Sofrível



Atlético-PR e Grêmio já nutrem a discutível tradição de realizarem alguns dos piores jogos dos últimos Campeonatos Brasileiros, especialmente se a partida for em Curitiba. Em 2009, quase nada aconteceu num morno 0 a 0 que não levou nenhum dos times a lugar algum. Dois anos depois, o Grêmio fez 1 a 0 em um bizarro gol contra, em um jogo sonolento. E o de hoje até teve alguma emoção nos minutos finais, mas foi tecnicamente sofrível.

Não era preciso muito para chegar à conclusão de que o Furacão é um time fraco. A escalação já denuncia suas fragilidades. Antes do campeonato eu já dizia que trata-se de um dos piores times da primeira divisão de 2013. Em campo, elas ficaram mais evidentes. A equipe da casa mal conseguiu criar jogadas no primeiro tempo, dadas as limitações técnicas de seus jogadores. Ederson era o mais perigoso, com duas boas conclusões no primeiro tempo.

No entanto, o Grêmio em nenhum momento soube explorar esta fragilidade atleticana. O jogo ficou nivelado, e por baixíssimo. O losango não funcionou tão bem quanto no jogo contra o Vitória, basicamente por um motivo: Zé Roberto pouco caiu pelo lado direito. Naquela partida, derivando do meio para a direita, ele trouxe equilíbrio de ações ofensivas pelas duas laterais. Hoje, atuou mais centralizado, concentrado em se aproximar de Vargas e Barcos. Como Souza não tem a característica do apoio e Moisés mostrou sérias fragilidades técnicas em sua estreia, o Grêmio pouco atacou pela direita. Na esquerda, com a movimentação de Vargas, até surgiu alguma coisa, mas Guilherme Biteco errou muitos passes. Zé Roberto também.

O segundo tempo foi igualmente sonolento até sua metade, quando o Grêmio começou a esboçar uma pressão - uma cabeçada de Souza na trave e uma grande saída de Weverton evitando o gol de Barcos. Mas logo o Furacão reagiu, criou mais duas chances e passou a se adonar do jogo. Dos 24 aos 33 do segundo tempo foi o único momento do jogo em que algum time mereceu fazer gol, e era o Atlético-PR, que pressionava um Grêmio que marcava mal e não tinha saída de contragolpe. Tomou um gol que já amadurecia, em grave falha coletiva da defesa, permitindo que um lateral adversário aparecesse completamente livre quase na pequena área para finalizar.

Então, veio o único lance bom de todo o jogo para o Grêmio. Não apenas por ter sido o gol de empate, mas porque ele foi de Barcos, centroavante que precisava marcar, e que não vinha bem no próprio jogo, mas justificou sua atuação com o golaço. E também por ter sido um bom lançamento de Maxi Rodríguez, o uruguaio que estreou e em seu primeiro toque na bola com a camisa tricolor já participou de um gol. Barcos em paz com as redes e Maxi mostrando boa credencial: eis o único rescaldo positivo da noite curitibana para o Grêmio.

Nada pode ser cobrado de Renato ainda. Em seu primeiro jogo, o Grêmio não demonstrou ânimo muito maior que em partidas anteriores. Tecnicamente, foi a pior partida do time no campeonato, aliás. Ele demorou a mexer no time, também. Mas o losango merece novos testes, embora precise de ajustes. Mesmo que tenham sido dois pontos jogados no lixo (o Atlético-PR é fraco, e as circunstâncias do jogo só fazem do 1 a 1 um placar ruim, e não péssimo), é sempre bom começar sem derrota. Mas para encarar o bom time do Botafogo na Arena, semana que vem, será preciso evoluir bastante.

Campeonato Brasileiro 2013 - 6ª rodada
6/julho/2013
ATLÉTICO-PR 1 x GRÊMIO 1
Local: Vila Capanema, Curitiba (PR)
Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (GO)
Público: 8.401
Renda: R$ 142.865,00
Gols: Pedro Botelho 33 e Barcos 38 do 2º
Cartão amarelo: Everton, Bruno Silva e Moisés
ATLÉTICO-PR: Weverton (6), Léo (5), Manoel (5,5), Luiz Alberto (5,5) e Pedro Botelho (6,5); Bruno Silva (5), João Paulo (4,5), Zezinho (5) (Paulo Baier, 17 do 2º - 4,5), Felipe (4,5) (Marcão, 40 do 2º - sem nota) e Everton (5,5) (Jonas, 47 do 2º - sem nota); Ederson (5,5) Técnico: Ricardo Drubscky (4,5)
GRÊMIO: Dida (5,5), Moisés (4), Werley (5,5), Bressan (5,5) e Alex Telles (5); Adriano (4,5), Souza (5) (Cris, 45 do 2º - sem nota), Guilherme Biteco (4,5) (Maxi Rodríguez, 33 do 2º - 6) e Zé Roberto (5); Vargas (4,5) (Kleber, 33 do 2º - sem nota) e Barcos (6). Técnico: Renato Portaluppi (4,5)

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