O ferrolho do gringo
O resultado passou pelo Grêmio, mas também pelo Palmeiras. Luiz Felipe armou um ferrolho muito eficiente: dois zagueiros, Henrique à frente deles, Artur como um lateral que quase nunca avançava. Assim, bloqueava não só os lados, mas também o meio. Sua estratégia foi facilitada pela escolha equivocada de Luxemburgo por Kleber e Miralles: sim, o argentino vive bom momento, e sim, o Gladiador é o melhor jogador gremista. Mas um ataque baixo, diante desta montanha de defensores fortes, dificilmente obteria sucesso - não obteve mesmo. Ao menos um centroavante era item obrigatório para o Grêmio.
O Grêmio não conseguiu criar perigo quase nunca. Foi totalmente amordaçado. Gabriel nunca chega à linha de fundo, e Pará tem enormes dificuldades por conta do pé trocado. Souza e Léo Gago, que são quem fazem o trabalho de linha de fundo neste time, tinham passagem bloqueada pelo posicionamento de Marcos Assunção e João Vítor. Marco Antônio foi absolutamente nulo. Nem a bola levantada para a área funcionava, já que não havia centroavante. A única alternativa eram as bolas paradas. No fim do primeiro tempo, algumas quase entraram.
O panorama permaneceu o mesmo no segundo tempo. A etapa inicial acabou no momento certo para o Palmeiras, já que o Grêmio começava a ficar próximo do gol. Luxa ainda mexeu mal: colocou os dois centroavantes de uma vez só, quando o ideal seria manter Miralles, colocar Moreno e Rondinelly, e retirar Marco Antônio e Kleber. Só com Rondinelly o time criou perigo no segundo tempo. André Lima perdeu a chance. Antes, Barcos perdeu duas.
Todo o esforço palmeirense foi recompensado com uma bola, aos 41 minutos. Era tudo que o Palmeiras precisava. Rondinelly furou ao tentou concluir, Cicinho puxou contra-ataque e achou Mazinho livre na área. O segundo, de Barcos, foi uma falha coletiva, não só de Victor: de quem deixou Juninho cruzar, de quem deixou o argentino cabecear também. Foi consequência do primeiro. O Grêmio sentiu demais o gol de Mazinho.
O Palmeiras está praticamente na final, e deve isso a Luiz Felipe Scolari, um rei de copas, o grande estrategista desta excepcional vitória. Em apenas quatro oportunidades uma desvantagem deste tamanho aplicada por um visitante no jogo de ida foi desfeita na volta em 24 edições da Copa do Brasil. Luxemburgo pensou mal o jogo, mas avaliou bem depois: está muito difícil chegar à decisão, mas não se pode jogar no lixo um trabalho que vinha sendo consistente. Se for coerente com seu discurso, escala titulares no domingo, contra o Náutico, em Recife. Afinal, a prioridade agora será o Campeonato Brasileiro.
Copa do Brasil 2012 - Semifinal - Jogo de ida
13/junho/2012
GRÊMIO 0 x PALMEIRAS 2
Local: Olímpico Monumental, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Heber Roberto Lopes (PR)
Público: 45.535
Renda: R$ 1.080.106,00
Gols: Mazinho 41 e Barcos 45 do 2º
Cartão amarelo: Thiago Heleno, João Vítor e Marcos Assunção
GRÊMIO: Victor (4,5), Gabriel (4,5), Werley (4,5), Gilberto Silva (4) e Pará (5); Fernando (5,5), Souza (5,5), Léo Gago (4) e Marco Antônio (4) (Rondinelly, 30 do 2º - 5,5); Kleber (5) (André Lima, 16 do 2º - 5,5) e Miralles (5,5) (Marcelo Moreno, 16 do 2º - 5,5). Técnico: Vanderlei Luxemburgo
PALMEIRAS: Bruno (5,5), Artur (5,5) (Cicinho, 19 do 2º- 6), Thiago Heleno (6), Maurício Ramos (5,5) e Juninho (6,5); Henrique (7), Marcos Assunção (5,5), João Vítor (5,5) e Daniel Carvalho (4,5) (Mazinho, 40 do 2º - 6,5); Luan (6) e Barcos (7). Técnico: Luiz Felipe Scolari
Comentários
Mas concordo com tudo o que tu disse: a derrota hoje foi muito mais mérito do Felipão (que fez o que tinha que fazer, conhecendo o time que tinha) do que dos erros do Luxemburgo.
Em suma, Felipão mostrou hoje o quanto entende de mata-mata. Mas Luxa ajudou bastante.
Zezinho: Artur, Thiago Heleno, DANIEL CARVALHO, João Vítor, Luan... Não passou pelos jogadores o problema do Grêmio, que segue sendo melhor time que o Palmeiras.
O Palmeiras é pior? Sim. Mas quem propôs o jogo foi o Grêmio. E propôr jogo com essas ínguas não dá.
Fora os erros todos ditos aqui já pelo POFEXÔ e seus sabe Deus quantos mil dinheiros embolsados por mês pra fazer CAGADAS óbvias.
E outra: 'Gilberto Silva ajeitou a zaga do Grêmio'. Ouço e leio isso há 5 meses. Maior mentira. Se fosse o GROTTO, já teria sido mandado embora da Azenha
Só discordo em relação ao Gilberto Silva. Pra mim, vai fazendo um bom ano sim. Aliás, a zaga do Grêmio melhorou bastante nos últimos jogos, não sofria gols há quatro partidas. Mas claro, tomou dois no jogo que não podia.
Era jogo para 0x0
Fato. Por isso, terra arrasada é insanidade. Não se pode avaliar este 2 a 0 como se o Palmeiras tivesse sido muito superior ao Grêmio. Ver o resultado assim é se iludir.
No entanto, acho que o maior erro que o Grêmio poderá cometer é esquecer o jogo de domingo colocando reservas para tentar uma "guerra" em Barueri. Perderá ambas. Brasileirão não pode ser tratado com desdém, pois é a opção mais concreta de Libertadores, mesmo que faltem 34 rodadas.
O Palmeiras só foi ter 11 atletas em campo depois que o Daniel Carvalho deixou o gramado. Coincidência ou não, foi aí que "achou" os dois gols.
O pior é que Felipão sabe porque ganhou. http://www1.folha.uol.com.br/esporte/1104470-felipao-descarta-no-tatico-e-admite-sorte-contra-o-gremio.shtml
Se com a cabeça no lugar, já é difícil render, ansiosos torna-se impossível. Foi o que ocorreu.
Concordo em parte com Zezinho. Na hora decisiva, as carências acabam sendo o desempate, foi assim inúmeras vezes. Mas faltavam jogadores do outro lado também - e é aí que quem decide é treinador. Copa do Brasil é estratégia, uma série de pequenas decisões em dois jogos. Por isso que, com uns 20mins do segundo tempo, comecei a pensar comigo mesmo que o 0x0 era razoável - qualquer gol fora de casa classificaria, e o Grêmio tem plenas condições (mesmo agora) de fazer gol em Barueri. Não era caso de se jogar ao ataque, justamente porque não era fim da decisão, ainda tinha 90mins para disputar.
Discordo do Zezinho quanto a Gilberto Silva (titular natural com as peças que existem).
E qualquer esperança passa por fechar o primeiro tempo ganhando do Palmeiras, pelo placar que for. Porém, não se iludam: Felipão sofre gol e retranca Palmeiras sem constrangimento algum. Mesmo que saia gol gremista aos 30segs de jogo, não facilita nada na moral. É tarefa de Hércules.
O problema de Barueri é que o jogo será IGUAL ao de Porto Alegre: Grêmio tentando propor, Palmeiras fechadinho. Com o 0 a 0, isso não aconteceria. E aí as deficiências do Palmeiras ficariam mais claras.