Medalha, sim. Mas e o resto?

O Brasil chega à final olímpica depois de 24 anos. Um feito a se comemorar, claro. Mas, mais uma vez, deixou dúvidas em relação ao seu desempenho. Ou melhor, não há dúvida alguma de que ele é no máximo médio. A vitória por 3 a 0 sobre a Coreia do Sul, na semifinal, não mostrou nada em termos coletivos, táticos ou qualquer coisa que mostre o trabalho do treinador. Apenas um punhado de individualidades salvando a pele de Mano Menezes, que pode até levar o ouro, mas não faz um trabalho sequer médio no comando da seleção.

Até sair o gol de Rômulo, em ótima jogada de Oscar e falha do goleiro, a Coreia dominava a partida. Os primeiros 15 minutos foram de pavor total. Atônito e desorganizado, o time brasileiro foi completamente dominado, como não conseguiu fazer diante de nenhum adversário até agora na Olimpíada. Teve a sorte de não levar um gol. Foi o grande pecado coreano.

No segundo tempo as coisas se acalmaram. Neymar, sem o individualismo das partidas iniciais, descobriu que receberá destaque mesmo que não faça gols, desde que jogue bem. Deu dois passes para Leandro Damião completar o ilusório 3 a 0. Foram as boas notícias da tarde, além da prata garantida, claro.

O Brasil chega à decisão sem enfrentar sequer um adversário que chegue perto de seu nível tecnicamente. O mérito da seleção em Londres é não fraquejar como britânicos, uruguaios e espanhóis diante de seleções menores. Pode ser suficiente para conquistar a inédita medalha de ouro. Mas é muito pouco para que vislumbremos um futuro confiável.


Comentários

Diogo Terra disse…
No terceiro gol, é o coreano que ajeita a bola pro Damião, não o Neymar.

Pra não falar do assalto da arbitragem. Acho que os coreanos não eram achincalhados desse jeito desde a ocupação japonesa (Se bem que eles não podem reclamar muito por causa da Copa de 2002, né?).

Pergunta pra ti, Vicente: e se fossem dois pênaltis a favor de um time brasileiro na Bombonera, pela Libertadores? A imprensa não iria estar chorando até agora? O técnico e dirigentes da equipe brasileira não gritariam aos quatro ventos?
Vicente Fonseca disse…
HAHAH.

Verdade, Diogo. Mas é como tu disse: eu nunca vi um time ser tão favorecido em um torneio quanto a Coreia em 2002. Isto porque não vi a Copa de 1966, claro.
Diogo Terra disse…
E deduzo que nem eu nem tu vimos a de 1978 :D

A de 1966 foi absurda, juiz inglês expulsando uruguaios a rodo contra a Alemanha (num lance em que o zagueiro Schnellinger tirou a bola em cima da linha com o braço...) e juiz alemão expulsando o Rattín contra os donos da casa. Erro de comunicação ou má vontade? Um tapa na cara dos brasileiros que odeiam latino-americanos, mas lambem as botas dos europeus.


Aqui está a prova do crime de 2012:

blogdojuca.uol.com.br/2012/08/juan-decepa/

Era isso.
Vicente Fonseca disse…
Pois é, em 1978 eu tinha cinco anos negativos. hehe
Zezinho disse…
O trabalho do Mano está muito aquem daquilo que ele fez no Grêmio e no Corinthians. Parece que ele não sabe lidar com bons jogadores. Deve roer as unhas ao não enxergar o RAMÓN no banco de reservas.

Honduras, Coreia do Sul e Bielorrúsia, proporcionalmente, se mostraram mais organizadas que a Seleção. O que salve, claro, é a qualidade técnica, sobretudo de Neymar, Oscar e Marcelo, o oportunismo de Damião e a voluntariedade de Rômulo.

Não é uma seleção de jovens craques por inteira, como em 1996 ou 2000, deve ganhar o ouro, mas o legado pra Copa é pouquíssimo. Nisso a seleção de Dunga era mais organizada e tinha mais jogadas, principalmente de bola parada.

Parte disso pode ser debitada na falta de eliminatórias, mas o trabalho é abaixo do médio