O time da virada

A torcida do Vasco reivindica o apelido de "time da virada" para o seu clube desde 2000, naquela histórica final da Copa Mercosul diante do Palmeiras. Mas quem aplica isso na prática no Campeonato Brasileiro é o Botafogo. Foi a terceira vitória da equipe em cinco jogos na competição: em todas elas, o alvinegro saiu perdendo. Primeiro para o São Paulo, depois para o Coritiba, e hoje, no Beira-Rio, quando derrotou o Internacional com muita autoridade.

Foram dois tempos muito distintos. O primeiro teve alternância de domínios. O Botafogo começou melhor, tocando bola no campo de ataque e ameaçando, mas logo o Inter equilibrou e passou a mandar no jogo. O caminho era pela direita, às costas de Lennon, com Nei e Oscar. Primeiro, um cruzamento para Dagoberto, que se antecipou, mas perdeu. Depois, na cabeça de Damião, que errou o alvo, mas acabou escorando sem querer para Dagoberto abrir o placar, também de cabeça.

Dos 15 aos 30 do primeiro tempo: este foi o único período onde o Inter foi superior a seu adversário. Nos minutos finais da etapa inicial, o Botafogo tentou pressionar, mas faltava contundência, atitude. Se há ou não o dedo de Oswaldo de Oliveira só as paredes do vestiário visitante do Beira-Rio sabem, mas o fato é que o Botafogo voltou totalmente diferente para o segundo tempo. Com atitude, imposição física e técnica, dominou completamente o Internacional, que simplesmente não jogou.

Foi Vítor Júnior o homem que iniciou a reação. Partindo para cima da defesa, ele sofreu uma falta (quase pênalti), tentou gol olímpico e participou do empate, quando serviu Andrezinho, que desferiu um chutaço no ângulo e empatou. Mas o maior mérito botafoguense hoje foi a ambição: em vez de ficar satisfeito com o empate fora de casa, a equipe foi para cima e buscou a vitória. E aí não era mais Vítor Júnior quem comandava o time, mas sim Andrezinho.

O Inter tentava acelerar o jogo, mas raramente passava do meio-campo com a bola dominada. Amarrado, o time de Dorival Júnior foi vendo o Botafogo criar uma chance atrás da outra até, naturalmente, sofrer a virada: Andrezinho cobrou escanteio na cabeça de Fellype Gabriel. Os três meias do Fogão decidiram a partida: um iniciou a reação e participou do primeiro gol; outro fez um gol e deu passe para o outro; e o último definiu a vitória.

A derrota prejudica os planos do Internacional de vencer em casa e empatar fora, receita mágica para buscar o título. Mas mais grave que a derrota são as opções que Dorival Júnior tinha hoje no banco para tentar mudar as coisas. Mesmo com a volta de vários titulares, fica evidente que o Inter não tem reposição à altura. Somente Dátolo seria um bom reserva (isso se não for titular, e Dagoberto reserva), mas está machucado. Jajá e Gilberto estão muitos degraus abaixo dos titulares. Não o condeno de todo por chamar Elton quando o jogo estava 1 a 1: diante da falta de bons atacantes no banco, talvez o melhor fosse mesmo meter um volante a mais e evitar a derrota. Mas não deu tempo.

Em tempo:
- Público muito bom no Beira-Rio, considerando as circunstâncias climáticas e de condições do próprio estádio.

Campeonato Brasileiro 2012 - 5ª rodada
16/junho/2012
INTERNACIONAL 1 x BOTAFOGO 2
Local: Beira-Rio, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Paulo César Oliveira (SP)
Público: 15.116
Renda: R$ 227.480,00
Gols: Dagoberto 30 do 1º; Andrezinho 12 e Fellype Gabriel 26 do 2º
Cartão amarelo: Nei, Índio, Sandro Silva, Guiñazu, Lucas, Fábio Ferreira e Vítor Júnior
INTERNACIONAL: Muriel (5,5), Nei (5,5), Dalton (5,5), Índio (5) e Fabrício (4,5) (Jajá, 29 do 2º - sem nota); Sandro Silva (5) (Gilberto, 41 do 2º - sem nota), Guiñazu (5), D'Alessandro (4,5), Oscar (6) e Dagoberto (6); Leandro Damião (5,5). Técnico: Dorival Júnior
BOTAFOGO: Jefferson (5,5), Lucas (5), Brinner (6), Fábio Ferreira (5,5) e Lennon (5); Lucas Zen (6), Renato (6,5), Andrezinho (7,5) (Dória, 46 do 2º), Vítor Júnior (7) (Gabriel, 42 do 2º - sem nota) e Fellype Gabriel (6,5) (Maicosuel, 40 do 2º - sem nota); Herrera (4,5). Técnico: Oswaldo de Oliveira


Comentários

Vine disse…
Com essa história de fechamento do Beira-Rio, vai ter bom público até em dia de neve!

De toda forma, se a derrota não teve a mãe do Dorival, já está de bom tamanho. Como não acompanhei nada da partida, fica fácil achar que ele não tomou atitude nenhuma pra mudar o rumo do jogo.
Beth Fonseca disse…
Mas logo o Andrezinho.... Sempre gostei muito dele quando jogava no Inter.