MeGALOmania

Desta vez não teve negociação dupla, entrevistas coletivas aguardadas mas que não dizem nada, juras de amor a três clubes diferentes, leilão, caixas de som, ou qualquer coisa deste tipo. Ronaldinho, assim que soube do interesse do Atlético/MG, fechou com o clube. A ânsia é tanta que, antes mesmo de ser anunciado, ele já treinou com os companheiros no CT do Galo. Sintomático.

A pressa de Ronaldinho por jogar em Belo Horizonte nada tem a ver com o agradável clima da capital mineira, ou oamor ao novo clube, longe disso. É, antes, um indício de que nem mesmo ele (e Assis, sujeito oculto mas que sempre deve ser considerado) acreditava que pudesse conseguir ainda jogar em um time de primeira divisão depois do fiasco no Flamengo. É melhor fechar com o primeiro interessado antes que ele fique sem nada. Um pássaro na mão antes de dois voando, já dizia o velho dito popular.

Mas e o Atlético/MG? O que quer com Ronaldinho? A contratação deste quase ex-atleta acrescentará o que ao Galo? Negócio de ocasião? Ora, convenhamos! Em 2012, o Atlético/MG vinha fazendo tudo certinho: montou um bom time, mais barato e com pés no chão. Uma equipe formada de trás para frente, sem pensar em medalhões, com sistema tático consolidado, uma defesa cada vez mais sólida. Um time que foi campeão mineiro invicto, só perdeu um jogo até agora na temporada, começou bem o Brasileiro. Uma equipe difícil de ser batida. E que tinha bons jogadores tecnicamente, não precisava de qualquer "diferencial" neste sentido. Toda o planejamento é deixado de lado para uma nova megalomania, mais uma daquelas que quase rebaixaram a equipe em 2010 e 2011.

Se Ronaldinho ainda fosse este diferencial, ok. Mas não é. Com raras exceções a momentos pontuais no Milan em 2010 e no Flamengo em 2011, ele há muito tempo não decide coisa alguma. Custa caro, treina pouco, farreia muito. É desagregador. Vive de declarações vazias, embora suma nos momentos complicados - seja dentro de campo, seja em frente aos microfones.

E o time do Galo, como fica? Como Cuca acomodará em campo um jogador que será titular por decreto? Barrará Danilinho, Bernard, Escudero, Mancini, André? Quem sai para a entrada de Ronaldinho? Quantos volantes vão precisar entrar a mais na equipe para suprirem a correria que o novo contratado não fará na marcação?

Eu acreditava, sinceramente, que neste ano o Atlético/MG tinha tudo para fazer um ótimo Campeonato Brasileiro. Bem feito para mim.


Comentários

Igor Natusch disse…
O pior é que, se ele QUISESSE MESMO recuperar sua carreira, poderia ter no Atlético-MG uma série de elementos positivos para recomeçar. Está longe das badalações do RJ, em um plantel de boa qualidade, uma equipe com menos carga de cobrança (poucos acreditam realmente que o Atlético-MG possa ser campeão brasileiro, por ex) e tudo o mais. O problema é que duvido seriamente que ele queira qualquer coisa além de uma breve vitrine enquanto planeja um contrato mais vantajoso para o ano que vem, talvez nas Arábias ou algo do tipo. Da mesma forma, o Atlético-MG poderia se beneficiar muito de um Ronaldinho querendo jogar bola - e que clube não se beneficiaria? Pena que acho bem difícil acontecer.

A rapidez com que tudo foi acertado nos evidencia duas coisas: 1) que Assis e Ronaldinho temiam ficar sem clube por algum tempo e aceitaram a primeira proposta decente que surgiu e 2) que eles sabem que, depois da pataquada do ano passado, o mercado do jogador diminuiu sensivelmente no Brasil, de forma que não dá mais para fazer leilão.