Vendas e reposições

Fernando e Leandro Damião têm algo mais em comum além de serem dois jogadores da Dupla Gre-Nal que defenderão o Brasil na Copa das Confederações: é o fato de que ambos devem deixar Porto Alegre para irem atuar no futebol europeu nas próximas semanas. Ambas as vendas são praticamente inevitáveis: o Inter precisa de dinheiro, o Grêmio também, e os valores são bons. Participar de um torneio de primeiro nível no futebol mundial ajuda a inflacionar o preço de ambos. A hora é mesmo agora.

Supondo que ambos realmente sejam vendidos, é hora de pensar na reposição. Aí é que vem o lado mais complicado da questão, especialmente para o Internacional. O diretor de futebol Newton Drummond se diz assustado com os valores pedidos no mercado. Elenca também uma dificuldade de achar jogadores com o perfil que agrade a Dunga. Achar centroavante bom não é fácil. Os melhores que o Inter teve nos últimos 20 anos foram todos formados em casa. Nilmar se diz feliz no Catar, Robinho está descartado, Júlio Baptista será disputado por outros clubes também e agora até Jorge Henrique está sendo pretendido pelo Grêmio. Nem todos estes são centroavantes, nem todos têm o nível de Damião, mas todos poderiam ajudar a qualificar o ataque no caso de venda.

Certo mesmo é que, vendendo Damião ou não, o Inter precisa de reforços. Rafael Moura não é solução para o ataque, e o banco de reservas em Salvador deixou claro que falta grupo no Beira-Rio. Tudo em uma hora onde a venda de seu camisa 9 parece inevitável, diante das circunstâncias de que o clube precisa fazer caixa, já que não vem atuando em casa e paga a conta por estar reformando o Beira-Rio com uma diminuição severa das receitas que poderiam ser aplicadas no futebol.

No caso do Grêmio, a situação é bem mais tranquila - não tanto em relação às finanças, mas principalmente quanto à reposição. Fernando quer mesmo deixar Porto Alegre, e 15 milhões de euros, valor estipulado para sua venda, é um dinheirão para um volante, mesmo de seleção. O Grêmio tem mesmo que negociá-lo, até porque achar um bom volante é bem mais fácil que encontrar um centroavante de alto nível. Adriano pode dar conta do recado enquanto a Copa das Confederações transcorre, por exemplo, mesmo sem estar no nível de Fernando.

A busca por Rafael Carioca, se realmente existe, é uma ótima alternativa. Mostrando o futebol que exibiu em 2008 no Grêmio ou nos últimos meses de Spartak, pelos relatos que chegam da Rússia, será o suficiente para manter o nível do time. É um jogador de boa técnica, excelente desarme e boa distribuição de jogo, até melhor que a de Fernando, que tem nos erros de passe seu ponto fraco. Mudaria, apenas, a característica. Rafael tem menos chegada à frente e não tem a capacidade de conclusão, de ser o elemento surpresa que Fernando representa. Essa tarefa de executar o que fazia Willian Magrão no time de 2008 passará para Souza. Mesmo não sendo um jogador de chegada tão boa à frente quanto Fernando, domingo, diante do Náutico, ele mostrou que pode executar esta tarefa. Participou muito bem dos dois gols do time de Vanderlei Luxemburgo.

Comentários

Marcelo disse…
Não vejo com bons olhos a venda do Fernando.
Daqui a um ano tem a copa do mundo, que poderá valorizá-lo ainda mais.
Além disso, Fernando foi formado no Grêmio, acho muito importante termos pratas da casa no time. Muitos jogadores de fora não tem o mesmo comprometimento.
A questão financeira acho questionável. A atual gestão saiu gastando enlouquecidamente, trazendo medalhões com resultados duvidosos.
Vicente Fonseca disse…
Eu sempre acho que o ideal é o jogador permanecer, acho que faz bem para os clubes daqui. Mas no caso do Fernando existe um fator que pesa demais para a sua saída, Marcelo: a vontade dele de jogar na Europa. Quando o cara quer sair, não dá pra ficar segurando. Manter jogador de má vontade é o pior negócio, é ruim para todo mundo.