Sem surpresas



A Ponte Preta nem teve chance. Sua bela campanha parou aos 2 minutos do primeiro tempo, numa boa cobrança de falta de Fellipe Bastos que saiu à direita de Marchesín. A partir daquele momento, só deu Lanús, o melhor time e merecido campeão da Copa Sul-Americana.

A equipe argentina criou nada menos que nove chances de gol no primeiro tempo. Guillermo Barros Schelotto, que sempre primou pela inteligência dentro de campo, mostra que tem um grande futuro como técnico. Seu 4-3-3 forçou jogadas em cima dos fracos laterais da Ponte, e pelas alas saíram várias chances de gol. Pela direita, havia o ponteiro Blanco, o nome da final. Driblador, insinuante, preparador no 1º gol e oportunista no 2º. Pela esquerda, o ala Velázquez, que voltou a se destacar, como no Pacaembu. Chega fácil à linha de fundo, chuta bem de longe e cruza com perfeição para a chegada dos atacantes.

O contra-ataque sempre foi a alma do negócio da Macaca nesta Sul-Americana, mas o Lanús não deu chance para que ele ocorresse em momento algum. O time de Schelotto soube fazer o que Vélez e São Paulo não souberam: jogou com muita intensidade. O Lanús era uma equipe mais robusta para a hora das divididas e a partir disso assumiu a postura de anular qualquer possibilidade de chegar do time de Campinas. A marcação dos laterais e volantes era adiantada, isolando Elias do jogo. Rildo e Leonardo também foram anulados. Com o fraco Artur na direita e Fernando Bob improvisado na esquerda, nem pelos lados era possível chegar.

O que se viu foi um jogo de metade de campo no primeiro tempo, com a equipe argentina ganhando todos os rebotes e criando uma chance atrás da outra. Antes do gol de abertura de placar, aos 24, a equipe da casa já havia chegado quatro vezes na cara de Roberto com enorme perigo. Ayala, um volante, é quem abriu o placar dentro da área, de carrinho, tal a intensidade da equipe. Até o intervalo, foram mais três oportunidades criadas. Silva fez falta em César no lance do 2 a 0, é verdade, mas o placar passava a refletir melhor o que havia sido a primeira etapa.

Este gol proporcionou um segundo tempo em baixo ritmo do time da casa. Era difícil mesmo manter a intensidade dos 45 iniciais. Jorginho, expulso antes do intervalo, colocou Adaílton para ter mais posse na frente e Ferrugem para subir mais pelos lados. Deu certo até certo ponto: a Ponte equilibrou a posse de bola, teve mais iniciativa, mas a exemplo do primeiro tempo quase não ameaçou. O Lanús sempre teve o jogo nas mãos. Faltou qualidade à Macaca. As melhores chances da etapa final foram novamente argentinas.

O Lanús já estava garantido na Libertadores por ser melhor argentino desta Sul-Americana, mas ainda assim sempre quis o título. A campanha, derrotando Racing, River e Libertad, é incontestável. Não é o timaço da Universidad de Chile de 2011, mas ainda assim é um grande campeão, que disputa o título argentino e tem alguns valores individuais interessantes, um time que promete dar trabalho na Libertadores se mantiver a base. A Ponte, bem, foi mui digna. Chegou até onde ninguém, nem mesmo seu mais otimista torcedor, esperava. Agora é hora de pensar no que deu errado e se reformular para a Série B do ano que vem. Quanto à Libertadores, a torcida do Botafogo agradece. O Fogão volta à Copa, 18 anos depois.

Mais um sorteio
A Libertadores define seus grupos hoje à noite, a partir das 22:00. A Conmebol faz mistério quanto aos cabeças de chaves, o que é lamentável, mas se mantiver os critérios dos últimos três anos teremos apenas Atlético Mineiro e Cruzeiro entre eles, dos brasileiros. O Grêmio deve cair no Pote 3, fora de um confronto prematuro com os dois mineiros e o Flamengo. Mas pegar Atlético Paranaense ou Botafogo é uma possibilidade.

A primeira de assombrar
Neymar já teve excelentes atuações pelo Barcelona, mas a de ontem superou todas. Marcar três gols na Liga dos Campeões é para poucos. Ele fez isso e poderia ter feito ainda mais na goleada por 6 a 1 sobre o Celtic. Deixou o gramado do Camp Nou aplaudido de pé. Ontem também foi dia de eliminação de Juventus, Napoli e Porto, que desde já são favoritos na Liga Europa.

A pior grande venda
O Internacional superestimou o valor de mercado de Leandro Damião por três anos. Teve propostas que batiam os 20 milhões de euros e pedia mais. Com a temporada irregular em 2012 e ruim neste ano, sai por 13 milhões de euros, quase metade do sonhado. Ainda assim, um ótimo valor, a maior transação entre clubes brasileiros da história. No Santos, ele poderá reencontrar a humildade que anda faltando e prejudicando seu futebol há tempos. O Inter ajuda suas finanças e o Atlético de Ibirama, enfim, terá o Papai Noel pançudo que há anos sonhava.

Em tempo:
- Raja Casablanca vence o Auckland City por 2 a 1 na abertura do Mundial. Pela primeira vez, uma equipe da Oceania deu real trabalho ao time da casa.

- Marcelo Medeiros deve ser o novo-velho vice de futebol do Inter. Mais do mesmo em 2014.

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