Um valioso ponto que não paga a dívida

Mercado cabeceia na trave: jogo pegado em Buenos Aires
Em praticamente qualquer situação, obter um empate no Monumental de Núñez contra o River Plate é um grande resultado. No caso do São Paulo hoje, não foi mais que razoável. Tudo ainda fruto do enorme prejuízo causado pela derrota da estreia, para o Strongest, em pleno Pacaembu. O 1 a 1 em Buenos Aires, pelo menos, manteve a equipe de Edgardo Bauza viva. A situação, porém, segue complicada.

Mesmo completamente perturbado após o vexame de ter levado 3 a 1 em casa do São Bernardo, o São Paulo fez uma partida de nível bem razoável na Argentina. O começo foi difícil: sem confiança, o time paulista começou sendo dominado pelo River, que perdeu grandes chances com Mercado e Alario. Acossada, a equipe brasileira mal passava do meio-campo, suportando a pressão do jeito que dava. O golaço de Ganso, aos 16, caiu do céu, mas não mudou o panorama da partida, que era a pressão da equipe mandante.

A má fase cobrou seu preço aos 31, em uma falha incrível de Dênis: socou uma bola de forma desnecessária e ainda deu o azar de ela pegar nas costas de Thiago Mendes e entrar. O gol inflamou a torcida argentina, mas faltava criatividade aos comandados de Gallardo, que tinham em Fernández uma figura não tão participativa como deveria na criação. As saídas de Ponzio e as subidas dos laterais (especialmente Vangioni) é que serviam como ameaça, além das bolas aéreas. Por outro lado, a velocidade de Centurión era uma arma tricolor nos contragolpes.

Mais calmo após o intervalo, o São Paulo voltou melhor, controlando o River Plate e mantendo-o longe de sua área. Gallardo sentiu que o jogo estava ficando complicado e investiu em D'Alessandro para a criação, retirando Ponzio. Temendo perder o duelo do meio, o cauteloso Bauza retirou Centurión e pôs Michel Bastos, para recomposição do setor. O jogo, assim, ficou mais truncado, disputado no meio e equilibrado. Os papéis, porém, se mantiveram os mesmos: os argentinos propunham jogo, os brasileiros se defendiam (agora com maior segurança) e especulavam na velocidade. Por mais de um momento, o time paulista teve a vitória nos pés, mas não matou o jogo.

Cabe destacar a figura de Ganso. Tão criticado pelos mais diversos (e justos) motivos, ele é um dos poucos que se salva neste começo de ano complicado do São Paulo. A exemplo de sábado, hoje fez um golaço. Comandou a criação, liderou tecnicamente a equipe, deu carrinho, marcou, correu e brigou. Fez tudo o que dele se esperava. Se não foi suficiente para a vitória, é porque faltou parceria.

O resultado apenas mantém o Tricolor vivo, o que não é pouco para quem chegou tão por baixo a Buenos Aires. Com 1 ponto, o São Paulo tem a obrigação de vencer seus três próximos jogos (dois contra o Trujillanos, mais o River em casa) para chegar à altitude de La Paz vivo ou até mesmo e vantagem na disputa da classificação. Ainda assim, não será fácil chegar aos mata-matas. O preço pela derrota em casa para os bolivianos é tão alto que nem esse ponto valioso no Rio da Prata foi capaz de saldar a dívida.

Em tempo:
- Depois do começo empolgante, Calleri chega a nove jogos sem marcar. Ex-Boca, foi muito vaiado hoje.

- Muitas homenagens a Roberto Perfumo, ídolo não só do River, mas também de Racing, Cruzeiro e seleção argentina. Um dos mais respeitados comentaristas esportivos do país vizinho, nos deixou hoje, aos 73 anos, após um acidente doméstico causado por um aneurisma. Grande perda do futebol sul-americano.

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Copa Libertadores da América 2016 - 1ª fase - Grupo 1 - 2ª rodada
10/março/2016
RIVER PLATE 1 x SÃO PAULO 1
Local: Monumental de Núñez, Buenos Aires (ARG)
Árbitro: Julio Bascuñan (CHI)
Público: 45.000
Gols: Ganso 16 e Thiago Mendes (contra) 31 do 1º
Cartão amarelo: Mammana, Fernández, Hudson, Calleri, Maicon, Lugano e Ganso
RIVER PLATE: Barovero (5,5), Mercado (5), Mammana (6,5), Vega (6) e Vangioni (6); Domingo (4,5), Ponzio (6) (D'Alessandro, 11 do 2º - 5,5) e Fernández (5); Mora (5,5), Alario (5) (Alonso, 15 do 2º - 5) e Driussi (5) (Martínez, 34 do 2º - sem nota). Técnico: Marcelo Gallardo
SÃO PAULO: Dênis (4), Bruno (5,5), Lugano (6), Maicon (6,5) e Mena (5,5); Thiago Mendes (4,5), Hudson (5,5) e Ganso (7); Centurión (6) (Michel Bastos, 17 do 2º - 5), Calleri (5) (Alan Kardec, 36 do 2º - sem nota) e Carlinhos (5,5) (Caramelo, 28 do 2º - 5). Técnico: Edgardo Bauza

Foto: River Plate/Divulgação.

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