Meio a zero, duas goleadas

A noite deste domingo na Arena foi de um jogo horroroso, um dos piores do campeonato. Foi o típico "meio a zero": o Grêmio jogou muito mal, um de seus piores jogos no certame. Criou pouco, teve dificuldades para marcar o fraco, mas organizado Bahia, e ganhou com um gol de chiripa, feio, quase que parido. Mas foi, apesar disso tudo, uma noite de duas goleadas. Primeiro porque 1 a 0 no Brasileirão vale para a tabela tanto quanto uma goleada, e a atuação ruim do Tricolor ontem foi muito pior do que o 1 a 0. Segundo, porque a Geral foi vaiada. Mas imensamente vaiada, a ponto de fechar o bico, quando começou a entoar cantos racistas. Mostrou mais uma vez, de forma claríssima e definitiva, que se acha acima do clube porque um dia já o apoiou "incondicionalmente", mas hoje só o prejudica. Uma torcida que segue vivendo num mundo absolutamente paralelo e abominável, e que se não rever seus conceitos vai caminhar para a extinção, pois está perdendo todo o apoio que tem, seja político ou do restante dos torcedores que vão ao estádio.

Em campo, foi a pior partida do Grêmio sob o comando de Luiz Felipe. Há vários motivos para isso, e o primeiro, claro, passa por quinta-feira. A derrota para o Santos certamente abateu o elenco, que entrou visivelmente sem a fome de marcação dos últimos jogos. O segundo é que o time gaúcho foi, na prática, o de Enderson Moreira: Felipão encheu a equipe de meias, o que os torna maçantes e pouco objetivos, formando um 4-2-3-1 que mais uma vez não funcionou no primeiro tempo. O Grêmio só teve chegadas em iniciativas individuais. Na parte defensiva, marcou muito mal. Assistiu ao Bahia controlar o jogo, e permitiu-lhe trocar passes em seu campo ofensivo. A equipe de Gílson Kleina só não criou tantas chances porque tecnicamente é fraca, embora seja muito bem treinada.

Mais uma vez, o time gaúcho melhorou significativamente com a entrada de um terceiro volante. No caso de ontem, Matheus Biteco. Sua atuação foi excelente, e deve ser suficiente para que ele seja titular diante do Flamengo, até porque Ramiro está suspenso. Além de dar mais consistência ao meio, qualificou a saída de bola e armou jogadas melhor que qualquer meia em todo o primeiro tempo. Novamente, o Grêmio melhorou defensiva e ofensivamente com um terceiro marcador no meio. Este é o caminho: o elenco gremista tem uma enorme qualidade para o futebol moderno, que é a de ter vários volantes que sabem jogar com a bola nos pés. Ela precisa ser aproveitada, obrigatoriamente, e a cada rodada, desde o ano passado, isto fica mais claro.

O gol foi o símbolo da atuação do Grêmio: feio, horroroso, construído a partir de uma iniciativa individual - no caso de Giuliano, que partiu para cima e tabelou até a entrada da área, onde Dudu e Barcos fizeram o resto. Mas a vitória foi importantíssima, e as dificuldades eram previstas. O Bahia, apesar de penúltimo, não perdia há sete jogos (cinco deles pelo Brasileiro). Nestes sete jogos, tomou apenas dois gols. É uma equipe que vem se tornando difícil de ser batida e vazada, o que valoriza o resultado.

Em termos de tabela, já foram 6 pontos conquistados em casa de 6 possíveis. O crescimento é visível: de 11º colocado após a derrota no Gre-Nal, o Grêmio já é 6º. São quatro pontinhos até o G-4 e dois até o Fluminense, 5º colocado. O aproveitamento já é superior a 50%, taxa balizadora de quem faz campanhas ao menos razoáveis. As coisas vão aos poucos se ajeitando. Os três volantes vão, de novo, dar ao Tricolor uma boa campanha no Campeonato Brasileiro.

Domingo colorado
O domingo foi ótimo para o Internacional. Na verdade, a rodada, tirando mais uma vitória do Cruzeiro. O Figueirense segurou o São Paulo no Orlando Scarpelli com um empate em 1 a 1 e recolocou o time de Abelão na vice-liderança. Já Corinthians e Fluminense fizeram a melhor partida da rodada em Itaquera, e o empate em 1 a 1 foi bom para todo mundo, menos para os dois próprios adversários. Ajudou o Inter a se manter em 2º e o Grêmio a se aproximar do G-4.

Fim de turno complicado
Outrora sacos de pancada, Figueirense e Flamengo chegam à última rodada do turno do Brasileirão em alta. Os catarinenses não perdem há seis jogos, dos quais ganharam quatro; os cariocas venceram as últimas cinco partidas que disputaram. São, precisamente, os dois rivais dos gaúchos no domingo que vem. O Grêmio terá, no Maracanã, a certeza de um jogo muito difícil. O Inter, no Beira-Rio, vai pegar uma equipe bem traiçoeira, treinada pelo ajeitador de times Argel Fuchs. Nenhum dos dois, mesmo que perca, terminará a metade do campeonato na zona de rebaixamento. O Fla, inclusive, pode empatar com o Grêmio em pontos, caso o vença.

Comentários

Anônimo disse…
Pelos jogos e pelos resultados, esse time não lembra um tanto o do Renato ano passado? Estou com essa impressão.

E espero que depois dessas nenhum candidato apareça propondo subsidiar a geral, como já aconteceu.

Vicente Fonseca disse…
Com certeza, lembra muito! Três volantes, muita segurança defensiva e poucos gols. A diferença é que esse time atual cria mais chances, mas é mais inefetivo.