Humildade campeã

O Palmeiras não é tecnicamente o melhor time da Copa do Brasil, nem foi o que melhor jogou futebol dentro da Copa do Brasil. Mas nada disso é necessário para se conquistar uma competição de mata-mata. O grande mérito alviverde foi reconhecer suas próprias limitações, jogar do modo possível para uma equipe que não tinha grandes diferenciais técnicos e, com muita dedicação, esforço e humildade, conquistar um título de expressão nacional após 12 anos.

Felipão cumpriu à risca o roteiro das semifinais, quando eliminou o Grêmio. Jogar em casa ou fora, para este Palmeiras, pouco importa. A equipe joga sempre igual: fechada atrás, no erro do adversário. Depois da vantagem aberta na ida, em Barueri, a equipe tratou de evitar a pressão coxa-branca nos minutos iniciais e esfriar o Couto Pereira. Até a chuva que caiu sobre a capital paranaense facilitou a vida do bigodudo, tal como fora em Barueri, contra o Grêmio, no segundo jogo da fase anterior.

No primeiro tempo, o grande duelo do jogo foi Rafinha x Juninho. O liso meia do Coritiba enfrentava o bom lateral palmeirense no lado mais forte do time de Marcelo Oliveira, e único flanco disponível para se jogar na molhaçada que era o campo do Alto da Glória. Houve algumas boas combinações com Everton Costa, que deu trabalho à zaga no jogo de corpo, embora fosse quase nulo em termos de finalizações. Mas não houve pressão, bem como nada de contra-ataques paulistas. O primeiro tempo pouco teve de bola rolando e chances de gol. Bem como convinha ao Palmeiras.

Na etapa final, a história foi outra. O Coritiba veio para o tudo ou nada e ocupou o campo adversário por inteiro. O Palmeiras já não conseguia se defender com tanta solidez e se limitava a rebater para tudo que era lado as chegadas do time da casa. Faltava, ainda, o acabamento, a qualidade individual, para furar o bloqueio. Isto ocorreu aos 16: Lincoln pode não ser o mesmo há tempos, mas tem qualidade técnica. Ia fazendo fila até sofrer falta, batida com imensa categoria por Ayrton. Faltava só um gol para o Coxa.

Só que o roteiro de Luiz Felipe, lembremos, era o mesmo dos jogos com o Grêmio. Em Barueri, contra o time gaúcho, a equipe paulista levou um gol aos 21 e empatou aos 27. Seis minutos de desvantagem e tensão. Em Curitiba, foram quatro minutos até a discutível falta batida por Marcos Assunção e desviada de cabeça por Betinho. O gol do título palmeirense.

Apesar de todas as restrições que tenho ao Verdão, é impossível dizer que o título foi imerecido. O Palmeiras foi eficiente ao extremo, soube jogar a Copa do Brasil como ninguém e a levou para casa. Hoje, sem dois de seus principais jogadores (Valdívia e Barcos), suportou o bom time do Coritiba e calou o Couto Pereira, que sofre sua segunda tragédia em finais de Copa do Brasil em 12 meses. O título é o do coletivo, mas tem um nome: Luiz Felipe. Ninguém sabe os atalhos desta competição tão bem quanto ele. Nem mesmo uma década no futebol europeu o fez perder a mão.

Em tempo:
- Esta foi a quarta Copa do Brasil levantada por Felipão. Ganhou em 1991 pelo Criciúma, em 1994 pelo Grêmio e em 1998, pelo próprio Palmeiras. É, claro, o técnico mais vitorioso da história da Copa do Brasil.

Copa do Brasil 2012 - Final - 2º Jogo
11/julho/2012
CORITIBA 1 x PALMEIRAS 1
Local: Couto Pereira, Curitiba (PR)
Árbitro: Sandro Meira Ricci (PE)
Público: 35.122
Renda: R$ 1.193.108,00
Gols: Ayrton 16 e Betinho 20 do 2º
Cartão amarelo: Lincoln, Rafinha, Artur, Juninho, Henrique, Marcos Assunção e João Vítor
Expulsão: Pereira 46 do 2º
CORITIBA: Vanderlei (6), Jonas (5) (Ayrton, intervalo - 6,5), Pereira (4,5), Demerson (5,5) e Lucas Mendes (5,5); Willian (6), Sérgio Manoel (5,5) (Lincoln, 14 do 2º - 5,5), Rafinha (5,5) e Everton Ribeiro (5); Roberto (5) (Anderson Aquino, 21 do 2º - 5) e Everton Costa (5,5). Técnico: Marcelo Oliveira
PALMEIRAS: Bruno (6), Artur (6), Thiago Heleno (4,5) (Leandro Amaro, 37 do 1º - 6), Maurício Ramos (7) e Juninho (6); Henrique (7,5), Marcos Assunção (8), João Vítor (6) (Márcio Araújo, 27 do 2º - 5,5) e Daniel Carvalho (4,5) (Luan, 12 do 2º - 6); Mazinho (5,5) e Betinho (7). Técnico: Luiz Felipe


Comentários

Vine disse…
O próximo time com treinador gaúcho vai levar o Brasileiro...
zeh nascimento disse…
CRUZEIRO risos