Barbada cabeluda
A característica mais peculiar do Grêmio de Vanderlei Luxemburgo é não jogar fechado nunca. É um time que sempre tenta a vitória, em casa ou fora. Por isso, talvez, ainda não empatou neste Brasileiro. E por isso, certamente, tem dificuldades em enfrentar equipes muito fechadas. Caio Júnior veio a Porto Alegre pensando em anular as alternativas ofensivas gremistas. Seu time não jogou no primeiro tempo, mas marcou bastante e dificultou a vida gremista.
Na etapa inicial, talvez para anular a forte jogada baiana com Ávine, Elano atuou bem aberto pela direita. Esse posicionamento lhe tirou do jogo em boa parte do primeiro tempo. Na primeira meia hora, Zé Roberto deu show, articulando quase tudo sozinho, com qualidade e uma vitalidade impressionante. Mesmo sem criar muitas oportunidades, o Grêmio marcaria mais cedo ou mais tarde, e conseguiu, em pênalti batido por Elano, superando seus traumas de 2011 e as provocações dos jogadores baianos.
Caio Júnior mexeu bem no intervalo. Ávine é bom no apoio, mas o time precisava de uma chegada forte pela esquerda, e a dupla marcação de Edílson e Elano impedia o ala de chegar. Entrou Lulinha, rápido, habilidoso, que ganhou simplesmente todas de Edílson e o tirou do jogo. O Bahia cresceu, emparelhou a partida (nunca chegou a dominá-la por completo), e fez por merecer o empate, em um gol de Fahel onde Marcelo Grohe mostrou a velha deficiência na saída de gol.
De imediato, Luxemburgo colocou Marquinhos e Léo Gago nos lugares de Fernando e Edílson. As mudanças tinham o propósito de tornar o time mais ofensivo, mas não houve uma melhora substancial de volume na frente. No entanto, a troca matou Lulinha, já que agora Pará, mais seguro na marcação, é quem caiu por aquele lado. Assim, o Bahia ficou com poucas saídas - teve um contra-ataque perigoso e nada mais. A dupla mexida, portanto, não melhorou o desempenho do Grêmio, mas trouxe o Bahia para trás. Um passo de cada vez. Luxemburgo não teve pressa de ganhar o jogo.
Com o Bahia fechado como no primeiro tempo, a saída foi pressionar na base do abafa. Tony entrou no lugar de Pará, já que Lulinha estava controlado. Havia, agora, ataques pelos dois lados. Mas o gol só veio na bola parada, aos 42 do segundo tempo, com Souza, o que destruiu o ânimo do Bahia, indignado com a arbitragem. O terceiro, de Marcelo Moreno, foi consequência. Uma lindíssima consequência, diga-se.
O resultado é importantíssimo. Time que disputa o título não pode perder pontos para equipes da zona de rebaixamento, quanto mais em casa. Mas o Grêmio poderia ter tido sorte pior. Mais uma vez, diante de um adversário inferior tecnicamente, a equipe exibe dificuldades em se impor e vencer o jogo. O Grêmio rende mais contra os times de cima: Cruzeiro, Botafogo, Fluminense. Mas, é fato, tem cumprido bem seu papel contra os de baixo. O Bahia teve uma boa atuação, de acordo com o que pode render. Tem um time experiente e pode sair da zona de rebaixamento. Há times piores neste campeonato, tecnicamente inclusive.
Em tempo:
- A arbitragem é um capítulo à parte. O Bahia foi prejudicado no gol mal anulado de Fahel, embora o lance seja extremamente difícil. Na hora do chute de Lulinha, o volante baiano está na mesma linha de Pará, embora estivesse em impedimento centésimos antes do chute. No segundo gol do Grêmio, a reclamação não procede. A bola bate nas costas de Kleber, mas ele não parece impedido: havia dois jogadores do Bahia quase junto à linha de fundo na hora do cabeceio de Souza. Exageros do Bahia ou não, o erro é a CBF colocar um ilustre desconhecido para apitar um jogo de Série A. O Campeonato Brasileiro é equilibrado demais para experiências. Foram vários erros em lances pequenos, além dos muito discutíveis lances capitais. E, embora parte da argumentação tenha mesmo fundamento, lamentáveis as declarações preconceituosas de alguns dirigentes do clube baiano na hora de reclamar.
- Caio Júnior tem o Grêmio muito engasgado. A comemoração no gol de Fahel deixa isso muito claro.
- Grêmio sobrou nos minutos finais fisicamente.
ATUALIZAÇÕES
Agora sim, vi por um ângulo mais favorável que mostra o impedimento. Pelo teipe normal, dois jogadores do Bahia parecem dar condição, mas na câmara invertida fica claro o impedimento. A dúvida, agora, é quanto ao gol anulado do Bahia. Fahel parece estar na mesma linha, mas é questão milimétrica.
Campeonato Brasileiro 2012 - 14ª rodada
5/agosto/2012
GRÊMIO 3 x BAHIA 1
Local: Olímpico Monumental, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Cláudio Francisco Lima e Silva (SE)
Público: 23.268
Renda: R$ 429.514,00
Gols: Elano (pênalti) 32 do 1º; Fahel 18, Souza 42 e Marcelo Moreno 47 do 2º
Cartão amarelo: Fernando, Kleber, Danny Morais, Fahel e Zé Roberto
Expulsão: Mancini 43 do 2º
GRÊMIO: Marcelo Grohe (5), Edílson (4) (Léo Gago, 22 do 2º - 5), Werley (5), Gilberto Silva (7) e Pará (5,5) (Tony, 32 do 2º - sem nota); Fernando (6) (Marquinhos, 22 do 2º - 4,5), Souza (7), Elano (6,5) e Zé Roberto (6); Kleber (5,5) e Marcelo Moreno (6,5). Técnico: Vanderlei Luxemburgo
BAHIA: Marcelo Lomba (6,5), Diones (5,5), Danny Morais (6), Titi (5,5) e Ávine (4,5) (Lulinha, intervalo - 6,5); Fabinho (5), Fahel (6,5), Hélder (5,5) e Mancini (5,5); Zé Roberto (5,5) (Ciro, 26 do 2º - 4,5) e Júnior (5,5) (Magno, 19 do 2º - 4,5). Técnico: Caio Júnior
Comentários
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Complicados os lances.
O segundo gol eu acho um lance bem complicado. Revendo o lance (tem os videos no Globoesporte, né) fica claro que Kleber está bem impedido - está quase colado no goleiro e não há ninguém debaixo das traves. O Souza está totalmente não impedido, mas o último toque não é dele, é do Kleber. Imagino que o juiz e o bandeirinha simplesmente não viram que a bola bateu nas costas do Kleber, que de fato atua de forma não-intencional no lance - eu mesmo não vi, assistindo pela TV. Mas eu daria impedimento e pararia o lance.
De qualquer modo, mais um péssimo juiz nesse péssimo quadro de arbitros do Brasileirão. Dizer que roubou para o Grêmio fica bonito no folclore, mas não corresponde à realidade - basta lembrar que o próprio escanteio do segundo gol foi cobrado com um jogador do Bahia com dois cartões amarelos e ainda dentro de campo. Só foi expulso porque o bandeirinha avisou da cagada em curso. Ou seja, juiz ruim e inexperiente. Mas que prejudicou bem mais o Bahia, disso não há dúvida.
No gol do Souza, na hora que ele cabeceia a bola, há dois jogadores do Bahia disputando a bola com ele - e tirariam o Kleber do impedimento. Pelo vídeo do Globoesporte, parando o tape, não me parece impedido. Mas não vi por tira-teimas ou coisas assim.
É aquela velha máxima: um dia a banca paga, no outro ela recebe, o problema é que em TODAS rodadas há erros escandalosos da arbitragem. Não lembro de um ano em que tínhamos tantos erros absurdos em tantos jogos...
Sobre o jogo: G. Silva está jogando demais na zaga! E Marcelo é mto bom goleiro embaixo das traves, mas qdo tem q sair, pelo amor de Deus, é um desespero, ele n tem a mínima ideia do que deve fazer!
O Grêmio foi MUITO beneficiado, mas pela arbitragem, não pelo árbitro.
O texto foi escrito com as informações que eu dispunha na hora. Não tive acesso a alguma câmera que mostrasse o Kleber impedido, por isso escrevi que ele parecia em posição legal - porque pela câmera normal, parecia mesmo. Depois, por outro ângulo, deu pra ver que o impedimento era claro.
Não tenho necessidade de ficar escondendo quando o Grêmio é beneficiado, como foi ontem. Só procuro ser honesto com aquilo que vi. Se deu pra ver que na verdade a posição era ilegal, pronto, coloco o adendo no texto sem problema algum. Já fiz outras vezes, pró-Grêmio, pró-Inter, pró-Corinthians, pró-Barcelona ou pró-Moto Clube.
Quem me conhece, aliás, sabe que detesto discutir arbitragem e só o faço aqui quando é muito necessário ou polêmico.
Não fazia nada certo. É um absurdo ele não ter mandado essa falta voltar: http://www.youtube.com/watch?v=eJ1ISO7zhoc na sequencia ele marcou um escanteio que não existiu e validou o gol do Kléber.
Observação inútil de um fã dos dois sites!