Desperdício de Gre-Nais

Este é o quinto ano em que o Campeonato Gaúcho adota a fórmula semelhante à do Carioca, com duas taças. Em todas elas, o Gre-Nal ocorreu no primeiro turno. O mais cedo foi em 2011, dia 30 de janeiro; o mais tarde, em 2009, dia 8 de fevereiro. Sempre, portanto, com os times há no máximo um mês trabalhando.

Em 2013, teremos o terceiro clássico em que pelo menos um dos lados entra com time frio. Em 2011, o que era para ser o histórico primeiro Gre-Nal no exterior viu dois times reservas em campo, jogando para apenas 4 mil pessoas num estádio onde cabiam 30 mil. Dos 10 times (5 de Grêmio e 5 de Inter) que jogaram o primeiro Gre-Nal do Gauchão desde 2009, quatro eram reservas. Quase metade. Para este ano, ninguém quer jogar o clássico. Dunga, com razão, diz que é cedo demais para um jogo deste nível. Luxemburgo, por sua vez, nem vai a Erechim.

Insensibilidade da Dupla com seus torcedores do interior? Não deixa de ser. Mas não é por culpa dos dois grandes que há tantos Gre-Nais desperdiçados. A fórmula do Gauchão estimula o uso de reservas nos clássicos. Nos últimos cinco anos, sempre ao menos um dos dois clubes disputa a Libertadores - nos últimos três, tivemos um na pré-Libertadores. São jogos decisivos ocorrendo cedo demais. O Gauchão, antes de ser um preparativo para a temporada, é um grande estorvo. Para piorar tudo, o próprio calendário da Libertadores, com jogos decisivos, de mata-mata, em pleno janeiro, não ajuda. São partidas que poderiam ocorrer em fevereiro. A FGF também não é a culpada por tudo que ocorre de errado. A insensibilidade é de todos.

Sempre fui a favor de uma fórmula que forçasse a realização de ao menos um Gre-Nal no Gauchão. O estadual precisa do maior clássico do Rio Grande para não perder boa parte de seu sentido. Há várias opções para corrigir esta distorção: diminuir o número de datas (no Mineirão, são só 15, contra 23 do nosso estadual) - o que pode ocorrer mudando a fórmula ou diminuindo para 12 o número de clubes - e passar o clássico para o segundo turno do estadual, onde o calendário é menos apertado são duas delas.

Noveletto tem verdadeira paixão por esta fórmula, dizendo que é a mais emocionante que existe, quando na verdade o fato é que ela nunca empolgou por aqui, pelas diversas diferenças que existem entre o Gauchão e o Cariocão - menos times grandes para fazer grandes clássicos, classificar oito por turno e encher o estadual de jogos decisivos que se tornam na prática inúteis, e por aí vai. O desdém com que os clubes da capital vêm tratando o estadual certamente forçará alterações em breve, e a história mostra isso. Em 2013, até o estádio do Grêmio é reserva.

Comentários

Sancho disse…
Essa ânsia de copiar Rio e São Paulo (era moda nos anos 90) acho que vem da total incapacidade de fazer algo por aqui que preste por nós mesmos (como o desastre de 2003). O campeonato já provou ser um lixo, mas a fórmula segue aí, firme.

E, na boa, se é para copiar alguém, que se copiasse São Paulo. O Campeonato Carioca é 'sui generis'. Só vale lá. Só tem como dar certo lá. E ainda acho que eles poderiam fazer muito melhor sem essa fórmula. O Noveletto caiu no conto (deixarei assim) da imprensa que falava de como o Carioca era bom (com 4 grandes, e eles só jogavam em casa!) e o Paulista uma m...

Se for para ouvir alguém, que se ouça alguém que goste dos estaduais; não, quem os despreze.

Torneio que quebra no meio para meias-finais já deu o que tinha que dar.
Chico disse…
Fórmula do Gauchão = Bosta

Vine disse…
#RSmelhoremtudo
Anônimo disse…
O que parece é que o Noveletto nem pensa mais na fórmula: simplesmente a repete ano após ano, mudando só a ordem dos jogos. Nem pra marcar o Grenal no 2º turno são capazes de pensar, e isso seria a menor das mudanças.

Mais uns anos e a dupla vai largar o campeonato de vez, pelo número de vezes em que ambos vão com times B nos últimos anos.

Tiago
Ronaldo disse…
O Noveletto não pensa mais mesmo. O Nando Gross questionou se o grenal não poderia ser no 2º turno e ele veio com um discurso pronto de por que não poderia, falou que no 2º turno o acúmulo de datas com a Libertadores era maior e que essa situação de pré-libertadores era exceção. O Nando rebateu que a PRÁTICA demonstrava o contrário, que o 1º turno sempre ficava mais comprometido e que no 2º turno a dupla grenal utilizava os titulares na maior parte dos jogos. Após isso, o Noveletto simplemente repetiu o discurso anterior.