Menos bola, mais gols
Muito bom jogando em casa, o Emelec recebeu no George Capwell um dos melhores times da América do Sul quando joga como visitante. O curioso é que ambos são ótimos neste tipo de jogo (o Emelec recebendo, o Flu visitando), mas sem tomarem a iniciativa da partida: sempre reagindo às ações adversárias, contragolpeando - em casa, os equatorianos só foram propositivos diante do fraco Deportes Iquique, esperou Peñarol e Vélez, e venceu todos eles. Neste caso, quem tivesse menos a bola curiosamente é que imporia seu estilo. Prevaleceu o estilo de jogo equatoriano: mesmo sem jogar bem (errou quase metade dos passes que tentou), o Emelec esperou o Fluminense e foi muito mais eficiente, embora não tenha merecido a vitória.
Não mereceu porque ela surgiu de um gol surgido em um pênalti inexistente de Carlinhos no habilidoso argentino Mondaini. Desfalques? Ambos tiveram. O Flu jogou sem Deco e Fred, o Emelec não tinha seus três melhores zagueiros (Nasuti, Quiñonez e Achillier). É claro que os desfalques tricolores pesam mais, mas perder o miolo de zaga titular e o reserva imediato também não é mole, ainda mais quando levar gol em casa é um problema.
Ainda sem as condições físicas ideais, Thiago Neves entrou no segundo tempo e melhorou a equipe de Abel Braga. Ao mesmo tempo, Gustavo Quinteros se viu obrigado a retirar o insinuante De Jesús também por cansaço no segundo tempo, justamente quando a equipe mais precisava dele. O Emelec, apesar de não ter jogado bem e ter conseguido a vitória com um gol pra lá de discutível, também apresentou seus dotes de superação.
O resultado é bem reversível, não apenas pelo gol obtido no Equador, mas porque a diferença é mínima e o Fluminense é melhor. No entanto, não será mole: o Emelec, é verdade, obteve resultados pífios até agora na Libertadores fora de Guayaquil. Não marcou um gol sequer, levou 2 a 0 do modestíssimo Iquique, perdeu do Peñarol por 1 a 0, mas segurou um empate fundamental contra o Vélez, em Buenos Aires, mostrando que pode, sim, complicar a vida de um time tecnicamente superior ao jogar fechado. O Flu, por sua vez, não repete no Rio de Janeiro os bons jogos longe da Cidade Maravilhosa. Pariu um elefantinho para vencer o Caracas, empatou com o Huachipato e foi goleado pelo Grêmio. Vem drama por aí.
Comentários
Foram 6 vitórias dos mandantes (Grêmio, Boca, Tigre, Olímpia, Garcilaso e Emelec) e 2 dos visitantes (Atlético-MG e Vélez). Outra prova do equilíbrio geral da competição (75% dos líderes perderam).