Arias e a queda do Santa Fé



Muito tem se comentado a respeito do fato de disputar três competições simultaneamente estar afetando o rendimento do Santa Fé nos últimos 20 dias. Sem dúvida o calendário cheio prejudica, mas há outra razão bem mais forte para a equipe colombiana estar indo tão mal ultimamente: a grave lesão sofrida por Luis Carlos Arias.

Na vitória por 2 a 0 sobre o Real Garcilaso, dia 16 de abril, pela última rodada da fase de grupos da Libertadores, o habilidoso e incisivo meia sofreu uma ruptura do ligamento cruzado de um dos joelhos. O tempo de parada é de seis meses. Evidentemente, ele está fora da Libertadores. A notícia é triste, mas ótima para o Grêmio e todos os adversários do Santa Fé. A má atuação do campeão colombiano na Arena passa muito pela ausência deste jogador.

Arias era peça-chave no esquema de Wilson Gutiérrez. Sua ausência forçou o técnico a montar um esquema com três volantes em Porto Alegre. Era a companhia perfeita para o cerebral Omar Pérez: um jogador rápido, de habilidade, drible vertical, bom nos tabelamentos e com chegada forte para concluir pelo lado esquerdo do campo. De intensa movimentação pela linha de fundo e infiltrações surpreendentes e perigosíssimas na área adversária (o vídeo acima mostra um gol marcado por ele no Campeonato Colombiano deste ano exatamente em sua melhor característica, entrando na área pela esquerda - notem a categoria de sua conclusão e do passe de Omar Pérez).

Muito do que se falava a respeito do Santa Fé ter um time rápido e liso era por conta dele. Não é Pérez o jogador que se aproxima de Cuero e Medina para criar jogadas de ataque, mas Arias. O camisa 10 é um grande lançador, mas Arias é quem se aproximava e colocava os dois atacantes em movimento nas tramas trabalhadas do Santa Fé. Gutiérrez ainda não encontrou seu substituto. Anchico, pela direita, é um volante com saída apenas razoável. Jamais fará este papel. Torres é habilidoso e tem ótima visão de jogo, mas joga recuado demais, à frente da zaga, e não chega tanto como Arias na área adversária. Precisa marcar e proteger a fraca zaga, prioridade bem maior.

A diferença de desempenho é gritante. Antes da lesão do meia-esquerda, o Santa Fé havia perdido somente uma de suas 16 últimas partidas. Sem Arias, a equipe já jogou sete vezes: ganhou só uma, empatou três e perdeu três. "Ah, o time tem jogado com reservas fora da Libertadores", dirão alguns. Não é bem assim: só dois destes sete jogos, pela Copa da Colômbia, foram com time predominantemente suplente (um empate com o rival Millonarios e uma derrota para o Llaneros). O aproveitamento dos titulares sem Arias, em cinco jogos, é de apenas 33,3%.

Se Gutiérrez não encontrar nenhuma alternativa diferente, o Santa Fé deve enfrentar o Grêmio em Bogotá com o mesmo time que foi mal na Arena. O meio tem sido escalado assim também no Campeonato Colombiano: Pérez, Anchico e Bedoya como volantes, com Pérez sendo o único meia da equipe. Não foi uma estratégia específica para sair de Porto Alegre com um empate, mas uma formação permanente para tentar lidar com a ausência do camisa 7. A postura, claro, será bem diferente. Mas a ausência de Arias pesa muito em relação ao rendimento ofensivo da equipe cardenal.

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