O pragmatismo de três anos atrás

Saída de Marinho coincidiu com queda do Vitória no jogo
Quem lembra do Grêmio vice-campeão brasileiro de 2013 certamente notou enormes semelhanças daquela equipe com a que a venceu o Vitória, ontem, na Fonte Nova. Em apenas cinco jogos, Renato Portaluppi transformou por completo o modo de jogar do Tricolor - e isso não é uma crítica, nem um elogio, mas apenas uma constatação: em Salvador, o time gaúcho teve apenas 42% do tempo de posse de bola, sinal de que foi bastante reativo. Ainda assim, teve muito mais chances criadas e arremates à meta baiana. Poderia ter saído do Nordeste com um resultado mais amplo.

A diferença principal daquele Grêmio de três anos atrás para o de agora, sob o comando de Renato novamente, é o aproveitamento das oportunidades criadas. Em 2013, o Tricolor era bem mais efetivo nas chances que criava - também pela maior qualidade de seus atacantes na época, além da falta de articuladores (jogavam apenas os volantes Souza, Ramiro e Riveros no meio). Ontem, repetiu o maior pecado da Era Roger: perdeu gols demais, alguns deles muito claros. A vitória só foi apetada por conta do baixo aproveitamento ofensivo deste time, que segue criando muito e convertendo pouco.

Ainda assim, em geral, catar defeitos na atuação na Fonte Nova é ver o copo meio vazio. O Grêmio não vencia pelo Brasileiro fora de Porto Alegre há mais de quatro meses, e conseguiu um resultado importantíssimo em sua luta pela Libertadores, e de forma mais que justa. Não foi uma atuação bonita, mas nem é esse o propósito. Apesar disso, mostrou um time seguro defensivamente, de marcação bem encaixada - tarefa que ficou facilitada quando Marinho deixou o campo lesionado. Ele é quase meio time do Vitória atualmente, e sua saída coincidiu com uma brusca queda de produção do time baiano em campo.

Houve várias boas atuações: Douglas, comandando o time com imensa categoria, foi o melhor de todos. Mas Jaílson, além do gol, fez um ótimo trabalho; Ramiro novamente foi peça fundamental; Geromel e Kannemann foram firmes como de hábito; e Everton entrou muito bem no lugar do instável Henrique Almeida, dando vitória pessoal a um time que teve inúmeros contragolpes à disposição, e desperdiçou todos na hora da definição. Se a bola parada defensiva Renato parece já ter ajeitado, o grande desafio agora é corrigir lá na frente. E dá pra corrigir: os atacantes não são tão ruins quanto andam parecendo.

O principal, porém, foi ver uma retomada da confiança. Diante do Palmeiras, pela Copa do Brasil, sobrou postura ao Grêmio, mas diante do Cruzeiro o desânimo foi preocupante. Com a volta das chances de Libertadores por cota do G-6, o que se viu foi uma equipe mais determinada, que soube explorar com sabedoria a tensão do adversário ameaçado para sair de campo com os três pontos. Agora, novamente colado ao Fluminense, o Tricolor receberá o Atlético Paranaense, 6º colocado, dois pontinhos à frente, num duelo direto na quinta que vem. O Brasileirão gremista esquentou de novo.

Bons resultados paralelos
Em geral, a Dupla Gre-Nal se deu bem nos resultados paralelos da rodada de ontem. Para o Grêmio, a vitória do Atlético Paranaense sobre a Chapecoense não foi boa, mas a derrota do Fluminense para o Santos sim. No caso colorado, além de o Vitória ter perdido em casa, o empate entre Sport e São Paulo travou dois clubes que estão um pouco à frente. Porém, dificultam a saída do Z-4 já nesta rodada.

Galo quase fora da briga
Empatar com o Corinthians em Itaquera quase nunca é ruim, mas para o Atlético Mineiro era importante ter vencido ontem. O 0 a 0 segura o Galo nos 53 pontos, enquanto os paulistas têm tudo para ir a 60 no fim de semana, quando enfrentarão o América mineiro em Londrina, onde certamente terão maioria absoluta de torcida. Mesmo que a tabela atleticana seja melhor nesta reta final, tirar sete pontos em nove rodadas é complicadíssimo.

Vencer segue sendo obrigação
O Inter vai a campo hoje com alguns desfalques, mas a obrigação de vencer é total. Ganhar do Coritiba tirará o Colorado provisoriamente da zona de rebaixamento, embora no fim de semana o retorno ao Z-4 seja muito provável. O jogo é em casa e vencível: o Coxa vem com problemas de escalação ainda mais graves.

Vencer segue sendo obrigação II
Premiados pela boa atuação diante da Colômbia, Giuliano e Philippe Coutinho começam hoje a partida diante da Bolívia. Paulinho e Willian saem da equipe, portanto. É uma boa oportunidade para arriscar: as mexidas podem tornar a Seleção um pouco mais vulnerável atrás, mas a fragilidade do adversário permite essa tentativa. O que não se permite é um tropeço: para confirmar a boa fase dos dois primeiros jogos sob o comando de Tite, o Brasil precisa fazer seis pontos contra Bolívia e Venezuela e encaminhar de vez sua classificação para a Copa do Mundo. Se certamente a sintonia entre torcida e time melhorou, a exigência sem dúvida também crescerá a partir de agora. Comentarei o jogo pela Rádio Estação Web, a partir das 21h30.

Foto: Francisco Galvão/Vitória.

Comentários

Chico disse…
O Tricolor melhorou com Portaluppi. É defesa é bem mais segura. Os golos de bola parada voltaram. E o time joga com mais gana.
Chico disse…
Mais uma patrolada contra o dono do trator.