Dois Grêmios e um inédito empate

Foram dois tempos absolutamente distintos. No primeiro, a Ponte Preta dominou o jogo, acuou o Grêmio na base da velocidade e poderia ter saído à frente. Na etapa final, só deu Tricolor. O 0 a 0 acaba não refletindo o que foi o jogo, que merecia ter gols - e mais gaúchos que campineiros, pelo volume de oportunidades criadas.

Desta vez, o time de Luxemburgo não conseguiu imprimir seu ritmo, como tem feito mesmo como visitante. A Ponte dominou a primeira etapa. Com o lateral Cicinho no meio-campo, como na vitória sobre o Cruzeiro, o time de Gílson Kleina tinha velocidade pela direita. Pela esquerda, o bom ponteiro Rildo é quem dava trabalho. Edílson levou cartão logo aos três minutos, trocou de lado com Pará, mas saiu antes do intervalo, com o temor de ser expulso. Sorte do Grêmio que o bom centroavante Roger estava pouco inspirado.

O 0 a 0 no intervalo foi lucro para o Grêmio. É verdade que dos 22 em diante a Ponte não criou chances de gol, mas seguiu controlando o jogo sempre, ocupando os laterais gremistas e dominando o meio com uma forte marcação sobre Elano e Zé Roberto, que isolava Kléber e Marcelo Moreno do jogo. Mas no segundo tempo a história foi completamente diferente. A postura gremista foi outra. Quando Vílson se lesionou, aos 12 minutos, a entrada de Marquinhos melhorou e muito o time, que passou a dominar completamente o jogo. Foram nada menos que 11 situações de perigo criadas.

Luxa adotou duas providências corretas: além da colocação de Marquinhos, recuou Zé Roberto para segundo volante. Ele atraiu a marcação da Ponte e abriu espaço para os companheiros entrarem. Kléber entrou no jogo, Elano fez ótima etapa final e o time cresceu muito. Faltou, porém, precisão na hora de concluir. Marcelo Moreno apareceu pouco e André Lima, na chance que teve, errou em bola.

O empate, embora não possa ser considerado ruim por ser fora de casa, é longe de ser um bom resultado. O Grêmio é o único dos quatro primeiros que não venceu na rodada, e fica para trás na disputa, apesar de se manter no G-4. Domingo há o São Paulo, duelo direto, que não seria se a vitória viesse hoje. Mas, se o resultado não foi dos melhores, o segundo tempo mostra a imensa qualidade coletiva deste Grêmio de Luxemburgo. O Grêmio do segundo tempo é um candidato ao título. Faltou, desta vez, o gol.

PONTE PRETA (0): Édson Bastos; Gerônimo, Gustavo, Diego Sacoman e João Paulo; Baraka, Somália (Renê Júnior), Cicinho e Marcinho (Caio); Rildo (Ricardinho) e Roger.
Técnico: Gílson Kleina
GRÊMIO (0): Marcelo Grohe; Edílson (Léo Gago), Werley, Gilberto Silva e Pará; Vílson (Marquinhos), Souza, Elano e Zé Roberto; Kléber e Marcelo Moreno (André Lima).
Técnico: Vanderlei Luxemburgo
Local: Estádio Moisés Lucarelli, Campinas (SP); Árbitro: Wagner do Nascimento Magalhães (RJ); Público: 9.010; Renda: R$ 84.709,00; Cartão amarelo: Gustavo, Rildo, Léo Gago e Edílson

MELHOR EM CAMPO
Gilberto Silva (Grêmio): um dos melhores zagueiros do Campeonato Brasileiro. Perfeito por cima, por baixo e nas antecipações. Chegou a ganhar corridas dos velozes atacantes da Ponte, mostrando poder de recuperação impressionante para quem tem 36 anos.


Comentários

Lourenço disse…
E o preparo físico do Grêmio? Além de estarmos com o time quase completo à disposição, o Grêmio melhora muito no segundo tempo. Ontem, a partir dos 15 do segundo tempo, todos os rebotes passaram a ser nossos, e o Grêmio voava em campo perante uma Ponte que não tinha pernas sequer para calibrar os chutes.
Vicente Fonseca disse…
Fato, Lourenço. Grêmio sobrou no segundo tempo, como tem sido costume.