Mais uma noite monótona

O Náutico aplicou a estratégia correta. Diante de um dos times com pior ataque no Campeonato Brasileiro (não em números, mas muito fragilizado com os desfalques), trancafiou a entrada de sua área e não permitiu penetrações. Com Elicarlos e Souza bem postados, laterais que pouco avançavam e jogadores de frente que combatiam as chegadas coloradas, jogou para segurar o 0 a 0 e evitar a sétima derrota fora de casa em oito jogos. Conseguiu.

O Inter sempre teve mais iniciativa, mas não soube pressionar o adversário em seu campo. A incompetência ofensiva fica clara com um dado: o Náutico, que parecia uma Suíça em Copa do Mundo ontem, tem a segunda pior defesa do Campeonato Brasileiro. O Internacional teve muito volume ofensivo na primeira meia hora, que é sempre a de maior pressão, mas poucas conclusões. A rigor, foram três: uma Fred, aos 17, uma de Forlán, aos 21, e outra de Jajá, aos 24. Todas perigosas, mas de fora da área. Como disse o uruguaio, "não tivemos chances claras".

Fernandão tentou mudar as coisas no intervalo. Tirou o mais uma vez insuficiente Bolatti e apostou em João Paulo. Colocou também Marcos Aurélio na vaga de Jajá, outro que foi mal. Mas o time não melhorou: apenas cedeu o espaço que o Náutico tanto queria para poder ter um respiro, ou quem sabe um contra-ataque milagroso. Se o time pernambucano não levou perigo nenhuma vez no primeiro tempo, no segundo foram três chegadas - contra outras três do Inter. Equilíbrio, portanto.

Desde que Fernandão assumiu, é o primeiro resultado realmente negativo da equipe. Ou seja: no contexto, o empate não fica tão ruim. Mas são dois pontos perdidos em casa para um adversário que deveria ser batido, se o objetivo é mesmo a ponta de cima. A equipe vem muito bem na fase pós-Dorival Júnior, mas só venceu adversários que estavam entre os quatro últimos. Contra equipes melhores (o Vasco, muito melhor), não obteve resultados, mesmo em casa. Já são, de todo modo, cinco jogos invicto, e quatro sem sofrer um único golzinho. Mas a Ponte Preta, domingo, precisa ser batida.

Aliás, mais uma péssima arbitragem no Campeonato Brasileiro. Anulou um gol legal do Náutico e não deu um pênalti claro em Nei - o time pernambucano reclama de outro, em Kieza, o qual honestamente não me recordo. Mas, vindo de Ricardo Marques Ribeiro, não surpreende o baixo nível.

INTERNACIONAL (0): Muriel; Nei, Bolívar, Índio e Fabrício; Ygor, Bolatti (João Paulo), Guiñazu, Fred e Jajá (Marcos Aurélio); Forlán (Rafael Pernão).
Técnico: Fernandão
NÁUTICO (0): Gideão; Patric, Marlon, Alemão (Gustavo) e Douglas (Lúcio); Elicarlos, Souza, Martinez e Rhayner; Araújo (Kim) e Kieza.
Técnico: Alexandre Gallo
Local: Estádio Beira-Rio, Porto Alegre (RS); Árbitro: Ricardo Marques Ribeiro (MG); Público: 11.511; Cartão amarelo: Índio, Fabrício, Alemão, Rhayner e Martinez.

MELHOR EM CAMPO
Marlon (Náutico): firme por baixo e especialmente por cima, tirou a alternativa da bola aérea, muitas vezes a única que o Inter tinha na partida.


Comentários