Na raça, mas também na qualidade



Fazia tempo que o Grêmio não jogava bem, e a hora para a volta das boas atuações não poderia ter sido mais oportuna. A equipe mostrou nesta quarta, na Arena, muitas armas importantes para quem disputa a Libertadores. Afinal, o Tricolor se impôs no primeiro tempo, no 11 contra 11, e se superou na base da raça no segundo, quando ficou com um homem a menos e precisava, mesmo com inferioridade numérica, buscar um gol, mesmo que fosse arriscado demais.

Roger e Luxemburgo acertaram em cheio em escalar André Santos no meio. Sua naturalidade no primeiro tempo era tanta que nem parecia que tratava-se de um lateral improvisado. Com ele e Elano, o time não ficou torto. Do outro lado, Vargas infernizou os colombianos. Com Elano, o chileno de fato cresce muito. Foi visto na esquerda, na direita, conduzindo, tabelando, driblando e, incrível, marcando gol de cabeça, em cruzamento perfeito de Alex Telles. Um gol merecido: com uma marcação sob pressão, o Grêmio encurralou o Santa Fé no primeiro tempo. Assustada, a equipe de Bogotá limitava-se a defender. Omar Pérez, muito bem marcado, não conseguia abastecer Cuero e Medina na velocidade. O Tricolor cortava o mal pela raiz.

Era natural que o ritmo do primeiro tempo baixasse um pouco no segundo. O inesperado é que todo o encaminhamento positivo que a partida tinha se transformasse em tragédia de uma hora para outra. Cris, o zagueiro que veio para liderar a defesa e dar segurança, novamente comprometeu em um jogo decisivo, o tipo de jogo, aliás, para o qual ele foi contratado. Chegou atrasado, derrubou Cuero e foi expulso. Pérez, como sempre, bateu forte, à meia-altura, no meio. O empate com gols era péssimo, e precisar buscar um gol com dez homens era estar a um passo da derrota e, por consequência, da eliminação.

Mas o Grêmio só teve um a menos nos números. A raça demonstrada pela equipe foi impressionante. Faltou ambição ao Santa Fé para definir a classificação, mas sobrou garra ao time gaúcho, que criou chances mesmo já sem Elano em campo. Vargas, sem seu parceiro, em vez de sumir, se desdobrou. Fernando assumiu o controle de tudo no meio. Foi o merecido autor do golaço que premia a ótima partida realizada pelo Grêmio. Primeiro, na qualidade; depois, quando ela já não bastava, na raça. Que era o que sempre se cobrava deste time, notoriamente qualificado, mas às vezes morno, sem demonstrar vibração. Hoje, teve tudo isso, e além disso uma torcida empolgante, como a Arena ainda não havia visto. Todos esses fatores somados, na Libertadores, costumam dar resultado.

Antes do jogo, o 2 a 1 talvez não fosse o placar dos sonhos dos gremistas, mas diante das circunstâncias virou goleada. O Grêmio venceu, e isso é o mais importante. Com o futebol apresentado hoje, com Zé Roberto e Werley em campo, e sem Cris (sim, sua ausência hoje é um reforço), tem todas as condições de se classificar na Colômbia. O Santa Fé é organizado, perigoso, mas é menos time. Buscar um empate fora de casa é, sim, muito possível.

Transmissão
Foi uma grande honra estrear hoje como comentarista da Rádio Estação Web, nas cabines da Arena do Grêmio, justamente em uma partida tão emocionante quanto esta. Queria deixar meu agradecimento especial a todos os ouvintes que nos acompanharam e aos colegas Carlos Jornada, Marcelo Baimler, Paula Cardoso e Rogério Barbosa pela parceria. Que venham muitas noites como esta para todos nós.

Comentários

Chico disse…
Uma vitória arrancada na raça pelo Tricolor.

Cris tem que ser defenestrado do GRÊMIO. É o pior "jogador" do time.

Fernando = Monstro

Roger foi o técnico e o Tricolor voltou a jogar como o velho GRÊMIO.
Chico disse…
Parabéns pela estréia como comentarista.
Marcelo disse…
Parabéns Vicente!

Percebi que assistimos ao mesmo jogo.
Já estava me achando louco, lendo alguns corneteiros por aí.

O Grêmio está encorpando de uma maneira nessa libertadores, que não tem como não ser considerado favorito.
Vicente Fonseca disse…
Obrigado, Chico e Marcelo! Valeu mesmo pelos elogios, gurizada.