, de crise no futebol e extrema desconfiança e desesperança da torcida com relação ao time. Caso aquele pleito de renovação do Conselho Deliberativo do clube fosse realizado ontem, possivelmente o resultado teria sido outro, e a eleição para presidente em primeiro turno daria resultado capaz de levar aos associados a decisão de comandar o clube. Não deixa de ser uma ironia: aqueles que defenderam a cláusula barreira em altos 30% se veem excluídos tanto do conselho como do direito de concorrer à presidência pelo voto dos sócios.

Olhando para trás, a vitória de Odone corrige algumas injustiças do passado, como a defenestração de Eduardo Antonini, “pai” do Projeto Arena, de se encarregar dos trâmites relativos ao erguimento do novo estádio. Não é para o passado, entretanto, que a nova direção deve se referir, e nem há tempo para isso. O Grêmio passará, nestes dois anos, por um período onde necessariamente precisa conciliar o sucesso da Arena com um time competitivo e capaz de colocar o clube de volta às vitórias de alto nível. É um desafio e tanto. Em 17 de junho de 2011, o último grande título do Tricolor completará longos 10 anos.

Odone recebe um Grêmio muito melhor do que recebeu em 2005 e melhor, administrativamente, do que deixou para Duda Kroeff, em 2009: dívidas cada vez menores, contratos mais longos, Arena sendo construída. É possível fazer um trabalho que saiba dar conta de todos os encargos. A cobrança, desta vez, será maior que há seis anos. As mais urgentes providências no que diz respeito ao futebol é renovar com Renato e Jonas, os dois maiores ídolos gremistas da atualidade. Victor, o outro, já está de contrato renovado.

De resto, o plantel atual precisará de poucos ajustes. Vem fazendo, de setembro para cá, a campanha que todos dele esperavam. É salutar a manutenção da base, e ela significa praticamente todo o time hoje titular, alguns reservas promissores e a gurizada que vem entrando bem no time. Alguns jogadores mais desgastados, não tão jovens, muito caros e que não rendem o que podem serão saídas sem transtornos e atrasos para a ideia de time. Todos sabem quais são. E as peças que vierem devem ser de acréscimo inequívoco de qualidade, ou jovens apostas. Reforços de grupo, só em emergências.

Tendo sempre a ver a ideia de uma parceria com um pé atrás, mas a escolha por Rodrigo Caetano ou Paulo Pelaipe como diretores remunerados dá certa segurança neste aspecto. Provaram, com o próprio Odone, serem extremamente competentes no que diz respeito à observação de jogadores, conterão uma possível e temida megalomania no estilo ISL. Jonas, Réver e Victor vieram neste período, só para citar três. É preciso mesmo profissionalizar, mas na medida certa. O exemplo que vem do Beira-Rio não é de forma alguma maléfico só porque é rival, pelo contrário.

Complicou

A vitória do Cruzeiro sobre o Goiás dificulta o desejo que Odone externou a Duda em seu discurso de posse: o de pegar o time na Libertadores de 2011. Foi um gol contra de Jonílson, que mostrou a fragilidade psicológica do time do Cerrado. Jogo ruim, nervoso, truncado, onde até mesmo a equipe de Cuca jogou menos do que pode e deve para um candidato ao título. “Achou” a vitória. Sete pontos atrás do Corinthians, o Grêmio só não pode desanimar. Até porque o G-3 ainda pode virar G-4, e a distância vira de um pontinho só.

O e-mail

Este e-mail enviado aos sócios do Inter tem cara de balão de ensaio: lança-se o nome de Affatato para associados, sente-se a repercussão em torno de seu nome, desmente-se em seguida. Pode não ter sido, claro, mas tem todo o jeito. De qualquer modo, o momento político do Internacional é relativamente delicado, e o acordo que Carvalho e Piffero tanto querem é de difícil costura. Só a eleição do atual vice de futebol garantiria um verdadeiro consenso dentro do clube, mas é improvável. Tivesse de botar meu dinheiro, apostaria em Luigi como candidato apoiado pela atual cúpula. E, logicamente, como vencedor da disputa.

Foto: Ricardo Duarte/Clic RBS