O Benfica merecia mais

Se ontem a crueldade foi com o Milan, hoje ela apareceu na vida do Benfica. O time português chegou a Stamford Bridge determinado a vencer o Chelsea e no mínimo devolver o 1 a 0 sofrido em Lisboa no jogo de ida para se classificar às semifinais da Liga dos Campeões, algo que não acontece desde 1990. Mas não deu. Parou nas quartas, como em 1995, 1997, 2006, 2007 e 2010.

O Benfica parecia jogar em casa. Sem se assustar com o campo inglês, tomou as rédeas da partida desde o início. Sua torcida, que devia ter pouco mais de 2 mil fanáticos, cantava muito mais alto que a dos donos da casa, em número cerca de 20 vezes maior. É verdade que, nos minutos iniciais, o controle era apenas territorial, e quem levava mais perigo eram os ingleses.

O Chelsea abriu o placar num pênalti extremamente discutível, mais uma coincidência com o jogo do Camp Nou. Mas o Benfica não desanimou. Aimar, 32 anos, mostrou porque o Grêmio e outros clubes brasileiros se interessam por seu futebol a cada janela: comandou a criação dos lusitanos com extrema inteligência e visão de jogo. Ao lado de Bruno César, dava arremates perigosos ao gol de Cech. Cardozo era outro jogador de habilidade que incomodava. O Benfica, porém, raramente invadiu a área do Chelsea. A marcação inglesa neutralizava bem os portugueses neste sentido.

A expulsão de Maxi Pereira foi dada por muitos como o fim do confronto. O Benfica perdia ali seu capitão e uma arma importante no apoio pela direita. Mas as águias não se abalaram. O segundo tempo teve ainda mais intensidade do time visitante. Eram 10 jogos que se multiplicavam, faziam de tudo para empatar, e ainda depois ter que correr atrás de mais um para se classificar. O Chelsea teve suas chances. Kalou, por exemplo, perdeu algumas, até de frente para o goleiro.

O empate benfiquista veio na bola parada, com Javi García, aos 39. Merecidíssimo, e ainda dava tempo para a virada heroica. Como era tudo ou nada, o Benfica seguiu fazendo o que estava executando desde que levara o 1 a 0: ia com tudo para cima, arriscava sua pele com um homem a menos, para ao menos não dizer que não buscou a felicidade. Quando a pressão era mais intensa, veio o contra-ataque fatal puxado e concluído por Raul Meireles, ex-Porto: 2 a 1. Chelsea classificadíssimo.

O Chelsea tende a ser um rival menos duro para o Barcelona do que foi o Milan. Apesar disso, este confronto tem história recente de equilíbrio na Liga dos Campeões. O Real Madrid, que fez 5 a 2 no bravíssimo Apoel, terá mais dificuldades que o rival: pega o Bayern München, outro que o andou eliminando em dias não tão distantes. Agora, só ficou bicho grande na Champions. São cinco jogos para conhecermos o campeão europeu da temporada. E que cinco jogos, amigos!

Em tempo:
- Fernando Torres já foi um grande centroavante. O considerei o melhor do mundo ali por 2006 ou 2007. Hoje, seria tranquilamente reserva de André Lima ou Jô.

CHELSEA (2): Cech; Ivanovic, David Luiz, Terry (Cahill) e Ashley Cole; Mikel, Ramires e Lampard; Mata (Raul Meireles), Torres (Drogba) e Kalou.
Técnico: Roberto di Matteo
BENFICA (1): Artur; Maxi Pereira, Émerson, Javi García e Capdevila; Witsel, Matic, Bruno César (Rodrigo), Aimar e Gaitán (Djaló); Cardozo (Nélson Oliveira).
Técnico: Jorge Jesus

Liga dos Campeões da UEFA 2011/12 - Quartas de Final - Jogo de volta
Local: Stamford Bridge, Londres (Inglaterra); Árbitro: Damir Skomina (Eslovênia); Público: 37.624; Gols: Lampard (pênalti) 20 do 1º; Javi García 39 e Raul Meireles 46 do 2º; Cartão amarelo: Ivanovic, Mikel, Ramires, Aimar, Bruno César e Cardozo; Expulsão: Maxi Pereira

PRÓXIMOS JOGOS
Chelsea x Wigan - Inglês - sábado, 07/04, 11h - Stamford Bridge, Londres (Inglaterra)
Sporting x Benfica - Português - segunda-feira, 09/04, 16h15 - José Alvalade, Lisboa (Portugal)


Comentários

Vine disse…
Cara, se o Torres lê o que tu escreveu da atual situação, certamente se suicidaria. Não que seja mentira, mas foi um sarcasmo violento. auheuaehuaehauehauehaeu
Vicente Fonseca disse…
Pode soar sarcástico, mas é verdade, Vine. Não tem jogado absolutamente nada desde que se lesionou antes da Copa de 2010.