Modelo 2010. Ou 2013?

Renato Portaluppi, em seu primeiro jogo-treino como técnico do Grêmio, já encaminhou o time, curiosamente, com o mesmo esquema que fez sucesso em 2010: o 4-4-2 em losango. Tenho restrições a técnicos que se valem sempre de uma mesma fórmula, presos a esquemas táticos pré-definidos. Não digo que seja o caso de Renato, vice-campeão da América com o Fluminense, em 2008, no 4-2-3-1. No Grêmio de agora, aliás, talvez seja a melhor alternativa. Só não dá é para ser a única.

O que Renato fez contra o São Paulo/RG não é algo inédito, nem definitivo. É o mesmíssimo meio-campo escalado por Vanderlei Luxemburgo contra o Vitória, na melhor partida do Grêmio neste Brasileiro. Adriano mais preso, Souza e Guilherme Biteco numa segunda linha, com o canhoto subindo mais, e Zé Roberto solto, com maior liberdade de movimentos. Semelhanças com Fábio Rochemback, Adílson, Lúcio e Douglas à parte, para esta formação ainda sem Riveros e Elano é uma boa solução. Talvez com eles também.

O Grêmio não precisa de grandes revoluções táticas. Embora às vezes caísse no delírio de um mal montado 4-3-3, Luxemburgo deixou, sim, um legado positivo: a formação do time tem se mantido basicamente a mesma desde o ano passado, com dois volantes, dois meias e dois atacantes. O que Renato precisa é ajustar a engrenagem, fazer mudanças pequenas e pontuais. Além do aspecto anímico, o time precisa de mais dinamismo, movimentação, velocidade de execução e aproximação. Tudo isso ajuda a furar retrancas, algo que o time de Luxa sempre teve dificuldades, mesmo nos bons momentos de 2012.

É cedo para dizer, mas talvez os atacantes se beneficiem desta nova formação. Contra o Vitória, Barcos e Kleber tiveram diversas chances, mas concluíram mal ou pararam no milagroso goleiro Wilson. No jogo-treino desta quarta, cada um marcou um gol. Se o time atuar bem em Curitiba, mesmo com a entrada dos dois titulares que faltam, aposto na manutenção desta formatação de meia-cancha. No caso, Riveros como primeiro homem, Souza e Zé Roberto (este em função semelhante à desempenhada na Copa de 2006) na segunda linha, e Elano mais livre, adiantado em relação a estes. Na prática é outra coisa, sempre. Mas a teoria promete.

Losangos por todos os lados
Se Renato implantará o losango no meio do Grêmio, Dunga parece adotar caminho semelhante no Internacional. Nesta quinta, treinou a equipe com Aírton centralizado atrás, Josimar e Kleber numa segunda linha e D'Alessandro à frente deles. Uma alternativa interessante para quem perdeu Fred: Jorge Henrique não é meia, e dificilmente substituiria o menino de modo a manter suas características naquele 4-2-2-2 anterior. Kleber no meio poderia dar ao Inter uma tabelinha pelo lado esquerdo com Fabrício, tal qual Renato fez no Grêmio em 2010, com Lúcio e Fábio Santos, também dois laterais esquerdos.

No entanto, há uma diferença: Kleber é lento, enquanto Lúcio e Guilherme Biteco são rápidos. Um dos dois da segunda linha do losango precisa sempre ser rápido, para o time não ficar muito travado. No caso do Inter, esta saída veloz não existirá, o que pode ser um problema. Talvez Jorge Henrique, mesmo não sendo um meia, como eu disse no parágrafo anterior, seja um jogador mais interessante que Kleber para esta função no meio com losango. Mas vale a tentativa, e só de haver a tentativa Dunga já mostra um aspecto positivo: é um técnico de convicções, mas que não se prende a um esquema. Testar formações novas ao perder titulares importantes faz parte do jogo.

Comentários

Chico disse…
A grande qualidade do Portaluppi é que ele faz o simples. Ao contrário do puto do luxemburrro que só fazia invenção.