Paridade

Quem esperava uma vitória ao natural da Espanha se surpreendeu. E não é que a Fúria tenha ido mal, ou não seja "tudo isso" que falam. Sabemos do potencial da atual campeã mundial, que ainda é uma das principais favoritas da Euro. O fato é que a Itália mostrou força.

O time de Prandelli hoje foi o que vinha sendo até novembro do ano passado. Esqueçam a Itália atrapalhada das recentes derrotas para Estados Unidos e Rússia. Hoje, o que se viu foi um time extremamente firme defensivamente, com um Pirlo ainda magistral no meio-campo, e boas opções do meio para a frente. O treinador surpreendeu num esquema 5-3-2, onde De Rossi, volante de origem, era uma espécie de líbero. Deu tão certo que ele foi o melhor em campo.

O primeiro tempo foi parelho como um verdadeiro confronto entre os dois últimos campeões mundiais. A Espanha teve muita posse de bola como de costume, mas as melhores chances na etapa inicial foram italianas. O estereótipo de time que toca, toca e não chuta coube direitinho à Fúria hoje. Muitas vezes, a equipe pecou por preciosismo. Em outras, o catenaccio era tão eficiente que, no momento da conclusão espanhola, havia quatro italianos bloqueando a jogada.

Era um jogo equilibrado, estudado, mas longe de ser chato, pois era movimentado. No segundo tempo, tivemos uma partida ainda mais interessante e aberta. Balotelli, totalmente insuficiente, deixou o campo para a entrada do matador Di Natale, que deveria ser o titular da Azzurra. Três minutos depois, ele próprio provou isso a Prandelli, concluindo com precisão e frieza uma ótima enfiada de Pirlo. 1 a 0 Itália, placar justo.

Mas aí brilhou a estrela de quem é campeão do mundo. Três minutos depois, Silva deu passe genial a Fabregas, que empatou na saída de Buffon. A Itália não conseguiu segurar a vantagem, não deu tempo para que a Espanha se afobasse. E a partir daí o jogo virou do avesso. Os espanhóis vieram para cima, criaram chances, chutavam de perto, de longe, eram muito mais objetivos. Pararam no sempre excepcional Buffon.

O resultado não é ruim para nenhum dos dois lados. A Croácia, que bateu a Irlanda com autoridade, é a próxima adversária italiana, quinta que vem. A Itália precisa vencer para não entrar na última rodada dependendo de resultados paralelos, mas empatar com a favorita da chave na estreia é um bom negócio. Os espanhóis, mesmo sendo melhores, não perderam na estreia, o que é importante num grupo equilibrado. Mas precisam derrotar a Irlanda quinta-feira, para começar a fazer valer o favoritismo.

Eurocopa 2012 - Grupo C - 1ª rodada
10/junho/2012
ESPANHA 1 x ITÁLIA 1
Local: Arena Gdansk, Gdansk (POL)
Árbitro: Viktor Kassai (HUN)
Público: 38.869
Gols: Di Natale 15 e Fabregas 18 do 2º
Cartão amarelo: Arbeloa, Alba, Maggio, Chiellini, Bonucci e Balotelli
ESPANHA: Casillas (6,5), Arbeloa (4,5), Sergio Ramos (5), Piqué (5) e Alba (5); Busquets (5,5), Xabi Alonso (5) e Xavi (6,5); Silva (6) (Navas, 18 do 2º - 6), Fabregas (6,5) (Torres, 28 do 2º - 4) e Iniesta (7). Técnico: Vicente del Bosque
ITÁLIA: Buffon (7,5), Maggio (5,5), Bonucci (6,5), De Rossi (7,5), Chiellini (6) e Giaccherini (5); Thiago Motta (6,5) (Nocerino, 44 do 2º - sem nota), Pirlo (7) e Marchisio (6); Cassano (5,5) (Giovinco, 19 do 2º - 6) e Balotelli (4,5) (Di Natale, 10 do 2º - 6,5). Técnico: Cesare Prandelli


Comentários

André Kruse disse…
eu achei que a Itália jogou num 3-5-2. Vi os alas posicionados na mesma linha dos meio campistas.
Vicente Fonseca disse…
André, eu também vi a Itália muitas vezes num 3-5-2. Acho até que a ideia do Prandelli era essa quando o jogo começou. Mas a postura da Espanha, com Iniesta e Silva abrindo muito pelos lados, forçava Maggio e Giaccherini a recuar como laterais em muitos momentos, modificando este posicionamento para um 5-3-2.

O que eu achei mais interessante foi a volta deste esquema dado como morto no futebol europeu.
Vine disse…
Legal mesmo esse esquema antigo... O classificaria como "sulamericano" pois é bem aplicado por aqui.

E a Espanha continua irritando. Toca a bola como se estivesse num show, e só passa a jogar bola mesmo quando toma gol. Que caiam na primeira fase (sim, seco violentamente essa seleção de palhaços milionários sem maquiagem e de uniforme!).