A gororoba que quase custa a derrota



Imagine o seu time perdendo o jogo em casa. O que você, se fosse treinador, faria? Certamente mexeria para deixá-lo mais ofensivo, agudo, agressivo. No caso do jogo desta quarta, na Arena, vimos justamente o contrário. E o pior: era realmente a única coisa a se fazer. O Grêmio entrou em campo com um esquema e foi deixando o time com cada vez mais cheio de jogadores de características defensivas para buscar o empate. Tudo em função da gororoba tática armada por Vanderlei Luxemburgo, que quase custou uma derrota que dificilmente seria engolida, já que o empate caiu de forma já bastante indigesta.

Luxa repetiu o famigerado 4-3-3 com Welliton, Barcos e Kleber que perdeu para o Cruzeiro-RS em março, na pior atuação do Grêmio entre tantas ruins que o time teve em 2013. Não tinha como dar certo. Justificou o esquema em função da escalação são-paulina, um erro primário, pois só em circunstâncias muito especiais se monta o time baseado no adversário. Entrou em campo com uma equipe que nunca treinou junto, não teve meio-campo, não teve marcação, não teve criação e não teve ataque.

O São Paulo, em momento mais conturbado que o do próprio Grêmio, só fez 1 a 0 porque também jogou pouco. O 4-3-3 são-paulino, ao contrário do gremista, é repetido à exaustão por Ney Franco desde o ano passado. Osvaldo e Aloísio participam da armação de jogadas, recompõem o meio, se aproximam de Luís Fabiano, ao contrário de Kleber e Welliton, que não são pontas e nunca sequer treinam esta formação. Assim, os paulistas dominaram o jogo por algum tempo na etapa inicial, mas o 0 a 0 estaria de bom tamanho, pois foram poucas as chances de lado a lado. O jogo foi horroroso.

Para a etapa final, em desvantagem e muito vaiado, Luxa mexeu bem por ter escalado mal. Com Guilherme Biteco e Elano, o Grêmio passou a atuar num 4-4-2 com meio em losango, três articuladores e Souza atrás. O time adiantou sua linha de marcação, mas ainda assim criava pouco. Tinha chances na base da vontade e do abafa. Elano, com bons chutes, era o melhor do time, participando de quase todos os lances perigosos. A pressa era cada vez maior, e talvez fosse ela o melhor zagueiro do São Paulo no segundo tempo. Mesmo bem postado, o time paulista sofreu o empate da forma que mais levou gols em 2013: na bola parada. E era só assim mesmo que o Grêmio poderia chegar ao empate, dadas as dificuldades de criação.

Fábio Koff tem razão ao analisar a campanha gremista como razoável, mas este já é o segundo resultado ruim em sequência, e a pior atuação da equipe no Brasileiro até agora. O Grêmio para para a Copa das Confederações a três pontos da liderança, num mediano 7º lugar, mas poderia ter conseguido bem mais. A escalação proposta por Luxemburgo nesta quarta foi a grande responsável por estes dois pontos perdidos. Koff demonstra paciência e confiança em Luxa a cada entrevista, mas é por causa de equívocos graves como o cometido pelo treinador nesta quarta que a paciência. A da torcida já esgotou faz tempo.

Mas quem vem bem?
O começo gremista é mesmo só razoável, mas a irregularidade não é um mal exclusivo do Tricolor. Neste começo de Brasileiro, todos os favoritos oscilam. O Fluminense perdeu para a Portuguesa a chance de assumir a liderança provisória. O Atlético Mineiro voltou à zona de rebaixamento ao perder para o Santos, em falha de Victor. O Botafogo até começou bem, mas o Cruzeiro e o São Paulo têm campanha idêntica à do Grêmio, e o Corinthians vem ainda pior. Tudo ainda é nebuloso neste Brasileirão equilibradíssimo, que após cinco rodadas só tem um time invicto: o surpreendente líder Coritiba.

Ca-Ju de nível
A Dupla Ca-Ju começa muito bem nas Séries C e D. Ambos venceram seus dois jogos cada disputados, totalizando quatro vitórias e 100% de aproveitamento dos times da serra nos respectivos campeonatos. O Caxias bateu Macaé e Betim, e o Juventude ganhou do Penapolense e, nesta quarta, do Marcílio Dias, no finzinho. Boa notícia para o futebol do interior.

Comentários

Faraon disse…
Jogo ruim, escalação despropositada, estádio vazio, campeonato começando todo torto em meio à Libertadores e Copa das Confederações, vários times jogando desfalcados por conta disso. Olha, tchê, TÁ BRABO.
Vicente Fonseca disse…
Feio, feio mesmo. Lembro que em 2010, pouco antes da Copa do Mundo, o começo de campeonato foi igualmente desmobilizado por causa da competição maior que envolvia a seleção. O Brasileiro precisa começar antes, no mínimo uns 20 dias antes. Essa parada após míseras 5 rodadas é terrível.

Quanto ao público (18 mil), é realmente muito baixo para um estádio que se propõe a receber ao menos 30 mil pessoas por jogo. Permitir que o sócio ausente avise, pra o clube poder vender sua cadeira a cada jogo é uma alternativa interessante, mas o principal pro público ser baixo parece mesmo a fase do Grêmio. Mau momento do time é quase sempre a principal causa de baixo público.
Chico disse…
Até quando vamos ter de agüentar o luxemburro? Mais uma invenção para coroar outro fracasso.

E o Mano foi pro flamerda.