De volta ao drama de 2004
Mais uma vez, a Itália não soube segurar a vantagem adquirida. Verdade que é o segundo jogo seguido onde os italianos enfrentam uma boa seleção - e a segunda onde realizam uma boa partida. Mas não tem sido suficiente. A Croácia, que derrotara com sobras a Irlanda na estreia, defendia-se bem. A partir dos 30 minutos, porém, os tetracampeões mundiais começaram a tomar conta do jogo. Pirlo, com sua incomparável categoria, conduzia a meia-cancha; Marchisio era envolvente; Cassano, sempre perigoso, embora impreciso nas conclusões.
Várias chances surgiram nos minutos finais até que Pirlo, cobrando com perfeição uma falta pelo lado esquerdo, abriu o placar. Mais que merecido. Jogando bem, com imposição, e uma defesa extremamente segura, a Itália parecia muito perto da vitória ali. Parecia.
A Croácia voltou melhor para o segundo tempo, com Modric mais solto, livrando-se da marcação e abastecendo os companheiros. Mas o ferrolho italiano, com De Rossi mais uma vez de líbero, era muito sólido. Buffon raramente praticava algo mais que meras intervenções. Mas faltava encaixar o contra-ataque. Balotelli, inoperante novamente, deixou o campo para a entrada de Di Natale, mas os croatas seguiam com muito mais posse de bola, e no ataque. Mandzukic empatou o jogo aos 26, aproveitando falha de Chiellini. Em 27 jogos pela seleção antes da Euro ele havia marcado apenas quatro gols. Nos primeiros dois jogos da competição, já fez três. Tem estrela, o rapaz. A Itália ainda tentou pressionar no fim, mas não obteve a vitória.
A possibilidade de cair novamente em um empate amigo assusta os italianos, mas acho difícil que a situação de 2004 se repita. A Espanha, campeã mundial, não precisa deste tipo de artifício para passar de fase, nem é tão pragmática a este ponto. Se vencer a Croácia, dá à Itália a chance de passar com uma simples vitória diante da eliminada Irlanda. Duas situações voltam a ocorrer, e parecem incorrigíveis: o regulamento da Euro dando brechas para este tipo de arranjamento e o desempenho sempre medonho da Itália na primeira fase de qualquer torneio grande que ela dispute. Da Copa de 2002 para cá, só no Mundial de 2006 não houve problemas nos jogos iniciais. Não foi à toa o título.
Mais tarde
Não vi nada sobre Espanha 4 x 0 Irlanda, mas uma coisa fica clara: a Fúria, com centroavante, rende bem mais. Se contra a Itália o time penava para chutar, com Torres a coisa ficou mais fácil. Má fase à parte (quem viu a Copa de 2006, a Euro 2008 e seus jogos pelo Liverpool sabe que não se trata de um perna-de-pau), ele ainda é artilheiro. Uma pena só para a geração de Given, Duff e Robbie Keane, que não merecia uma despedida tão lamentável dos palcos internacionais.
Eurocopa 2012 - Grupo C - 2ª rodada
14/junho/2012
ITÁLIA 1 x CROÁCIA 1
Local: Municipal, Poznan (POL)
Árbitro: Howard Webb (ING)
Público: 37.096
Gols: Pirlo 39 do 1º; Mandzukic 26 do 2º
Cartão amarelo: Thiago Motta, Montolivo e Schildenfeld
ITÁLIA: Buffon (6), Bonucci (6), De Rossi (5,5) e Chiellini (4,5); Maggio (6), Thiago Motta (5,5) (Montolivo, 17 do 2º - 5,5), Pirlo (7), Marchisio (6,5) e Giaccherini (5); Balotelli (4,5) (Di Natale, 24 do 2º - 5) e Cassano (5,5) (Giovinco, 37 do 2º - sem nota). Técnico: Cesare Prandelli
CROÁCIA: Pletikosa (7), Srna (6), Corluka (5,5), Schildenfeld (5,5) e Strnic (6,5); Rakitic (5,5), Vukojevic (5,5), Perisic (5,5) (Pranjic, 23 do 2º - 5,5) e Modric (6); Mandzukic (6,5) (Kranjcar, 48 do 2º - sem nota) e Jelavic (5) (Eduardo, 37 do 2º - sem nota). Técnico: Slaven Bilic
Comentários
E vamos combinar: o estilo italiano de jogar futebol está condenado. Pensei também no estilo holandês, mas aí exagerei um pouco...
Muitas vezes li e ouvi que não se usava o 3-5-2 mais na Europa - não aqui, claro. Daí a Itália volta a usá-lo. E não vejo os DETRATORES da cautela falando alguma coisa.